Médicos do Hospital Maternidade Escola Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade de São Paulo, realizaram parto raro de quíntuplos, com 29 semanas de gestação. A cesariana aconteceu na segunda-feira (10) e foi transmitida ao vivo para o anfiteatro do hospital para profissionais e estudantes da unidade de saúde. Os cinco bebês – Madalena, Isabel, Helena, Enrico e Ravi – passam bem, mas seguem internados. O parto é considerado raro porque foi realizado por meio de fertilização natural, quando apenas 1% dos casos resulta em gestação múltipla, quando o útero desenvolve dois ou mais embriões.
Yanike, no momento do parto de quíntuplos em maternidade paulista (Divulgação/Secretaria Especial de Comunicação da Prefeitura de São Paulo)
Yanike dos Santos, de 28 anos de idade, que já era mãe de gêmeos, estava internada desde o final de 2021 no hospital para acompanhamento, na Casa da Gestante, espaço que busca reproduzir o ambiente do lar para dar conforto à grávida. O parto envolveu uma equipe com mais de 20 profissionais e acompanhamento na unidade de terapia intensiva neonatal. A decisão pelo parto cirúrgico foi tomada no fim de semana, pela equipe médica, a partir dos exames de monitoramento dos bebês.
Um estudo publicado na revista Obstetrics & Gynecology mostrou que a gravidez de múltiplos ou triplos aumentou significativamente nas últimas décadas devido ao crescimento dos partos assistidos: “Muitos casais decidem ser pais mais tardiamente, fazendo com que a fertilização in vitro seja o principal meio de atingir esse objetivo”, explica Renato de Oliveira, ginecologista e obstetra da Criogênesis.
Gravidez múltipla: a importância do pré-natal
A complexidade que envolve a maternidade se inicia logo com a descoberta da gravidez – não é fácil passar pelas alterações comuns durante o período de gestação. “Mudanças hormonais, no peso e no fluxo sanguíneo são alguns dos fatores a serem enfrentados quando está se esperando um bebê”, aponta. Agora imagine ter todos esses sintomas redobrados quando existe mais de um bebê em formação?
Na gravidezmúltipla a gestante tem mais chances de desenvolver diabetes e hipertensão gestacional, conhecida como pré-eclâmpsia, além de anemia e ruptura de membranas. “O corpo da mulher faz um esforço ainda maior para nutrir e carregar os fetos”, informa. O médico comenta que com o tempo é comum sentir os efeitos do excesso de peso, aumento da frequência cardíaca e sobrecarga dos músculos.
Dessa forma, o acompanhamento do pré-natal se faz mais importante do que nunca. As consultas que em uma gestação normal são realizadas uma vez por mês, no caso da gravidez de gêmeos ou múltiplo elas, devem acontecer a cada duas semanas, pois se apresenta mais risco. “No início, a maior preocupação deve ser o aborto espontâneo, no decorrer dos nove meses, será com o desenvolvimento dos bebês. Além disso, há grandes chances de um parto prematuro”, relata o especialista.
Possíveis comorbidades também podem ser identificados nas visitas ao ginecologista. “Repouso e boa alimentação são cuidados essenciais que podem garantir a segurança da mãe e de seus filhos. Também é imprescindível a compreensão dos pais em seguir todas recomendações médicas”, adverte.
Alta complexidade na gestação
Para auxiliar nas dúvidas que surgem no período gestacional, várias maternidades e centros de fertilização oferecem cursos de gestantes gratuitos. Além da prevenção e cuidados especiais durante a gravidez, é importante que a gestante de múltiplos esteja em um ambiente adequado para partos de alto risco. Unidade do SUS onde nasceram os quíntuplos, o Hospital de Vila Nova Cachoeirinha, por exemplo, é referência no atendimento de alta complexidade na gestação.
Em junho do ano passado, foi realizada na unidade uma cirurgia em um feto, ainda no útero da mãe, para a correção mielomeningocele, uma anomalia que afeta o fechamento da coluna. Nos bebês que nascem com essa condição, as raízes nervosas ficam alteradas e presas à pele e aos ossos da coluna, prejudicando a inervação dos membros inferiores, intestinos e vias urinárias.
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O parto é considerado raro porque foi realizado por meio de fertilização natural, quando apenas 1% dos casos resulta em gestação múltipla, quando o útero desenvolve dois ou mais embriões.
