Em formato de borboleta e localizada no pescoço, a glândula tireoide é responsável pela regulação do metabolismo. O excesso de hormônios, chamado de HIPERtireoidismo, provoca aceleração do metabolismo, causando emagrecimento, insônia, tremores e nervosismo. Já no HIPOtireoidismo, o paciente fica com o metabolismo reduzido, ganha peso, fica cansado, sonolento e com alteração de memória.
Moradora de Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, Edneuza Beserra Moreira, de 63 anos, sentia calor em excesso e muito cansaço. Em 2024, ela foi operada no Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) e voltou a ter uma vida normal.
Estava com um nódulo suspeito e um linfoma. Fui encaminhada para o instituto e fiz o procedimento de retirada. Agora, passo por revisões uma vez por ano. Por isso, caso você sinta um pigarro contínuo ou dificuldade de deglutir procure um endocrinologista para se tratar”, aconselha Edneuza.
O Dia Internacional da Tireoide, celebrado no domingo (25), chama atenção para os cuidados com esta glândula, que influencia o metabolismo, o crescimento e o desenvolvimento do indivíduo. Por isso, é importante verificar se o seu funcionamento está adequado.
Edneuza destaca a importância da campanha educativa e aconselha a busca por ajuda profissional caso sinta qualquer sintoma adverso.
750 milhões de pessoas sofrem com problemas na tireoide
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no mundo todo, 750 milhões de pessoas sofrem com alguma condição na tireoide. No Brasil, em torno de 15% da população com mais de 45 anos tem disfunções tireoidianas, sendo mais incidente em mulheres.
No Rio de Janeiro, o Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) realizou 11.692 atendimentos ambulatoriais de tireoide em 2023. Já no ano passado, foram 13.575 assistências. Este ano, até abril, foram 4.108 atendimentos.
A unidade também realiza exame de TSH (responsável por avaliar possíveis problemas na tireoide), ultrassonografia e Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF), além de fazer cirurgia parcial ou total da glândula.
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Distúrbios na tireoide podem afetar até a fertilidade
Tanto o hipotireoidismo (produção insuficiente dos hormônios T3 e T4) como o hipertireoidismo (produção excessiva de T3 e T4) podem afetar a fertilidade feminina comprometendo a maturação dos óvulos e, assim, interferindo diretamente no ciclo menstrual, desde a ovulação, alterações no feto e até causar aborto.
Segundo o diretor médico do Centro de Reprodução Humana da Clínica Fertipraxis, no Rio de Janeiro, Marcelo Marinho, a elevação do TSH (hormônio estimulante da tireoide) pode aumentar a secreção de outro hormônio chamado prolactina. Esse aumento pode provocar irregularidade menstrual e levar a períodos de amenorreia (ausência da menstruação) dificultando a gravidez.
Dessa forma, mulheres com essas alterações hormonais podem ter mais dificuldade para ovular e, consequentemente, para engravidar. E, quando gestantes, precisam de acompanhamento, pois essas doenças, quando não tratadas, aumentam o risco de abortamento”, alerta o médico.
Tireoidite de Hashimoto
Um dos distúrbios mais conhecidos da tireoide é a Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune e crônica que afeta entre 5% e 15% das mulheres em idade reprodutiva.
Essa condição reduz a produção de hormônios essenciais para a fertilidade feminina, podendo causar anovulação (ausência de ovulação) e comprometer a qualidade dos óvulos.
A doença no início pode apresentar sinais sutis que passam despercebidos, mas ao longo do seu desenvolvimento pode causar inchaço no pescoço e provocar alguns sintomas como:
- fadiga;
- ganho de peso;
- pele seca;
- sensibilidade ao frio; e
- irregularidades menstruais.
Em mulheres gestantes, é fundamental o acompanhamento, pois o quadro pode provocar pré-eclâmpsia, parto prematuro, restrição de crescimento fetal, complicações neonatais e aumentar o risco de aborto espontâneo no primeiro trimestre da gravidez, fatores que impactam significativamente a gestação.
No entanto, o especialista ressalta que mulheres com Tireoidite de Hashimoto podem ter uma gravidez bem-sucedida e saudável, desde que recebam acompanhamento médico individualizado antes e após o parto.
O diagnóstico pode ser feito com exames de sangue, como o TSH, produzido pela hipófise para controlar a tireoide, e os hormônios T3 e T4, produzidos diretamente por ela, além da ultrassonografia para a detecção de possíveis nódulos e/ou cistos da glândula.
A tireoide é uma glândula que tem o formato parecido com o de uma borboleta, localizada na parte superior e frontal do pescoço, abraçando a traqueia. Os hormônios produzidos por ela (T3 e T4, triiodotironina e tiroxina) agem no corpo e no metabolismo desde a formação fetal até a velhice.
Hipotiroidismo e hipertiroidismo
Segundo a endocrinologista Carolina Ferraz, especialista em tireoide, quando se tem uma baixa produção do T3 e do T4, tem-se o hipotiroidismo.
A energia fica lá embaixo, o cabelo pode cair, a pele vai ficar mais ressecada, o intestino pode ficar preso, pode ter bastante esquecimento, sintomas de depressão. O oposto ocorre quando a gente tem muito hormônio, a gente chama de hipertiroidismo, e o metabolismo acelera. A pele fica mais oleosa, o paciente sua mais, fica mais agitado, tem insônia, taquicardia, pode ter diarreia”, diz a endocrinologista.
A médica destaca que se houver uma baixa produção do hormônio, poderá ser feita a reposição hormonal. Se o problema for um aumento da produção de hormônio, pode-se usar também medicação para diminuir a ação desses hormônios.“Se a medicação não resolver, a gente faz o tratamento com iodo radiotivo ou até cirurgia.”
Agenda Positiva
IEDE esclarece sobre a doença e oferece exames clínicos no Rio
Para destacar a importância da prevenção das doenças na tireoide, o IEDE promove, na segunda-feira (26/05), das 8h às 11h, uma ação alusiva ao Dia Internacional da Tireoide no pátio da unidade onde serão feitos exames físicos da tireoide e realizadas atividades educativas. Os casos mais complexos serão encaminhados ao IEDE.
Os eventos, nestas datas, são importantes porque aumentam a conscientização sobre as práticas de prevenção”, destacou o chefe da Endocrinologia do IEDE, Luiz Felipe Osório.
O Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) fica localizado à Rua Moncorvo Filho nº 90, Centro, Rio de Janeiro. O acesso à unidade é feito por meio do Sistema Estadual de Regulação.
Com Assessorias e Agência Brasil