Considerada uma das doenças mais antigas conhecida pela humanidade, a hanseníase ainda é um desafio de saúde pública no país. Apesar de ter cura, essa doença tropical negligenciada continua afetando muitas pessoas. Buscando conscientizar a população, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) é uma das grandes apoiadoras do Janeiro Roxo, campanha nacional focada no incentivo do diagnóstico precoce e combate à doença no Brasil. Durante todo o mês, diversas ações são realizadas para marcar o Dia Nacional de Combate e Prevenção à Hanseníase, celebrado sempre no último domingo de janeiro.
Essa é uma doença infectocontagiosa de evolução crônica, que se manifesta por lesões na pele e sintomas neurológicos, como perda de sensibilidade e fraqueza nos pés e mãos. Causada por um bacilo, se propaga por meio do contato próximo e prolongado com pessoas infectadas. O diagnóstico e o tratamento demandam uma avaliação clínica detalhada, além da capacitação do médico e da equipe de saúde envolvida no cuidado desses pacientes. Nosso objetivo é mostrar à população que quando tratada precocemente, a cura é possível, caso contrário, a doença pode resultar em sequelas e deformidades físicas”, explica a secretária geral da SBD, Regina Carneiro.
No Brasil, o tratamento é oferecido de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e pode ser realizado em casa. Entre os sinais e sintomas, destacam-se entre elas manchas na pele de coloração variável, que pode serclara, rósea ou avermelhada, com perda de sensibilidade ao calor, frio, dor e/ou tato. Também podem surgir “caroços”, dormências, fraqueza, inchaços nas extremidades, formigamento e sensação de choque nos membros, além de problemas na via respiratória alta e nos olhos.
O dermatologista desempenha um papel essencial no diagnóstico e tratamento da hanseníase. Esse profissional realiza a avaliação clínica, executa testes de sensibilidade e acompanha o funcionamento dos nervos periféricos. Também é o profissional responsável por solicitar exames laboratoriais ou realizar biópsias dapele quando necessário”, esclarece Carla Andréa Avelar Pires, coordenadora do Departamento de Hanseníase da SBD.
A transmissão do bacilo causador desta doença ocorre por via respiratória e o contato prolongado com pacientes ainda não tratados aumenta o risco de contágio. Sendo assim, familiares e pessoas em contato estreito com esses pacientes são mais vulneráveis e precisam ser avaliados para um possível diagnóstico precoce da hanseníase. Vale destacar, ainda, que embora todos possam ser expostos ao bacilo, a maioria das pessoas possui uma resistência natural, não desenvolvendo a doença.
O contágio acontece por meio de pequenas gotículas respiratórias, que podem ser expelidas pelo paciente infectado. Quando o bacilo entra no organismo, inicia-se uma batalha com o sistema imunológico, e o período de incubação pode variar de dois a sete anos”, explica a dermatologista Carla Andréa Avelar Pires.
Leia mais
Hanseníase: estigma do passado prejudica o tratamento
Hanseníase: assim que inicia tratamento, paciente deixa de transmitir
Pessoa com hanseníase não precisa ser isolada, diz dermatologista
Desafios e números
Em 2022, o mundo registrou 174.087 novos casos de hanseníase, o que resultou em uma taxa de detecção de 21,8 casos por 1 milhão de habitantes. Índia, Brasil e Indonésia foram os países com os maiores números de casos novos, cada um ultrapassando a marca de 10 mil registros.
O Brasil segue ocupando a segunda posição global em termos de novos casos, o que o coloca na lista de países prioritários para o enfrentamento da hanseníase, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
No âmbito global, em 2022, foram reportados 10.302 novos casos entre crianças menores de 15 anos, o que representa uma taxa de 5,1 casos por 1 milhão nessa faixa etária, marcando um aumento de 14,6% em relação ao ano anterior.
Outro dado relevante para o monitoramento da doença é o Índice de Grau de Incapacidade Física 2 (GIF 2), que em 2022 totalizou 9.554 casos, resultando em uma taxa de 1,2 por 1 milhão de habitantes — um aumento de cerca de 5,5% em comparação com 2021.
Historicamente, a hanseníase causava grande discriminação, uma vez que não havia tratamento. Hoje, com a disponibilidade de tratamento eficaz e acessível, a doença pode ser tratada e curada sem afastamento da rotina do paciente.
Quanto mais cedo o tratamento for iniciado, menores são as chances de sequelas físicas e maior é a chance de interromper a transmissão. O tratamento atual dura de seis a 12 meses e é totalmente gratuito.
A SBD tem atuado como uma entidade parceira e ativa do Ministério da Saúde, especialmente no que se refere à implementação de novos esquemas terapêuticos, reafirmando seu compromisso com a luta contra a hanseníase no Brasil.
Procure ajuda ao perceber os sintomas
Ao suspeitar dos sintomas da hanseníase, é importante procurar imediatamente uma unidade de saúde, como as unidades voltada às famílias ou um dermatologista no SUS. Para encontrar um profissional associado à SBD na sua região acesse: Link .
Com informações da SBD
[…] Apesar de ainda negligenciada, hanseníase tem cura […]