Quem já recebeu a segunda dose da vacina contra a Covid-19 fala do alívio que é estar completamente vacinado. Quem conclui o esquema vacinal fala que se sente mais seguro de voltar à vida normal aos poucos, mesmo ainda cumprindo com todos os cuidados como uso de máscara, distanciamento social e higiene das mãos. Mas nem todo mundo está sentindo essa sensação e ainda tem medo de voltar ao posto de saúde para fazer a segunda dose, tão necessária para garantir a imunização completa.

De acordo com o médico infectologista Victor Bertollo, mestre em medicina tropical e saúde internacional, a segunda dose da vacina da Covid-19 aumenta a resposta imune na produção de anticorpos contra o vírus. Ele lembra ainda que as vacinas são seguras, o que foi demonstrado por estudos mesmo antes da introdução dos imunizantes no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

“O risco de apresentar formas graves pela Covid-19, após a segunda dose, se reduz significativamente. Então, completar o esquema vacinal é extremamente importante. Lembrando que as vacinas não protegem apenas o vacinado, mas também as pessoas ao seu redor. Então, se vacinar é ato individual de proteção, mas também coletivo. É um ato que todos saem ganhando”, destacou Bertollo, que é consultor técnico do PNI, da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde..

Efeitos colaterais da vacina

Entre os motivos de a população não retornar ao posto para tomar a segunda dose estão os efeitos colaterais relatados. Há quem tenha sentido sintomas como dores de cabeça e no corpo, febre, ou qualquer outro desconforto. Mas especialistas garantem que os efeitos da segunda dose são mais leves e autolimitados.

“A ocorrência de eventos adversos não impede que a pessoa receba a segunda dose. Apenas alguns eventos adversos muito específicos, que são bastante raros, de fato contraindicam doses adicionais das vacinas. Para algumas vacinas, como AstraZeneca e Coronavac, a tendência é que as reações sejam mais leves na segunda aplicação. Para a vacina Pfizer, especificamente, ela tem um pouco mais de reação adversa na segunda dose, mas ainda assim são eventos leves e autolimitados”, contou Vitor.

As vacinas contra a variante Delta

Uma dúvida muito comum também diz respeito à variante Delta. É importante ressaltar que todas os agentes imunizantes disponíveis para aplicação no Brasil são eficazes contra a Delta, principalmente nas formas mais graves da doença. As vacinas também possuem eficácia para as outras variantes, como a Alfa, Beta e a Gama.

Para algumas vacinas, como AstraZeneca e Coronavac, a tendência é que as reações sejam mais leves na segunda aplicação. Para a vacina Pfizer, especificamente, ela tem um pouco mais de reação adversa na segunda dose, mas ainda assim são eventos leves e autolimitados” – Victor Bertollo, médico infectologista.

Segundo ele, mesmo vacinada, a pessoa ainda corre o risco se infectar com a variante Delta, mas a tendência é que ela tenha a forma mais leve da doença. “Além disso, as vacinas reduzem muito o risco de a pessoa ter a forma mais grave da doença e vir a precisar ser internada, precisar de UTI ou mesmo morrer pela a Covid-19”, alertou.

Veja algumas das principais dúvidas

O Ministério da Saúde realizou uma enquete nas redes sociais para saber quais são as principais dúvidas da população em relação à segunda dose da vacina Covid-19. O médico infectologista Victor Bertollo tira as principais dúvidas sobre o tema. 

Qual a importância de se tomar a segunda dose da vacina Covid-19?

Dados mostram que a primeira dose da AstraZeneca, Pfizer e Janssen já possuem uma boa eficácia para formas graves da doença. Porém, a segunda dose promove um aumento significativo da resposta imune, aumento da proteção para formas graves e apenas após a segunda dose se tem uma boa proteção para formas leves, o que é importante para reduzir a transmissão. O aumento da resposta imune após a segunda dose tende também a aumentar a duração da proteção que aquela pessoa vai ter após a vacinação.

Posso adiantar a segunda dose e tomar antes da data indicada no meu cartão de vacina?

É muito importante que as pessoas se atenham ao intervalo previsto pelo Ministério da Saúde. A decisão por um intervalo ampliado tem tanto um ganho individual (pois aumenta a resposta imune e a efetividade do esquema vacinal) e coletivo, de saúde pública, pois amplia a vacinação da população.

E isso foi definido de maneira muito pensada e discutida com a comunidade científica brasileira dentro da Câmara Técnica Assessora de Imunizações.

Claro que essas decisões são dinâmicas. Então, pode ser que esse intervalo venha a ser alterado, mas é importante seguir as orientações do Ministério da Saúde que elas vão estar sempre adequadas à situação da pandemia no país e aos dados de pesquisas em relação à vacinação contra a Covid-19.

O médico infectologista Victor Bertollo tira as principais dúvidas sobre o tema (Divulgação)

É recomendável tomar a segunda dose da vacina Covid-19 diferente da primeira?

De maneira geral esta não é a recomendação. Como regra geral, a orientação é que o esquema seja completado com a mesma vacina. Porém, em situações específicas, esta estratégia pode ser usada.

