Uma das principais causas de morte no país, a hipertensão arterial não recebe a atenção que merece diante da sua gravidade. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 63% das mortes no mundo. No Brasil, são a causa de 74% dos óbitos. E boa parte delas poderia ser evitada simplesmente com o controle da pressão arterial.

A hipertensão atinge mais de 30 milhões de brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde. Destes, apenas 10% fazem o controle adequado deste mal a hipertensão. Muitas pessoas ainda se medicam apenas quando há o registro de aumento da pressão e ignoram o tratamento contínuo. De acordo com o cardiologista Lucas Velloso Dutra, do Hospital Edmundo Vasconcelos, essa tática não traz benefícios à saúde e pode piorar o quadro do paciente.

hipertensão, por ser uma doença crônica, deve ser tratada de forma contínua a fim de se ter um controle pleno. Apenas tratar por demanda aumenta mais as chances de desenvolver consequências graves ao organismo, como AVC e infarto”, explica.

A importância de controle da doença vai além de evitar esses dois problemas. A lista de riscos desenvolvidos pela pressão alta ainda envolve a perda de função de diferentes órgãos, como os rins. Dutra lembra que a enfermidade é um fator de risco para o surgimento de doenças arteriais periféricas, coronárias e também da insuficiência renal.

Para Marcelo Sampaio, cardiologista e membro do comitê científico do Instituto Lado a Lado pela Vida, um dos motivos da baixa adesão ao tratamento no caso das doenças cardíacas é a falta de percepção do que é uma doença crônica. “A maior parte das pessoas acredita que o processo de tratamento é sempre pontual, com cirurgias ou remédios. Doença do coração é de tratamento permanente”, esclarece o médico.

Segundo ele, chama-se de adesão ao tratamento a medida com que o comportamento de um paciente corresponde às recomendações de um profissional de saúde, como tomar a sua medicação, seguir a dieta e/ou mudar seu estilo de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o comprometimento do paciente com tratamento de longo prazo em países desenvolvidos é em torno de 50%; em países em desenvolvimento as taxas são ainda menores.

Os riscos da interrupção do tratamento

Em alguns casos, pacientes interrompem o tratamento por conta própria quando estão se sentindo bem, livres de sintomas. Dr. Sampaio alerta que esse comportamento é altamente nocivo para sua saúde.

Quando você trata uma doença, cria-se um bloqueio para as ações danosas e quando esse bloqueio é interrompido subitamente, com o cessar do tratamento, essas ações vêm com toda a força. Tudo o que foi bloqueado para proteger o paciente ganha uma grande avidez de ação e isso causa não só a perda dos efeitos protetores construídos ao longo de todo o tratamento, como pode retroceder e piorar o quadro”, finaliza o médico.

O  SUS oferece gratuitamente medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde e pelas mais de 31 mil unidades farmacêuticas credenciadas ao programa Farmácia Popular. Para retirar os remédios, basta apresentar um documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro do prazo de validade, que são 120 dias. A receita pode ser emitida tanto por um profissional do SUS quanto por um médico que atende em hospitais ou clínicas privadas.

3 vezes mais risco de internação e 405% gastos a mais

 Um dado bastante preocupante sobre os hipertensos no Brasil é a elevada probabilidade de internação: enquanto as das pessoas em geral ficam em torno de 12,65%, as dos hipertensos superam os 40%, muito em função de problemas cardiovasculares e gastroenterologicos. Além disso, outro dado clínico relevante é que 52% deles possuem mais de uma condição crônica associada, como diabetes e cardiopatia.

Como consequência, os custos médicos de alguém nessas condições são quatro vezes maiores do que de um cidadão sem pressão alta. Eles são o reflexo da necessidade de visitas mais constantes ao médico e de terapias para o cuidado com a saúde e controle da pressão alta, já que a tendência é que um paciente crônico nessas condições vá duas vezes mais a consultas de rotinas do que a média populacional, além de realizar o triplo de exames para receber o diagnóstico e realizar o acompanhamento dos níveis da hipertensão.

Para o levantamento da empresa Gesto foi considerada uma amostra de 720 mil vidas no ano de 2018, maior do que a população de mais de 99% dos municípios brasileiros, por exemplo. Dentre a população avaliada, os hipertensos somam 50 mil vidas, ou seja, são 7% do total e representaram um custo 28% maior no gasto do acumulado do ano passado, o que significam R$514 milhões no período.

A internação de alguém com hipertensão também pode chegar a custar 40% a mais quando comparada com a média geral. A faixa etária que tem maior quantidade de pessoas com pressão alta está nos indivíduos com mais de 59 anos e essa proporção aumenta gradativamente conforme o envelhecimento da população.

“Os dados são bastante claros em nos apontar que a hipertensão a cada dia se torna um fator que não apenas deixa a nossa população menos saudável, como também contribui para encarecer os custos da saúde. A pressão alta tem tratamento antes desse estágio crônico e 25% dos brasileiros são assistidos pela saúde suplementar”, explica a CEO da Gesto, Fabiana Salles.

Segundo ela, os benefícios de um plano de saúde empresarial podem ser maximizados com a utilização da tecnologia. “Ao identificar uma inclinação para um fator de risco, seja crônico ou não, pode ser acionada toda uma rede de acompanhamento multidisciplinar a fim de prover mais suporte a essa pessoa. Dessa maneira, pode ser evitado que ela não chegue a ficar doente ou trate corretamente o diagnóstico recebido, evitando assim gastos extras para empresas e beneficiários”, comenta.

VEJA A SÉRIE ESPECIAL HIPERTENSÃO:

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Da Redação, com Assessorias

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