Quando os 30 batem à nossa porta, corremos para cuidar da pele, da alimentação e das atividades físicas mais seriamente. Lá pelos 40, vem o alerta dos óculos e outros check ups. Na casa dos 50, já consideramos até conferir como vai nossa audição para retardar ao máximo as perdas naturais da idade. Mas, quem aí, honestamente, já pensou em se precaver contra o envelhecimento da voz?
Sim, nossa voz envelhece, tanto quanto nossos tecidos, órgãos e articulações. E existe até nome para isso: presbifonia. Mas assim como nessas outras áreas, podemos lançar mão de medidas profiláticas que não só retardam esse processo, como nos dão o privilégio de cuidar dessa nossa ferramenta de expressão tão valiosa.
Dia 16 de Abril, é o Dia Mundial da Voz. A data é comemorada desde 2003 e foi criada para conscientizar a população sobre a importância da voz e dos cuidados necessários para preservá-la. Mesmo que as pessoas em suas rotinas dificilmente se lembrem, todos precisam zelar pelas boas condições da voz, e para quem for utilizá-la profissionalmente, é necessário redobrar a atenção.
Especialistas explicam o processo e dão dicas para proteger a voz e retardar o processo natural de envelhecimento. “A laringe (órgão onde estão as pregas vocais) é composta por músculos, cartilagens e articulações, que sofrem o efeito do envelhecimento com o passar dos anos como qualquer outra parte do corpo”, explica a médica otorrinolaringologista da ABORL-CCF Roberta Pilla.
Entenda os sinais de envelhecimento da voz
Segundo a otorrino geral e pediátrica Carla Falsete, há uma série de sinais desse envelhecimento da voz, que podem ser acompanhados:
A voz pode se tornar mais rouca e áspera, aguda ou grave;
A voz pode parecer mais fraca ou mais trêmula;
A capacidade de cantar ou falar por longos períodos pode diminuir.
Roberta Pilla complementa também sobre uma perda progressiva da melodia da fala, além de um padrão vocal com menos volume e menos intenso e menos melódico. “O resultado é uma modificação vocal que pode ocorrer a partir dos 65 anos. O início e desenvolvimento desse processo depende das condições gerais do indivíduo relacionadas à sua saúde física, condições emocionais e ambientais”, contextualiza a médica.
Por isso, as especialistas elencam uma série de cuidados que se pode ter ao longo da vida para atrasar esses sintomas e desfrutar da voz límpida e forte por muito mais tempo. Para a Dra. Roberta Pilla, o hábito de manter-se hidratado, além de fazer bem para o indivíduo sistemicamente, “é uma das melhores dicas para manter a saúde vocal”.
Junto com isso, ela recomenda: “Evitar o fumo e inalação de outras drogas, evitar falar por muito tempo e evitar gritar. Se houver a necessidade de falar por um tempo prolongado, encontre tempo para repousar a voz depois da atividade”. Ela também pede que se evite falar durante as atividades físicas, para manter a respiração livre, pelo nariz. “Evitar o ar-condicionado e o ventilador também seria o ideal. Se não for possível, ingerir água durante a exposição”, indica a otorrino.
Também pensando na melhor forma de cuidar da voz, a Dra. Carla Falsete recomenda que sempre se mantenha uma boa postura. “Manter uma postura correta ajuda a respirar mais facilmente e a produzir um som vocal mais saudável e com melhor ressonância”, explica.
Ela diz ainda que, mesmo quem não é profissional da voz, pode se beneficiar de exercícios de aquecimento vocal antes de falar por períodos prolongados: “isso ajuda a prevenir lesões e melhora a qualidade de projeção e ressonância vocais”. Por fim, ela dá uma dica que poucas pessoas devem ter considerado espontaneamente: “Não use roupas muito apertadas na região da cintura, pois isso dificulta a respiração diafragmática e, por consequência, a extensão e força da voz“.
