O leite humano é inquestionavelmente o alimento mais adequado para o bebê. A Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde recomendam que os bebês sejam amamentados exclusivamente com o leite materno, desde a sala de parto, de forma exclusiva e em livre demanda, até os seis meses de idade. Depois desse período, o bebê deve começar a receber alimentação complementar juntamente com o aleitamento materno, que deve ser mantido até os 2 anos ou mais.
Além de hidratar, nutrir e sustentar, o leite materno é totalmente acessível e reduz em até 20% a mortalidade dos recém-nascidos. Estudos apontam que a ingestão do leite humano nos primeiros meses de vida tem efeitos benéficos para a nossa saúde que nos acompanham da infância à vida adulta. A composição do leite materno é perfeita para o desenvolvimento sadio das crianças, além de ajudar na prevenção de doenças e infecções.
Para a nutricionista Cristina Techy Roth Stefanski, do Banco de Leite do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), não há dúvidas de que o leite materno é o padrão ouro da alimentação para os lactentes. “A composição é elaborada para fornecer a energia e os nutrientes necessários nas quantidades adequadas, contendo fatores que fornecem proteção contra certas infecções bacterianas e diarreia”, destaca.
O leite humano possui benefícios de ordem nutricional, pois contém vitaminas, minerais como cálcio, ferro, fósforo, sódio, açúcar, proteínas, gordura e água na quantidade certa para o bebê, além de ser de fácil digestão e benefícios imunológicos, já que imuniza o bebê contra resfriados, gripes, pneumonias, otite, doenças de pele, cólera e reduz risco de alergias.
Benefícios para mãe e bebê
Para a médica da família e pediatra Milen Mercaldo, do Hospital Anchieta de Brasília, são indiscutíveis os benefícios fisiológicos, psicológicos e sócio-econômico-culturais da prática do aleitamento materno para mãe/bebê. “Amamentar também traz vantagens para a mãe, pois ajuda o útero a recuperar seu tamanho normal, o que reduz o risco de hemorragia, auxilia na redução do peso, diminui as perdas de ferro, reduz o risco de câncer de mama e de ovário e reduz as chances de depressão pós-parto”.
Especialistas também concordam que o ato de amamentar constrói laços de segurança e amor entre mãe e filho, com reflexos na estrutura psicológica da pessoa para toda a vida. “Também intensifica o vínculo afetivo entre mãe e filho, o que ajuda no desenvolvimento das habilidades psicomotoras e da inteligência, além do benefício em relação ao custo, já que o aleitamento materno não onera as despesas”, acrescenta a nutricionista Cristina.
Mais qualidade de vida para famílias e o planeta
Em média, um bebê saudável mama de 8 a 12 vezes por dia, mas isso não é uma regra. Segundo Cristina, o aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, uma vez que crianças amamentadas necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e situações estressantes.
Segundo Rosane da Silva, enfermeira responsável pelo Banco de Leite Humano do HUEM, além de o leite materno ser um alimento completo, a mama é uma embalagem não descartável, o que previne a poluição ao diminuir a geração de lixo. “Um bebê mama em média mais de mil mamadeiras no primeiro ano de vida. Ao amamentar no peito existe economia de fósforo, gás, detergente, água, esponjas e escovas para lavar a mamadeira”, destaca.
Somado aos relatos de Rosane, há economia também, pois caixas de papelão produzidas para embalar as mamadeiras e leites, latas de leites artificiais e as próprias mamadeiras de plástico e seus bicos de borracha são materiais de decomposição lenta. Reduzir o consumo destes materiais impacta positivamente na redução da contaminação da água e do solo.
Benefícios da amamentação aos prematuros
“Na realidade, quando se trata de prematuros, é comum a diminuição ou falta dos reflexos de sucção e deglutição, mas é perfeitamente possível seu desenvolvimento e, desta maneira, a manutenção da amamentação através do apoio à mãe, cuidados a ambos e orientações específicas”, conta.
E não é preciso se preocupar com a produção de leite também. Afinal, o volume a ser consumido é proporcional ao tamanho do bebê. Por isso, a mamãe deve ser orientada a estimular a mama e iniciar a ordenha para manter a produção de leite. “Ela pode fazer isso por, aproximadamente, oito vezes ao dia, com uma bomba extratora ou mesmo com as mãos. É importante não ficar mais de seis horas sem ordenhar para não empedrar o leite”, indica.