O Dia Mundial de Combate à Aids, celebrado nesta sexta-feira (1/12), e o Dezembro Vermelho – mês de conscientização sobre o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) – coloca em evidência nas redes sociais inúmeras campanhas para incentivar o uso de preservativos. Mas na hora da relação sexual, muitos homens preferem não usar a camisinha e alegam diversos motivos. Um deles é o tamanho do ‘documento’. Mas será mesmo que dá pra não usar camisinha na “hora H”?

Para satirizar esses homens que não se cuidam e expõem suas parceiras e parceiros, a ex-Miss Bumbum Carol Lekker aproveitou a data para divertir seus mais de 350 mil seguidores ao cobrir parte da sua cabeça com um saco plástico para provar que é possível sim usar a camisinha em qualquer situação, independentemente do tamanho do órgão.

“Ei, você… Se algum homem tentar dar uma ‘volta’ dizendo que não consegue colocar a camisinha na hora H por qualquer motivo, você pode fazer isso aqui. Não tem como continuar defendendo um discurso como esse em pleno 2023. O preservativo é um método contraceptivo que, além de evitar uma gravidez indesejada, tem a função de proteger Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), como a infecção pelo vírus HIV. Hoje é o Dia Mundial de Combate à AIDS e a luta continua para todos nós”, escreveu a influencer em seu Instagram.

Lekker também ficou conhecida internacionalmente por testar homens infiéis, optou por “alfinetar” alguns homens que insistem em não usar preservativo durante a relação sexual com as suas parceiras. Preocupada com os perigos que envolvem o vírus e a importância de abordar o tema para pessoas que não têm acesso, ela preferiu utilizar o humor nas suas redes sociais.

“Eu mesma já cansei de ouvir de alguns homens que eles não conseguiam usar porque não era grande o suficiente ou que o incomodavam por algum motivo”, é claro que eu ignorava qualquer justificativa como essas e não cediam a essas ‘chantagens veladas’”, declarou.

Carol Lekker afirma que continuará fortalecendo essa conscientização por meio da sua influência digital. “Esta é uma causa super importante e pode salvar vidas, precisamos enxergar o vírus como um problema de saúde global. Enquanto eu tiver a influência, vou fazendo a minha parte e conto com as pessoas que me acompanham para fazer o mesmo”, concluiu.

64% da população não usam preservativos

A resistência a usar camisinha confirma dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), divulgada em 2021, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento revelou que, 64% da população não usam preservativos na relação sexual e 33% dos brasileiros já mantiveram relação sem camisinha fora do relacionamento.

Entre 40 e 44 anos, 72% apontaram não ter o costume de usar camisinha. Já dos 25 aos 29 anos, 68% explicaram não fazer essa utilização. Das pessoas com 18 anos de idade ou mais que tiveram relação sexual nos 12 meses anteriores à data da entrevista, apenas 22,8% relataram usar preservativo em todas as relações sexuais. Outras 17,1% afirmaram usar às vezes e 59% dos entrevistados, nenhuma vez.

A pesquisa também traz percentuais de adesão ao uso de camisinha por unidade da federação. No Distrito Federal 52% dos participantes têm o hábito de usar preservativo. No Ceará, o percentual cai para 43% e no Rio de Janeiro, para apenas 32%. Em Minas Gerais, esse número foi de 29% e, no Rio Grande do Norte, somente 15%.

  • “A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana é transmitida principalmente pela via sexual, relações sexuais desprotegidas, por isso é importante lembrar do uso de preservativo, em todas as formas de relações”, afirma a médica ginecologista Zoila Medina,  do Centro de Referência em Saúde da Mulher. e conselheira fiscal da Associação, Mulher, Ciência e Reprodução Humana no Brasil (AMCR).

    1 milhão de brasileiros com diagnóstico de IST

O estudo também apontou que 92% dos entrevistados têm ciência de que o preservativo evita as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). No entanto, aproximadamente 1 milhão de pessoas afirmaram ter diagnóstico médico de IST ao longo de 2019, correspondendo a 0,6% da população com 18 anos de idade ou mais.

Isso pode revelar que os jovens vêm se preocupando menos com a possibilidade de contrair uma IST e mais com as chances de uma gravidez indesejada. Isso pode explicar por que a taxa de transmissão do vírus no Brasil cresceu 21%, enquanto sofreu queda de 16% em todo o mundo, como mostrou levantamento o Unaids – programa das Nações Unidas para HIV/Aids, entre 2010 e 2018.

Os dados chamam ainda mais atenção na semana dedicada ao Dia Mundial de Combate à Aids (1º de dezembro), mostrando que a doença continua sendo um problema de saúde global, apesar de avanços importantes na prevenção, tratamento e diminuição da mortalidade.

  • “Atualmente, existem muitos tipos de anticoncepcionais capazes de fornecer um planejamento familiar, mas uma gestação não é a única consequência que se pode adquirir depois de uma relação sexual. Nesses casos, o preservativo é o único método capaz de evitar a transmissão de um vírus e/ou doença”, diz Luciana Persoli, diretora da DKT South America – detentora das marcas Prudence, Sutra, Andalan e AMIU –

    Além do foco no planejamento familiar, a empresa promove a conscientização sobre os cuidados e prevenção para o HIV/AIDS por meio de ações durante todo o ano que beneficiam a causa e ajuda organizações sem fins lucrativos que também abraçam o tema. Para o Dia Mundial de Combate à Aids, as marcas do grupo abrem doações, fornecem insumos e materiais para impulsionar testes gratuitos de ISTs.

O que são infecções sexualmente transmissíveis?