Dicas das especialistas
A seguir, para facilitar, uma lista com as principais dicas das profissionais:
Não consumir café ou chá preto em excesso, pois podem ressecar o trato vocal;
Evitar alimentos achocolatados ou derivados do leite antes de cantar, atuar, dar aulas ou palestras, pois aumentam a secreção espessa no trato vocal;
Não usar roupa muito apertada na região da cintura, pois dificulta a respiração diafragmática;
Manter o padrão de respiração nasal, que é o mais adequado para não trazer impactos na qualidade vocal;
Manter-se hidratado;
Evitar o fumo e inalação de drogas;
Evitar falar por muito tempo e evitar gritar;
Repousar a voz ao falar intensamente;
Evitar falar durante as atividades físicas;
Evitar ar condicionado e ventilador (ou tomar bastante água durante a exposição);
Ter cuidado com ambientes de poeira, mofos e cheiros fortes;
Evitar falar muito quando em quadros virais, infecciosos e alérgicos;
Ter cuidado com a automedicação. Sprays e pastilhas também têm efeito anestésico, mascarando os sintomas e permitindo o abuso vocal;
Manter uma postura correta favorece a respiração e a produção de um som vocal mais saudável e com melhor ressonância;
Fazer pausas regulares para prevenir a fadiga vocal;
Fazer exercícios de aquecimento vocal antes de falar por períodos prolongados
Agenda Positiva
Campanha nacional oferece exames gratuitos de laringoscopia
A avaliação detecta a incidência do câncer de laringe e outras doenças do trato vocal. Campanha se estenderá até o final do mês de julho
Em comemoração ao Dia Mundial da Voz, celebrado em 16 de abril, hospitais e clínicas inscritos na Campanha Nacional da Voz, realizam exames gratuitos de laringoscopia. O teste tem o objetivo de diagnosticar doenças da laringe, principalmente o câncer.
A ação é organizada pela Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV), em parceria com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça Pescoço, instituição responsável pela Campanha Julho Verde, ação que visa a prevenção do câncer de cabeça e pescoço.
“Sintomas como rouquidão, cansaço ao falar, dor na garganta por mais de duas semanas devem ser investigados. Quando detectado precocemente, as chances de cura do câncer de laringe chegam a 90%”, alerta Hugo Ramos, otorrinolaringologista e presidente da ABLV.
Os exames serão realizados por hospitais e clínicas cadastrados em todo o país. Para participar da campanha, o interessado deve agendar seu exame pelo site bocaegarganta.com.br e comparecer ao local de sua preferência para a realização do procedimento. Caso alguma alteração seja detectada no exame, o paciente será encaminhado para o atendimento especializado.
“Esta campanha tem o objetivo de alertar a população sobre os principais cuidados com a voz e importância da prevenção de doenças vocais”, informa Marcos André de Sarvat, otorrinolaringologista e coordenador nacional da campanha.
Além do apoio do INCA, da AMB e de e outras instituições de saúde, a Campanha Nacional da Voz também conta com o patrocínio do Hospital Paulista, especializado no tratamento de doenças relacionadas aos ouvidos, nariz e garganta.
“É com muita satisfação que apoiamos essa iniciativa através da parceria com a ABORL/ABLV que demonstra claramente o quanto é essencial manter a saúde da voz em dia”, explica Domingos Tsuji, otorrinolaringologista e responsável pelo Centro Especializado em Laringe e Voz (Voice Center) do Hospital Paulista.
Serviço
25ª Campanha Nacional da Voz
Exames de Laringoscopia em São Paulo
Data: 10 de abril a 31 de julho
Locais de atendimento:
Consulte o site www.bocaegarganta.com.br
Sobre:
ABLV: Academia Brasileira de Laringologia e Voz – comitê científico da ABORL-CCF, sem fins lucrativos, representado pelos otorrinolaringologistas especializados no diagnóstico e tratamento dos problemas da laringe.
ABORL-CCF: Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial – entidade sem fins lucrativos que representa a classe dos otorrinolaringologistas do Brasil.
Hospital Paulista: Com quase meio século de tradição no atendimento especializado em ouvido, nariz e garganta, oferece os mais completos exames para diagnóstico em todos os segmentos da Otorrinolaringologia.
Com Assessorias