No mês em que é celebrado o Dia Nacional de Conscientização e Incentivo ao Diagnóstico Precoce do Retinoblastoma (18/9), marcado pela campanha Setembro Dourado, é fundamental falar sobre a a importância do diagnóstico precoce da doença, essencial para garantir bons resultados no tratamento e evitando cegueira.

Há mais 50 doenças oculares que podem ser diagnosticadas em recém-nascidos, sendo as mais comuns e graves o retinoblastoma (tipo raro de câncer que atinge principalmente crianças), glaucoma e catarata congênita, dentre outras alterações. “São condições que podem levar à perda de visão se não forem diagnosticadas e tratadas precocemente”, destaca o médico.

A principal forma de prevenção e detecção precoce de doenças oculares em recém-nascidos é a triagem oftalmológica neonatal, realizada por meio do Teste do Olhinho ou Reflexo Vermelho. O exame é realizado ao nascer, até 72 horas de vida e repetido pelo pediatra durante as consultas pelo menos três vezes ao ano durante os primeiros 3 anos de vida.

“Vale citar que o exame normal é restrito a um grupo de doenças. Para uma avaliação mais detalhada e abrangente, há a opção do Teste do Olhinho Ampliado, que por meio de imagens digitais detecta 100% das doenças oculares do recém-nascido”, explica o oftalmologista.

Isso porque o Teste do Olhinho Ampliado inclui uma série de testes e exames para identificar não apenas obstruções no eixo visual, mas também condições oculares e outros problemas que podem afetar a visão do bebê, permitindo a detecção e tratamento precoce, com maiores chances de cura e preservação da visão.

“Um fato importante é que em algumas situações o retinoblastoma se encontra na periferia dos olhos, podendo passar despercebido no teste do reflexo vermelho comum, porém, sendo possível diagnosticar através de um exame hoje conhecido por Teste do Olhinho Ampliado”, complementa o médico Marcelo Cavalcante Costa, oftalmologista e especialista em Retina Infantil da Maternidade Star, da Rede D’Or.

Segundo ele, o Teste do Olhinho Ampliado proporciona uma avaliação mais detalhada e abrangente, já que detecta 100% das doenças oculares do recém-nascido por meio de imagens digitais. É um exame rápido, não invasivo, e realizado com um equipamento portátil, onde o profissional capta imagens do globo ocular do bebê para análise, ainda nos primeiros dias de vida.

“Vale lembrar que o sistema visual da criança ainda é imaturo e o tratamento precoce é essencial para o seu correto desenvolvimento. O Teste do Olhinho Ampliado é um exame rápido, indolor e de grande importância para a saúde ocular dos bebês”, finaliza Marcelo.

A falha de visualização ou anormalidades do reflexo são indicações para um encaminhamento urgente para um oftalmologista. Estatísticas apontam que 1 a cada 20 pacientes (5% dos casos) possui alguma condição importante e que deve ser acompanhada. É importante dizer que esse teste é fundamental mas não detecta outras alterações oculares que só são diagnosticadas na consulta de rotina com o oftalmologista.

“Quanto mais cedo a doença for descoberta, melhores as chances de que o bebê não venha a acumular prejuízos que afetem sua visão pelo resto da vida. Por isso, o teste do olhinho e o teste do olhinho ampliado, realizado ainda na maternidade, é tão importante para identificar precocemente diversas doenças, incluindo o retinoblastoma”, enfatiza.

Tratamento varia de acordo com cada caso

O tratamento do retinoblastoma pode variar de acordo com o caso, levando em conta a idade, a presença de tumor em um ou nos dois olhos e o estadiamento, entre outros fatores. O objetivo é salvar a visão sempre que possível e preservar o bulbo ocular, podendo envolver uma equipe multidisciplinar e várias modalidades terapêuticas, como quimioterapia, radioterapia, laserterapia, crioterapia, termoterapia e cirurgia.

“O cuidado, que basicamente deve surgir dos pais, é a garantia de um amanhã melhor para os pequenos. Caso percebam algo errado, conversem com o pediatra, para que indique avaliação com oftalmologista infantil. Quanto antes o diagnóstico do retinoblastoma for feito, melhor será o futuro da criança”, enfatiza o especialista da Maternidade São Luiz Star.

7 sinais de alerta sobre a visão do seu bebê

Estima-se que cerca de 80% das informações sensoriais que os bebês recebem vêm dos olhos, o que torna esse sentido essencial para o seu desenvolvimento. O oftalmologista Marcelo Cavalcante Costa destaca os principais sinais de alerta em relação à visão de bebês e crianças.

“Embora os bebês não possam expressar verbalmente problemas de visão, existem alguns sinais de alerta que os pais podem observar”, pontua o especialista. Confira:

– Lacrimejamento constante: Se o bebê apresentar lacrimejamento excessivo e constante, isso pode ser sinal de um problema ocular, como obstrução do ducto lacrimal ou glaucoma congênito.

– Vermelhidão e secreções: Olhos vermelhos, irritados ou com secreção anormal podem indicar uma infecção ocular, como conjuntivite, que requer atenção médica.

– Desalinhamento dos olhos: Se os olhos do bebê não estiverem alinhados corretamente, ou seja, se um olho estiver desviado para dentro, para fora ou em uma direção diferente do outro, isso pode indicar estrabismo.

– Ausência de contato visual: Embora seja comum que os recém-nascidos não mantenham contato visual imediato, se o bebê não fizer contato ou evitá-lo consistentemente após os primeiros meses de vida, pode ser sinal de um problema de visão.

– Falta de interesse em objetos visuais: Se o bebê não mostrar interesse por brinquedos ou objetos coloridos em sua frente, isso pode indicar dificuldades visuais.

– Dificuldade em seguir objetos em movimento: A incapacidade do bebê de acompanhar visualmente um objeto em movimento, como um brinquedo balançando, pode ser um sinal de problemas visuais.

– Sensibilidade à luz: Se o bebê mostrar desconforto excessivo ou sensibilidade à luz, como piscar excessivamente ou fechar os olhos diante de uma luz brilhante, pode ser um sinal de alerta.

“É importante ressaltar que esses sintomas podem indicar outros problemas de saúde, além dos oculares. Caso os pais notem algum desses sinais de alerta, é recomendado consultar um médico, preferencialmente um oftalmologista pediátrico, para uma avaliação adequada da visão do bebê”, orienta Marcelo.

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