Aos 35 anos, Bruno Pinheiro Carra, paratleta brasileiro de halterofilismo, construiu uma trajetória notável no esporte paralímpico. Nascido com a forma mais comum de nanismo, a acondroplasia, condição genética rara que afeta o crescimento dos ossos, Bruno enfrentou as limitações físicas e encontrou no esporte um caminho de superação.

A sua relação com o esporte começou cedo, na infância, quando um médico recomendou a natação para proteger suas articulações. Embora tenha praticado essa modalidade por muitos anos, Bruno não sentia a motivação necessária. Aos 14 anos, o cenário mudou radicalmente quando o seu primo abriu uma academia.

Apesar das recomendações médicas de evitar exercícios de alto impacto, Bruno começou a praticar musculação e, as intensas dores articulares que o impediam de caminhar longas distâncias começaram a desaparecer.

“Eu cheguei à conclusão de que essa atividade não deveria ser tão ruim assim, já que minhas dores apresentaram uma melhora significativa”, relembra Bruno.

Ao longo do tempo, as consultas ortopédicas, antes frequentes, tornaram-se mais espaçadas à medida que os exames mostravam o progresso em sua condição. Depois de um ano de treino, Bruno revelou ao ortopedista a razão de sua melhora, e, com os devidos cuidados, recebeu autorização para continuar.

A paixão pelo esporte só aumentou, levando-o também a praticar jiu-jitsu. Porém, ao se tornar atleta profissional no levantamento de peso, precisou abandonar a modalidade devido aos riscos envolvidos.

Em 2009, Bruno começou a competir no halterofilismo convencional, mas logo depois descobriu o movimento paralímpico, onde encontrou um ambiente competitivo mais alinhado às suas condições.

Em 2010, iniciou sua carreira paralímpica, na qual se destacou rapidamente: tornou-se campeão brasileiro em 2010, entrou para a seleção brasileira paralímpica em 2011 e participou de quatro Jogos Pan-Americanos e três Paralimpíadas, incluindo Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2021.  Embora não tenha garantido vaga para os Jogos de Paris 2024, Bruno se mantém como referência no esporte, sendo vice-campeão mundial em 2019.

Embaixador da campanha ‘Minha História Vai Além’

Para ele, o esporte não trouxe só realização profissional, mas pessoal também. “Eu nunca me vi como uma pessoa com deficiência, eu consigo resolver qualquer problema se tiver auxílio de um banquinho”, brinca.

Paralelamente à carreira no esporte, Bruno, que é formado em engenharia da computação e trabalha na área de TI há uma década, está prestes a concluir o mestrado em inteligência artificial.

Com a sua história inspiradora, além da curva, tanto no esporte como na vida, Bruno desafia os limites e serve como exemplo para crianças, adolescentes e adultos com nanismo, mostrando que a acondroplasia é apenas uma característica e não um obstáculo.

O paratleta é um dos embaixadores da campanha de conscientização Minha História Vai Além para aumentar o conhecimento sobre a acondroplasia assim como promover representatividade para quem vive com a doença.

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Histórias reais e inspiradoras

Promovida pela biofarmacêutic BioMarin, a campanha Minha História Vai Além visa a enriquecer o entendimento público sobre as complexidades da acondroplasia e destaca não só a questão da baixa estatura, mas também os desafios cotidianos, a necessidade de apoio e a importância da representatividade para as pessoas com a condição.

O objetivo vai além de conscientizar a sociedade a respeito da acondroplasia. Precisamos evidenciar que a enfermidade é apenas uma característica na vida de quem tem a doença e que não há limites para sonhar. O desenvolvimento de quem tem o diagnóstico não é definido pela condição, mas sim pela capacidade de cada um de superar as barreiras impostas pela sociedade”, explica Elisa Sobreira, diretora médica da BioMarin Brasil.

Este ano, com o mote Além da Curva, a campanha busca ampliar o debate sobre a individualidade e a superação dos desafios enfrentados por pessoas com a condição. Entre as ações da campanha, está o vídeo manifesto, que traz histórias reais e inspiradoras de pessoas que são “além da curva”, como é o caso do Bruno.

Quem tem acondroplasia, tem um potencial ilimitado de crescimento emocional e social. Por isso, é necessário ter um olhar atento para isso e fomentar um ambiente de mais empatia e inclusão, confrontando estigmas e a falta de informação. O verdadeiro crescimento acontece quando esse grupo é incentivado a ver além das limitações físicas e acreditar que pode ir além, em qualquer curva que a vida apresente”, finaliza Elisa.

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Acondroplasia atinge uma a cada 25 mil nascidos vivos

A acondroplasia é a causa mais comum de nanismo, uma doença rara que afeta os ossos e a cartilagem devido a uma mutação no gene FGFR3, o que reduz a velocidade de crescimento ósseo, resultando em ossos de tamanhos desproporcionais e altura abaixo da média. A alteração genética compromete o crescimento de 1 a cada 25 mil crianças nascidas vivas, todos os anos. 80% das crianças com acondroplasia nascem de pais de estatura mediana.

A acondroplasia vai além da baixa estatura e pode afetar outras partes do corpo, como por exemplo>

  • os ouvidos, com infecções e otites que afetam até 25% das crianças e pode levar à perda auditiva;
  • a boca, com problemas de desalinhamento dos dentes, palato estreito, mordida aberta ou prognatismo;
  • problemas na coluna como a cifose;
  • cotovelos, com rigidez que pode limitar a capacidade de endireitar totalmente seus braços;
  • nas pernas, com o arqueamento dos membros que afetam o caminhar e o correr e, podem necessitar de cirurgias; e
  • outros problemas como obesidade, pressão arterial e dores nas costas e nas pernas.

Mais sobre a campanha  ‘Minha História vai Além’

A campanha Minha História Vai Além foi lançada em outubro, mês que marca o Dia Nacional de Combate ao Preconceito Contra a Pessoa com Nanismo e o Dia Internacional de Conscientização do Nanismo, ambos no dia 25 de outubro.

A ação também ganha espaço no podcast “Não Inviabilize”. Por meio do quadro Alarme, a apresentadora e roteirista Déia Freitas conta a história da médica mineira Fernanda Teixeira Fonseca da Silva, que também tem uma jornada de superação da acondroplasia.

Acesse o website interativo Minha História Vai Além para conhecer mais sobre a história além da curva do Bruno e de outras pessoas com acondroplasia. Para mais informações sobre a campanha, visite o perfil convivendocomacondro.

Com informações da Biomarin

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