A Federação Europeia de Associações de Doença de Crohn e Colite Ulcerativa estima que cerca de 10 milhões de pessoas em todo o mundo vivam com doenças inflamatórias intestinais. Segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), essas patologias registraram um crescimento de 15% nos últimos anos no país.
No Brasil, estima-se que a prevalência da DIIs seja de 100 para cada 100 mil habitantes, com base nos atendimentos no SUS. Lembrado no dia 19 de maio, o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal (DII) tem por objetivo conscientizar a população sobre essa condição.
“As Doenças Inflamatórias Intestinais são um conjunto de sinais e sintomas que se manifestam, predominantemente, no cólon (parte do intestino cuja função é extrair água e sais minerais dos alimentos digeridos) e as vitaminas K, B1 e B2 que são produzidas pelas mais de 700 espécies de bactérias que vivem nele, a chamada flora intestinal“, afirma a nutricionista Luanna Caramalac
O desconforto abdominal, dor, cólicas, sensação de barriga estufada, alternância entre períodos de diarreia e de prisão de ventre, e flatulência (gases) exagerada listam os sintomas da doença inflamatória intestinal, que podem piorar depois da ingestão de certos alimentos, como cafeína, álcool e comidas gordurosas.
“Para que o intestino desempenhe as funções corretamente, a microbiota intestinal – conjunto de micro-organismos conhecido como flora intestinal – atua em papéis fundamentais para o organismo, como a participação na produção de enzimas, estímulo ao sistema imunológico, controle da fome e saciedade, além de participar da captação de nutrientes que incluem vitaminas, ferro, cálcio, zinco, magnésio e minerais que também são absorvidos com a ajuda da microbiota”, explica Polly Rocha, nutricionista parceira da TotalPass.
Alimentação equilibrada ajuda a combater a inflamação
O paciente pode passar longos períodos sem manifestações clínicas, mas o problema pode retornar, tanto por distúrbios intestinais quanto por fatores emocionais pois o intestino também envia muitas informações para o cérebro. Para amenizar estes sintomas, os pacientes precisam fazer mudanças na alimentação e no estilo de vida. Adotar uma alimentação saudável e equilibrada ajuda a combater a inflamação no organismo como um todo, inclusive da área intestinal.
“Com a microbiota intestinal saudável, ocorre a diminuição da passagem de substâncias mal digeridas e de toxinas à corrente sanguínea, contribuindo para diminuir a inflamação crônica,” informa a nutricionista Luanna Caramalac, com foco em prevenção e tratamentos de doenças crônicas degenerativas e emagrecimento saudável.
Recomenda-se apostar em alimentos com propriedades anti-inflamatórias como vegetais, folhas, frutas, açafrão conhecido como cúrcuma, gengibre e evitar ou reduzir a ingestão de comidas gordurosas, carne vermelha, leite e derivados, embutidos, frituras, açúcares e doces em geral, farinha refinada, refrigerantes e outras bebidas gaseificadas de forma artificial.
“Também é necessário investir em comida de verdade, e se possível orgânica que é livre de agrotóxicos, pesticidas e fungicidas que são bem inflamatórios”, finaliza a especialista.
Estresse pode afetar a digestão
A nutricionista reforça que a alimentação é um dos aspectos essenciais para obter uma boa saúde digestiva. As refeições devem ser realizadas em horários regulares e prevalecer o consumo de alimentos ricos em fibras, proteínas e gorduras saudáveis, encontrados em cereais, frutas, verduras, legumes, carnes e alimentos naturais.
“O consumo de comidas ultraprocessadas, com alto teor de açúcar, sódio, gorduras ou enlatadas, precisa ser moderado ou evitado. Outro ponto importante é manter-se hidratado, bebendo no mínimo 2 litros de água por dia”, ressalta Polly.
Segundo a especialista, o estresse e a ansiedade também são fatores que podem afetar a digestão.
“No momento da digestão, o organismo libera hormônios como gastrina, secretina e colecistocinina. O estresse pode afetar na motilidade intestinal, que ocorre quando o intestino executa movimentos autônomos, como ao expelir o bolo fecal do organismo. Por isso, é importante incluir a prática regular de exercícios físicos que contribuem para a produção da serotonina, neurotransmissor vinculado às sensações de satisfação e bem-estar”, complementa a nutricionista.
Vale ressaltar que as mudanças de hábitos alimentares, como não comer rápido demais, mastigar bem os alimentos e não deitar imediatamente após as refeições, favorecem para a redução de problemas digestivos.
“No caso de sintomas persistentes ou intensos, é necessário procurar um médico especialista que possibilite a orientação e o tratamento adequado para melhorar a saúde digestiva e, assim, impulsionar a qualidade de vida do indivíduo”, finaliza.
“Manter os cuidados com o intestino é essencial para auxiliar na prevenção de distúrbios como a Síndrome do Intestino Irritável (SII) ou até mesmo a Fibromialgia. Além disso, a saúde digestiva está relacionada com o fortalecimento da imunidade do corpo e com o aumento na qualidade de vida ao reduzir os níveis de estresse e ansiedade”, afirma.