Por Zoila Medina*

Em um mundo marcado por avanços significativos na área da saúde, a Aids ainda persiste como um desafio global no século XXI. Atualmente, a doença continua a ser uma preocupação de saúde global, apesar dos notáveis avanços em prevenção, tratamento e na redução da mortalidade associada à infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). 

É importante ressaltar que a transmissão predominante ocorre principalmente por vias sexuais, destacando a importância do uso de preservativos em todas as formas de relações íntimas.

Mas, além dessa forma, práticas como o compartilhamento de agulhas e o uso de drogas injetáveis permanecem como um fatores de risco, destacando a necessidade contínua de programas de redução de danos e conscientização. A transmissão vertical, na qual uma mãe infectada pode transmitir o vírus durante a gravidez, parto ou amamentação, também representa outro desafio, enfatizando a importância da vigilância pré-natal precoce, idealmente a partir do desejo gestacional. 

Instrumentos e produtos contaminados, assim como procedimentos médicos ou de beleza não esterilizados, também fontes potenciais de infecção, ressaltando a importância da implementação de práticas rigorosas de higiene em diversos contextos. 

Apesar da raridade das transmissões sanguíneas devido aos avanços nos testes rotineiros, o acesso universal aos serviços de saúde, prevenção e diagnóstico precoce permanecem desafios prementes. Algumas medidas e comportamentos que podem prevenir a transmissão do vírus são:

1. Uso correto de preservativos em todas as relações sexuais vaginal, oral ou anal;

2. Acesso a estratégias de prevenção conhecidas como PrEP e PEP.  A primeira é o uso de medicamentos antirretrovirais em pessoas soronegativas que se expõem a situações de risco. A segunda é uma medida de emergência na qual se faz o uso de medicamentos antirretrovirais após exposição;

3. Testagem regular;

4. Redução de parceiros sexuais ou contatos de risco;

5. Acesso aos serviços médicos de forma precoce durante a gravidez parto e puerpério.

Por mais conscientização da população

O progresso no diagnóstico precoce e no tratamento efetivo tem sido notável, mas a jornada rumo ao controle efetivo da AIDS está longe de ser concluída. O acesso universal aos serviços de saúde, a promoção da prevenção e a detecção precoce continuam a ser metas cruciais para alcançar um mundo com uma presença menos ativa da doença.

A conscientização da população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento efetivo é fundamental para enfrentar a estigmatização associada à doença. As empresas também precisam refletir sobre a necessidade de compartilhar informações sobre o tema e promover a conscientização sobre os cuidados e prevenção para o HIV/AIDS

Com a união das corporações, população, terceiro setor e saúde pública, é possível realizar trocas de conhecimentos e passar para frente informações sobre o HIV e a AIDS, além de fornecer informações sobre os avanços médicos que estão acontecendo ao redor do mundo. 

dia 1º de dezembro é marcado por ser o Dia Mundial de Combate à AIDS e nesta data é crucial refletir sobre a trajetória do vírus HIV e reconhecer as conquistas alcançadas, bem como os desafios que persistem. É fundamental unirmos esforços para superar os desafios remanescentes e garantir um futuro mais saudável para todos.

*Médica ginecologista pelo Centro de Referência em Saúde da Mulher, Hospital Pérola Byington e especialista em Reprodução Humana pela Febrasgo, pós-graduada no Instituto de Ensino e Pesquisa em Medicina Reprodutiva de São Paulo. Atua como conselheira fiscal da AMCR (Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana no Brasil)

HIV: estigma e desinformação são os maiores desafios

Por Lauren Carey*

Desde os primeiros casos de HIV notificados no início da década de 1980, evoluímos notavelmente no que diz respeito ao conhecimento da doença, formas de diagnóstico e tratamentos. Em 2019, de acordo com o Unaids, quase 59% das pessoas vivendo com HIV no mundo tinham cargas virais suprimidas, indicando que ainda temos muitos desafios a serem superados.

As pessoas que vivem com HIV querem ter cada vez mais perspectivas de um futuro com qualidade de vida. Por isso, nossa atuação precisa ser fortalecida a cada ano, seja investindo em pesquisas e novas terapias para prevenção e tratamento do vírus, seja trabalhando de forma colaborativa com a comunidade, profissionais de saúde e organizações não governamentais.

Trabalhar de forma colaborativa com associações e grupos que atuam em prol do combate ao HIV e, também, que auxiliam e acolhem pessoas que convivem ou que acabaram de descobrir o vírus é fundamental, principalmente, levando informações relevantes e confiáveis. Materiais que abordam temas como educação sobre HIV, prevenção, tratamento e qualidade de vida auxiliam pessoas que convivem com essa realidade e são importantes para minimizar o estigma relacionado ao HIV.

Combater o estigma e a desinformação é extremamente fundamental para que mais pessoas busquem o diagnóstico e iniciem o tratamento o quanto antes. Para se ter uma ideia da importância do combate ao estigma, é preciso olhar para os números. A última pesquisa do Unaids mostrou que cerca 5,9 milhões de pessoas desconhecem ter o vírus. E muito desse desconhecimento decorre do medo de fazer o teste e receber um diagnóstico positivo.

As pessoas precisam se sentir seguras para iniciar e continuar o tratamento. Essa abordagem é fundamental, inclusive, para seguirmos em frente e tentarmos acabar com a epidemia de AIDS no mundo. Por isso, apostamos não só no desenvolvimento de tratamentos cada vez mais inovadores, mas também temos trabalhado com profissionais de saúde e, também, associações de doentes para incentivar a partilha de informação sobre a doença, diagnósticos e tratamentos para melhorar a vida dos doentes.

Levamos muito a sério ouvir as pessoas que vivem com HIV e escutar as pessoas em sua rede de apoio. Estamos sempre operando de forma inclusiva porque precisamos entender o que os indivíduos precisam à medida que evoluem em suas jornadas específicas.

Além de ouvir as necessidades dos pacientes e de quem trabalha para eles, apoiamos e investimos em ciência e tecnologia, sempre com o intuito de oferecer terapias inovadoras que aumentem a qualidade de vida, sem perder de vista a simplificação do tratamento.

Mesmo no Brasil, temos trabalhado em um modelo colaborativo. Um exemplo é a parceria estratégica para transferência de tecnologia por meio de uma aliança inédita com a Fiocruz para a produção local de antirretrovirais, conferindo maior autonomia ao país e fortalecendo o avanço da ciência.O Brasil é um mercado estratégico e fundamental. O país, referência na oferta terapêutica a pacientes, tem um longo histórico de atuação proativa no combate à doença. Iniciativas locais importantes têm possibilitado excelente acesso a tratamentos antirretrovirais para brasileiros com HIV.

 

É reconfortante saber que, no Brasil, as pessoas diagnosticadas com o vírus recebem tratamento gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dados mais recentes do Ministério da Saúde, apresentados no congresso Hepatoaids 2023, mostram que aproximadamente 1 milhão de pessoas vivem com HIV no Brasil e 730 mil pacientes estão sendo tratados com antirretrovirais.

Os esforços e investimentos não podem parar. E o apoio à ciência precisa ser constante. O HIV precisa continuar a ser combatido, assim como o estigma.

*Vice-presidente e Head de Regiões Internacionais da ViiV Healthcare

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