O ator Stenio Garcia, de 91 anos, que protagonizou uma polêmica recentemente por conta dos efeitos de uma harmonização facial, está internado desde sábado (1/7) com um quadro de septicemia aguda, causada por uma bactéria. Sua mulher, a atriz Marilene Saade, falou sobre o estado de saúde do ator em sua rede social, neste domingo (2), e descartou qualquer relação entre a infecção generalizada e o procedimento estético.
“Passando pra informar que Stenio Garcia se encontra melhor, os exames de urina e Doppler não detectaram alterações/bactérias! A inflamação maior está na coluna como já havia sido falado devido ao pinçamento do nervo”, disse. “Está descartada a relação com procedimentos estéticos ou com a harmonização facial realizada há 1 mês.”
Aos 91 anos, Stenio foi internado no sábado (1º) com fortes dores nas pernas em um hospital na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Ele respira normalmente e faz tratamento para eliminar uma bactéria, segundo a sua assessoria.
O ator passou uma bateria de exames na unidade médica. Entre eles, estão tomografias do crânio, do abdômen e do pulmão, além de testes laboratoriais completos. Após a administração de antibiótico intravenoso, ele teve uma leve melhora.
Ainda de acordo com a assessoria do ator, ele está tomando antibiótico “para eliminar a infecção bacteriana”. Procurado, o Samaritano Barra informou que não tem autorização da família para emitir o boletim médico do ator.
Em junho, Stenio compartilhou o antes e depois de uma harmonização facial, manifestando sua satisfação com o resultado. “Estou me sentindo um jovem de 15 anos”. O resultado foi publicado no perfil da clínica Espelho, Espelho Meu e compartilhado no perfil do ator. Na internet, entretanto, o resultado surpreendeu e provocou muitos comentários negativos, levando especialistas a opinarem sobre possível exagero nos procedimentos.
À imprensa, as cirurgiãs-dentistas Mariana e Camila Avalone, responsáveis pela transformação, revelaram que o ator realizou aplicação de botox, preenchimento do malar, bigode chinês, mandíbula, mento, labial e marionete (ruga que parte do canto da boca em direção ao queixo).
Septicemia: o que é a doença que levou o ator à internação
Considerada uma patologia potencialmente grave, a septicemia, ou sepse, ocorre quando substâncias químicas liberadas na corrente sanguínea ativam um processo inflamatório por todo corpo, podendo desenvolver um quadro grave. Também conhecida como infecção generalizada, a doença pode levar à morte.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que anualmente a septicemia é responsável por cerca de 11 milhões de mortes em todo o mundo. O Brasil está entre os países com as maiores taxas de letalidade pela doença, conhecida em âmbito nacional por infecção generalizada.
“A mortalidade nos hospitais brasileiros por sepse é, em média, de 55%. Esse índice é muito alto quando comparado com dados de países de 1º mundo, onde o percentual fica em torno de 20%”, explica a médica infectologista Rebecca Saad, coordenadora do SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar) do Cejam – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”.
Apesar de as chances de contrair a doença serem maiores para pessoas hospitalizadas para tratamento de quadro infeccioso, qualquer pessoa pode sofrer de infecção generalizada. A principal causa da sepse é a pneumonia, no entanto, a doença também pode ocorrer por infecções urinárias, intra-abdominais, após procedimentos cirúrgicos, entre outras. Além de se manifestar por meio de sintomas como hipotensão arterial — queda da pressão –, respiração rápida, diminuição do volume de urina e até sonolência.
Entre os indivíduos com maior risco para desenvolverem quadros mais graves de infecção estão grupos como crianças com menos de um ano, bebês prematuros, idosos, pacientes que passaram por quimioterapia, usuários de corticosteróides, portadores do vírus HIV, pacientes com câncer, diabéticos e portadores de doenças crônicas.
A médica alerta para a importância de a população se munir de informações acerca do problema. A infectologista explica ainda que a automedicação e o uso indiscriminado de antibióticos podem levar a quadros ainda mais graves de sepse, justamente por aumentar o risco de infecção por bactérias resistentes a muitos antibióticos.
“Ao contrário do que as pessoas imaginam, a sepse não acontece somente no ambiente hospitalar. É importante que a população tenha mais informações sobre o assunto para evitar procurar o hospital só quando as coisas se agravarem. As pessoas estão habituadas a falar sobre questões como infarto do coração, por exemplo, mas pouco sabem sobre a sepse que é uma questão importante”, destaca.
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Sintomas, diagnóstico e tratamento da septicemia
Segundo a especialista, os sintomas da doença podem variar de acordo com o grau de evolução do quadro clínico. Entre os mais comuns estão a febre alta ou hipotermia — como é chamada a queda significativa e potencialmente perigosa na temperatura do corpo — dificuldade para respirar, que podem envolver respiração acelerada, aceleração no ritmo cardíaco, calafrios, agitação e confusão mental.
Para o diagnóstico da sepse, avaliações clínica e laboratorial são realizadas de forma criteriosa, a fim de identificar e tratar a doença que possa ter originado o processo infeccioso. Exames laboratoriais como hemograma, dosagem de proteína C reativa e culturas de sangue e de urina, e/ou exames de imagem, como radiografia, tomografia e ultrassonografia devem ser solicitados.
Conforme Dra. Rebecca, para que haja eficácia, o tratamento da sepse deve ser iniciado o mais rápido possível por profissionais de saúde com experiência na assistência a pacientes criticamente doentes.
“O diagnóstico precoce e início imediato do tratamento são fundamentais para o controle da doença e suas complicações. Como a maioria dos casos ocorre devido a bactérias, a administração de antibióticos — estes sob prescrição médica –, pode ser recomendada para controlar a infecção.”
A médica explica que a cura da doença pode depender do status clínico do paciente, bem como da expertise da equipe médica de atuação no caso. “Os profissionais devem ter ampla sensibilidade na detecção precoce dos sinais de que o indivíduo apresenta”, orienta.
Segundo Dra. Rebecca, assim como para a maioria das patologias, a melhor forma de evitar a sepse é por meio de ações preventivas, aliando hábitos saudáveis ao uso de medicamentos apenas quando prescrito por um médico.
“Outra questão fundamental é que os hospitais tenham bons serviços de controle de infecção hospitalar (SCIH) para orientar o melhor tratamento em casos de sepse que ocorrerem dentro da unidade hospitalar ou que venham da comunidade. Isso geralmente é feito por meio de protocolos de tratamento do hospital. Todos os hospitais geridos pelo CEJAM têm tudo isso instituído”, finaliza.
Com Assessorias
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