As ISTs – antigamente chamadas de doenças sexualmente transmissíveis – são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos, sendo transmitidas, principalmente, por meio de relações sexuais, sejam elas, oral, vaginal ou anal, sem o uso do preservativo, caso um dos parceiros esteja infectado.

A infecção é transmitida pelo contato de mucosas ou pele não íntegra com secreções corporais contaminadas. Além disso, para alguns agentes infecciosos, a transmissão também pode ocorrer da mãe para a criança durante a gestação, parto ou amamentação.

O uso da camisinha externa ou interna, em todas as relações sexuais, é o método mais eficaz para proteção contra o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis. O Ministério da Saúde reforça que preservativos podem ser retirados gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde.

Existem vários tipos de IST. As mais conhecidas são:

  • Sífilis

A sífilis adquirida é uma infecção transmitida por relações sexuais sem o uso da camisinha. A sífilis congênita é passada da gestante para o bebê durante a gravidez ou no momento do parto. É uma IST curável. Os sinais e sintomas variam de acordo com cada estágio da doença. O teste rápido de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS.

  • HPV

HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é o nome dado a um grupo de mais de 200 tipos de vírus que são capazes de infectar tanto a pele quanto a mucosa oral, genital e anal. A vacinação é uma opção segura e eficaz de prevenção e é oferecida gratuitamente pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos, além de mulheres e homens de 15 a 45 anos vivendo com HIV/aids, transplantados e pacientes oncológicos.

  • Herpes genital

A transmissão geralmente acontece pelo contato direto com a pessoa infectada e, embora os tipos de vírus possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, eles geralmente se comportam da seguinte forma:

O tipo 1 é responsável pelo herpes facial, com manifestações, principalmente, na região da boca, nariz e olhos.

O tipo 2 geralmente acomete a região genital, ânus e nádegas. Muitas pessoas que adquirem a infecção por HSV nunca desenvolverão manifestações, mas entre 13% e 37% da população apresentam sintomas.

  • Gonorreia

A infecção é uma das principais causas de Doença Inflamatória Pélvica (DIP) e infertilidade em mulheres. Durante a gravidez, pode causar danos permanentes à saúde do bebê, dentre outras consequências. Segundo relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022, a gonorreia já apresentou resistência aos antibióticos pelo menos 15% maior em comparação as mesmas taxas analisadas de 2017.

  • Clamídia

Assim como a gonorreia, a clamídia possui as mesmas formas de transmissão e também pode ser causadora da DIP, infertilidade e problemas durante a gestação. Pode afetar homens e mulheres com vida sexual ativa. A maioria dos casos não apresenta sintomas (em torno de 70% a 80% das situações).

  • Infecção pelo HTLV

O HTLV também é uma IST que, na maioria dos casos, pode ser silenciosa, mas quando manifestada, pode causar mielopatia, doença neurológica degenerativa grave ou leucemia das células T, um câncer agressivo que pode ser fatal. No Brasil, a estimativa é de que entre 800 mil e 2,5 milhões de pessoas vivam com o vírus, mas é possível que esse número seja ainda maior, já que muitas vezes o diagnóstico só acontece durante a doação de sangue.

  • Tricomoníase

A infecção pode ser assintomática, mas quando manifestada, pode causar dor durante as relações e ao urinar, além de sensibilidade, produção de secreção e até pus. Segundo a OMS, em 2020 foram registrados 374 milhões de casos das três IST mais recorrentes na população mundial, entre elas, a tricomoíase, que é a IST curável mais comum no mundo.

  • HIV/aids

O vírus HIV, causador da aids, ataca o sistema imunológico, responsável por defender o organismo de doenças. Quando não tratada, a aids pode levar à morte. Atualmente, cerca de um milhão de pessoas vivem com HIV no Brasil.

  • Hepatites B e C

A Hepatite B é um dos cinco tipos de hepatite existentes no Brasil. Na maioria das vezes, não apresenta sintomas e é diagnosticada décadas após a infecção, quando começam a surgir sinais relacionados a doenças do fígado. O vírus da Hepatite B está atrelado a mais de 21% das mortes relacionadas às hepatites entre 2000 e 2017. A hepatite C também atinge o fígado e em 60% a 85% das vezes a doença se torna crônica. Em aproximadamente 20% ela evolui para cirrose ao longo do tempo.

Sintomas

As infecções sexualmente transmissíveis aparecem, principalmente, no órgão genital, mas também podem surgir em outras partes do corpo, como palma das mãos, olhos ou língua. Elas podem se manifestar por meio de feridas, corrimentos e verrugas anogenitais, entre outros possíveis sintomas, como dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aumento de ínguas.

Observar o corpo durante a higiene pessoal pode ajudar a identificar uma IST no estágio inicial. Sempre que alguma alteração for identificada, o serviço de saúde deve ser procurado, independentemente de quando foi a última relação sexual.

O Ministério da Saúde ressalta a importância da realização de testes para diagnóstico precoce, principalmente se houver relação sexual desprotegida, pois algumas IST podem não apresentar sinais e sintomas.

Prevenção combinada

A prevenção combinada associa diferentes ações de prevenção ao HIV, às IST e às hepatites virais. Usar preservativo nas relações sexuais é um importante método de prevenção, mas pode e deve ser combinado com outros, como:

  • Testagem regular para o HIV, outras IST e hepatites virais;
  • Tratamento das IST, do HIV/aids e das hepatites virais;
  • Vacinação para as hepatites A e B, e HPV;
  • Profilaxia pré-exposição (PrEP); e
  • Profilaxia pós-exposição (PEP).

Essas ações podem estar combinadas de acordo com as características individuais e o momento de vida de cada pessoa.

Com informações de Assessorias e do Ministério da Saúde

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