No momento, o Ministério da Saúde recomenda que gestantes que tenham recebido a vacina da AstraZeneca, tomem Pfizer ou Coronavac. A ideia é que as gestantes não deixem de tomar a segunda dose.

Pessoas que vêm do exterior, que receberam a primeira dose de um fabricante que não possui no Brasil, também está recomendada a administração de outro fabricante.

Além disso, pessoas que tiveram algum evento adverso grave que de fato contraindique a vacinação com o mesmo fabricante, também é indicada a aplicação de outro imunizante.

O tempo de intervalo entre as doses das vacinas será reduzido devido às novas variantes do vírus da Covid-19?

Nesse momento, o Ministério ainda recomenda manter os intervalos que são: 28 dias para a Coronavac, três meses para as vacinas Pfizer e AstraZeneca. Importante ressaltar que o intervalo adotado promove uma resposta imunológica maior e mais efetividade.

Com o avanço da vacinação, é possível que esse intervalo seja reduzido. Mas é importante seguir as recomendações do Ministério da Saúde.

Preciso receber a segunda dose da vacina hoje. Porém, estou me recuperando de uma gripe. Posso tomar?

Não há evidências de que uma gripe recente interfira na resposta da vacina. Provável que não. A orientação é que aguarde a recuperação para receber a vacina. Isso é importante, principalmente, para que os sintomas dessa doença não sejam confundidos como potenciais eventos adversos das vacinas.

Mas um resfriado leve, em que a pessoa não tenha febre, mas só uma coriza, de maneira geral não há problemas. Ressalta-se no entanto que pessoas que tiveram covid-19 devem aguardar 28 dias a partir da data do início dos sintomas para receberem a vacina, desde que estejam em recuperação clínica, ou seja, se você tem sintomas de gripe é fundamental fazer o teste para covid-19 para um diagnóstico adequado.

Vou realizar uma cirurgia. Devo esperar recuperação para tomar minha dose da vacina?

Se é uma cirurgia simples, não tem contraindicação. Cirurgias de grande porte, de fato, é bom evitar. O ideal é que a pessoa se vacine primeiro para depois passar pela cirurgia. Ou o contrário: aguardar recuperação para receber a dose. A preocupação inicial, diante disso, é não confundir as complicações de uma cirurgia com os eventos da vacinação.

Tomei a primeira dose da vacina Covid-19 e tive reações. Vou ter algum tipo de reação também na segunda dose?

A ocorrência de eventos adversos não impede que a pessoa receba a segunda dose. Apenas alguns exemplos muito específicos que são efeitos graves ou raros. Para algumas vacinas, como AstraZeneca e Coronavac, a tendência é que as reações sejam mais leves na segunda aplicação. Para a vacina Pfizer, especificamente, ela tem um pouco mais de reação adversa na segunda dose, mas ainda assim são eventos leves e autolimitados na grande maioria das vezes.

A primeira dose oferece algum tipo de proteção contra a variante Delta? E a segunda?

Para as vacinas Pfizer, AstraZeneca e Janssen sim, a primeira dose reduz muito o risco de a pessoa ter a forma mais grave da doença e vir a precisar ser internada, precisar de UTI ou mesmo morrer pela a Covid-19. No entanto mesmo vacinada, a pessoa ainda corre o risco se infectar com a variante Delta, mas a tendência é que ela tenha a forma mais leve da doença.

É importante destacar no entanto a importância da administração da segunda dose das vacinas no momento adequado, tendo em vista que esta segunda dose aumenta bastante a resposta imune, aumentando a proteção para infecção, para formas graves, e aumentando a duração da resposta imune.

Quanto tempo depois de tomar a segunda dose estarei completamente imunizado?

As vacinas não são uma proteção absoluta, mas reduzem muito o risco de adoecimento e de complicações pela doença. As maiores taxas de efetividade das vacinas, após a segunda dose, foram identificadas duas semanas após a segunda dose. Então, de maneira geral, a gente entende que a eficácia da imunização se dá após esse período.

Depois de 15 dias, após tomar a segunda dose da vacina, ainda tenho risco de morte pela doença?

O risco reduz muito, mas não reduz a zero. Isso é importante também estar claro. Se uma vacina tem 80% de efetividade, quer dizer que as pessoas vacinadas terão um risco 80% menor de desenvolverem complicações pela doença e morrer. Vai ser um risco muito menor do que as pessoas não vacinadas, mas esse risco não zera.

Por isso, todas as outas medidas de proteção individual e coletiva, como uso de máscara, distanciamento social, frequentar locais mais abertos, deixar os ambientes bem ventilados, evitar aglomerações, precisam continuar sendo adotadas, mesmo após a vacinação, enquanto a gente estiver vivendo uma situação de pandemia.

A imunização contra a Covid-19 será igual a da Influenza, que tem campanhas todo ano? Qual vai ser a periodicidade: de dois em dois anos ou de três em três?

Esse ainda é um ponto de dúvida na literatura médica. Pode ser que sim, mas esse ainda é um ponto em debate.

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