A pandemia da Covid-19 ainda não acabou e entra 2023 preocupando muitos países. Circula nos Estados Unidos uma nova subvariante – a XBB.1.5, apelidada de “Kraken”, que seria derivada da Ômicron e apresenta um grande aumento mutacional, se espalha com rapidez. Levantamentos na primeira semana de janeiro apontam que ela foi responsável por 40% dos casos no país.

Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), a variante já está em alta na Europa também. Alguns casos também foram registrados no Reino Unido. A OMS confirmou que a XBB.1.5 tem uma “vantagem de crescimento” sobre outras subvariantes vistas até agora. Mas a OMS disse que não há indicação de que ela seja mais grave ou prejudicial do que as variantes anteriores.

Já no Brasil, no dia 6 de janeiro teve o primeiro registro da doença em uma mulher de 54 anos de idade. O alerta feito pelos especialistas é que possa surgir uma nova onda de Covid-19 com a Kraken. Após anunciar no início do mês o primeiro caso brasileiro da subvariante XBB.1.5 da Covid-19, a rede de laboratórios Dasa identificou o crescimento da variante XBB em São Paulo e no Rio de Janeiro. A identificação foi realizada por meio do acompanhamento dos testes de RT-PCR realizados nos laboratórios da Dasa.

“Nesse momento, estamos passando por uma troca de variantes, com a entrada da variante XBB. Trata-se de mais uma ramificação da variante Ômicron — dominante hoje no mundo. Ela superou as variantes anteriores — Alfa, Beta, Gama e Delta. Acredita-se que os sintomas de XBB.1.5 sejam semelhantes a qualquer outra infecção por variantes Ômicron. A indicação é manter a vigilância”, explica José Eduardo Levi, virologista e superintendente de pesquisa, desenvolvimento e novos produtos da Dasa.

A substituição de variante no Brasil está acontecendo em um cenário de baixa positividade e baixo número de novos casos de Covid-19, pois grande parte da população já teve contanto com o vírus, em algum momento, e/ou está vacinada, o que favorece o controle da infecção na população.

Nova subvariante derica da XBB que circulou no Reino Unido

Trata-se de mais uma ramificação da variante ômicron, que é a dominante hoje no mundo. Ela superou as variantes anteriores de coronavírus — Alfa, Beta, Gamma e Delta — desde que surgiu no final de 2021.

A ômicron também deu origem a muitas outras subvariantes contagiosas. Acredita-se que os sintomas de XBB.1.5 sejam semelhantes aos das cepas anteriores. A maioria das pessoas apresenta sintomas semelhantes aos do resfriado.

A XBB.1.5 evoluiu da XBB, que começou a circular no Reino Unido em setembro de 2022. A XBB tinha uma mutação que a ajudava a vencer as defesas imunológicas do corpo, mas essa mesma qualidade também reduzia sua capacidade de infectar células humanas.

A professora Wendy Barclay, do Imperial College London, disse que a XBB.1.5 tem uma mutação conhecida como F486P, que restaura essa capacidade de se ligar às células, mas também tem a capacidade de evitar a defesa imunológica. Isso faz com que ela se espalhe com mais facilidade. Ela diz que o vírus evoluiu e encontrou novas maneiras de contornar os mecanismos de defesa do corpo.

O Wellcome Sanger Institute em Cambridge, na Inglaterra, está sequenciando pelo menos 5.000 amostras de covid por semana, como parte de esforços para rastrear variantes. Ewan Harrison, pesquisadora do instituto, acredita que a XBB.1.5 provavelmente surgiu quando alguém foi infectado com dois tipos diferentes de ômicron. “Um pedaço do genoma de um vírus se une a outro pedaço de um segundo vírus, e eles se fundem, e isso passa a ser transmitido.”

Onde a XBB.1.5 está se espalhando?

Mais de 40% dos casos de covid nos Estados Unidos são da XBB.1.5, segundo estimativas. Com isso, essa subvariante já é a dominante no país. No início de dezembro de 2022, ela representava apenas 4% dos casos, mas desde então ela ultrapassou rapidamente outras versões da ômicron.

As internações hospitalares por covid aumentaram nas últimas semanas nos EUA, e o governo reiniciou seu programa de testes gratuitos. A subvariante pode se tornar dominante também no Reino Unido. Barclay disse que espera mais hospitalizações naquele país em breve.

A professora disse não estar preocupada com a população geral do Reino Unido porque não existe “nenhuma indicação” de que a XBB.1.5 possa vencer a proteção contra doenças graves fornecida pelas vacinas. Mas ela está preocupada com o efeito potencial nas pessoas mais vulneráveis.

O professor David Heymann, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, afirma que ainda há muito a se aprender sobre essa última variante. Mas ele disse que é improvável que a subvariante cause grandes problemas em países com altos níveis de vacinação. Sua preocupação é com países como a China, onde havia baixa aceitação de vacinas e pouca imunidade natural por causa de lockdowns prolongados.

“A China precisa compartilhar informações clínicas sobre pessoas infectadas para ver como a variante se comporta em uma população não imune”, afirma o professor Heymann.

Fonte: BBC

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