O sétimo câncer mais letal no Brasil
Por ser uma doença de difícil detecção e comportamento agressivo, o câncer de pâncreas figura entre os cânceres mais letais no Brasil, ocupando a sétima posição, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Para se ter uma ideia, atribui-se ao câncer de pâncreas 5% das mortes causadas por tumores, apesar de ser responsável por 1% dos diagnósticos da doença no país.
Recentemente, o jornalista Léo Batista, de 94 anos, foi vítima do câncer de pâncreas. Ele morreu em janeiro após lutar contra o tumor, descoberto após o apresentador e locutor da TV Globo ter sido internado no início do mês por conta de um quadro de dores abdominais e desidratação. Ele também sofreu complicações decorrentes de um quadro de trombose.
Mas comprovando a máxima de que “enquanto há vida, há esperança”, muitos pacientes também passam pela doença e conseguem se recuperar.
No último dia 26 de fevereiro, Virgílio Ferreira, pai do empresário e blogueiro Carlinhos Maia, realizou sua última sessão de quimioterapia. Ele também foi diagnosticado com a doença.
Hoje é a última quimioterapia do meu pai. É a última! Acabou! Entendeu? O velhinho venceu, graças a Deus”, disse o influenciador nas redes sociais, mantendo o otimismo.
Doença com prognóstico ruim, na maioria dos casos
O câncer de pâncreas é um tipo de neoplasia que acontece, como o próprio nome diz, no pâncreas, quando há uma replicação celular desordenada, gerando um tumor que pode se disseminar, se espalhar pelo corpo, o que é chamado de metástase”, diz o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, Pós-Doutor clínico no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra) e pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra).
Segundo o especialista, infelizmente, trata-se de uma doença com prognóstico ruim, na maioria dos casos. “Especialmente na doença metastática, a sobrevida é curta, podendo variar, em média, de 6 a 11 meses de vida, dependendo do tipo de tratamento que é realizado. Mas, caso seja operável, o câncer de pâncreas apresenta um diagnóstico melhor”, destaca o especialista.
Com diagnóstico precoce, a taxa de sobrevida em cinco anos dos pacientes com câncer de pâncreas é de 44%, segundo o levantamento SEER (Surveillance, Epidemiology, and End Results Program) do NCI. Mas a doença é difícil de ser diagnosticada na fase precoce, por isso, o rastreio regular é fundamental, principalmente para pacientes com fatores de risco.
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Sete em cada dez casos de câncer de pâncreas ocorrem a partir dos 65 anos
Quase sete em cada dez pacientes (68%) dos tumores pancreáticos malignos são diagnosticados a partir dos 65 anos. Quando somados com a faixa de 55 a 64 anos, os casos representam 90% de toda a incidência da doença, de acordo com o National Cancer Institute (NCI), dos Estados Unidos.
Além da idade, os demais fatores de risco para tumores pancreáticos são tabagismo, obesidade e alto consumo de carne vermelha e bebidas alcoólicas e e, muitas vezes, aqueles pacientes que têm diabetes tipo 2 ou pancreatite crônica.
Em geral, os sintomas iniciais são inespecíficos, como fadiga, perda de peso, dor abdominal, olhos e pele amarelados (icterícia), náuseas e dores nas costas. “Todos esses sinais podem sugerir a presença de um câncer de pâncreas”, ressalta.
Para reduzir os riscos é importante manter uma alimentação equilibrada e praticar atividades físicas regularmente. “Além disso, pessoas com histórico familiar da doença devem consultar um médico para avaliação preventiva”, ressalta o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
Como diagnosticar o câncer de pâncreas
Não há um exame de rastreamento eficaz para detectar precocemente o câncer de pâncreas, tornando essencial a atenção aos fatores de risco, como tabagismo, obesidade e histórico familiar. “Pacientes que desenvolvem diabetes de forma inesperada em idade avançada ou que apresentam piora inexplicada no controle da glicemia devem ser avaliados para descartar a presença da doença”, explica Dr. Pinheiro.
Exames de imagem, como tomografia computadorizada e ressonância magnética, podem auxiliar no diagnóstico precoce em grupos de alto risco. De acordo com o Dr. Ramon, o diagnóstico geralmente é realizado a partir de uma tomografia que aponta a presença de uma massa no pâncreas que tem uma sugestão de malignidade. “Eventualmente, em alguns serviços, temos disponível também a ressonância magnética, que consegue visualizar melhor as estruturas dessa região”, acrescenta.
Mas o diagnóstico se confirma mesmo por meio da biópsia feita através de uma exame chamado CPRE – colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, que combina endoscopia e radiografia. Uma vez diagnosticada a doença, o médico poderá recomendar o tratamento mais adequado para cada caso.
Como é o tratamento?
Em relação ao tratamento, é necessário fazer uma análise criteriosa sobre o estágio da doença, da localização do tumor, da saúde geral do paciente e de outros fatores biológicos. A cirurgia costuma ser o tratamento mais eficaz.
Existem dois tipos de abordagens possíveis para o pâncreas: a cirurgia potencialmente curativa, realizada em estágios iniciais, indicada em cerca de 20% dos casos e a cirurgia paliativa, realizada quando a doença está disseminada, com o objetivo de aliviar os sintomas e prevenir complicações”, explica Dr Pinheiro.
Além disso, outros tratamentos não-cirúrgicos, indicados caso a caso, também contribuem para aumentar a sobrevida dos pacientes, como a quimioterapia e a radioterapia.
A partir dos exames, o profissional poderá definir se trata-se de uma doença operável ou não. Caso seja operável, a cirurgia pode ser indicada. Outra opção é a realização de quimioterapia seguida de cirurgia e, posteriormente, retornamos com a quimioterapia. Por sua vez, se a doença já estiver disseminada pelo organismo, a quimioterapia é usada isoladamente”, detalha o médico.
Com Agência Brasil e Assessorias