Sarcomas são um grupo de tumores malignos raros que acometem todas as faixas etárias e que podem surgir em qualquer parte do corpo. Eles começam como pequenos caroços, mas podem chegar quase ao mesmo tamanho de uma bola de pingue-pongue. A doença pode atingir crianças e adultos – sendo que nestes corresponde a cerca de 1% dos casos de câncer. Uma novidade no tratamento de sarcomas promete beneficiar os pacientes.

Um estudo realizado pela Oncoclínicas, em parceria com o hospital universitário de Lucerna, na Suíça, avaliou 20 pacientes nos dois países e demonstrou que a técnica permitiu uma melhora significativa das lesões. Os resultados foram apresentados esta semana no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) em Madri, na Espanha.

Estudo brasileiro foi apresentado em Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica – Esmo 2023, em Madri (Divulgação Oncoclínicas)

Pacientes com sarcoma metastático que foram submetidos a quimioterapia e a terapias-alvo, sem alcançar o resultado desejado, podem se beneficiar do tratamento com a radioterapia Lattice. O perfil de toxicidade mostrou-se seguro, com melhora significativa da qualidade de vida.

A Lattice é uma técnica de radioterapia que alterna picos de altas doses e vales de baixas doses de radiação durante o tratamento de uma mesma lesão, estimulando a ativação de células do sistema imunológico e posterior ataque das células doentes, inclusive nas áreas que receberam doses menores de radiação.

Segundo a oncologista Bruna David, da Oncoclínicas Rio de Janeiro e uma das responsáveis pelo estudo, os pacientes analisados tinham idade média de 55 anos e, em alguns casos, apresentavam mais de uma lesão metastática.

“Foram analisadas 24 lesões e em mais de 38% delas o uso da Lattice proporcionou uma melhora sintomática rápida. Esses pacientes já tinham passado por outros tratamentos sem ter tido resposta ao quadro”, diz a oncologista.

A fadiga foi o efeito colateral mais observado, presente em 20% dos pacientes, e que a cooperação internacional foi fundamental para se chegar aos resultados.

Carocinho que cresce em alguma parte do corpo merece atenção

Na maioria dos casos, os sarcomas têm origem nas células que formam as chamadas partes moles do corpo, como músculos, gordura, tendões, ligamentos, vasos sanguíneos e nervos periféricos.

Geralmente, a doença começa com o surgimento de um “carocinho” que cresce continuamente, de forma dolorosa, ou não.  Muitas vezes, eles são tratados erroneamente ou até mesmo confundidos com outras doenças. Portanto, qualquer nódulo que cresça, independente de outros sintomas, deve ser investigado.

Os sarcomas podem acometer qualquer parte do corpo, tendo maior incidência no tronco, braços e pernas. Mas dependendo da histologia pode acontecer também no Sistema Nervoso Central (SNC), ossos e em outros órgãos.

“Há vários tipos de sarcomas, entre eles os ósseos e os do trato gastrointestinal. É um grupo heterogêneo, composto por mais de 100 subtipo. Sarcomas ósseos costumam atingir mais crianças e idosos e a metástase é mais comum nos pulmões”, esclarece a oncologista da Oncoclínicas Rio de Janeiro.    

A médica lembra ainda que não existem fatores de risco para o sarcoma. “Há algumas síndromes genéticas familiares associadas, exposição a algumas substâncias químicas, mas são raridade. O mais comum é o sarcoma esporádico, sem antecedente causal”, esclarece.

Autoexame é fundamental para diagnóstico precoce

Segundo ela, o autoexame é uma ferramenta indispensável para o diagnóstico precoce, fundamental para o tratamento. Quanto menor o tamanho do sarcoma ao se iniciar o tratamento, melhor o prognóstico. A boa notícia é que as chances de sobrevida dos pacientes é alta. “Com diagnóstico precoce e tratamentos adequados, o paciente pode ter uma sobrevida que supera os 70%”, afirma a médica.

O cirurgião-geral costuma ser o profissional procurado em um primeiro momento. Mas, na suspeita de malignidade, uma biópsia é o procedimento indicado para o diagnóstico definitivo e deve ser feita por profissional especializado. A partir daí, é recomendado procurar uma equipe multidisciplinar com experiência em sarcoma.

O refinamento das técnicas de diagnóstico e classificação dos diferentes subtipos vem contribuindo para um melhor entendimento e tratamento da doença. Nos últimos anos, surgiram mais subtipos e novas terapias-alvo para tumores com mutações específicas resistentes a linhas prévias de tratamento.

Segundo a oncologista, uma das novidades é o uso de biópsia líquida para detecção e tratamento de diversos tipos de tumores, principalmente, os GISTs – tipo raro de tumor do trato gastrointestinal. A médica também destacou que hoje existem técnicas adaptadas de radioterapia que vêm se mostrando eficazes no controle da doença metastática, melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

 

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