Matheus Vinícius Barreto Correia, advogado baiano de 49 anos, sofria com fibrose pulmonar grave decorrente da Síndrome de Sjögren, e dependia de oxigênio 24 horas por dia. Em janeiro, sua situação piorou e ele precisou ser internado para suporte médico avançado e reabilitação hospitalar, necessitando de um transplante pulmonar, que foi realizado em sucesso em março, em um hospital de São Paulo (saiba mais abaixo).

síndrome de Sjögren é uma condição autoimune que causa inflamação nas glândulas lacrimais e salivares. Os principais sintomas são olhos secos, boca seca, fadiga e dores articulares. Casos graves podem afetar os pulmões, rins, pele e sistema nervoso central, causando complicações neurológicas. Estima-se que cerca de meio milhão de pessoas tenham o diagnóstico no país.

A enfermidade é mais comum entre mulheres entre 40 e 50 anos, mas pode ocorrer em homens e também em qualquer idade. Não há muitos estudos sobre o tema, mas acredita-se que cerca de seis em cada 100 mil pessoas desenvolvem a doença, sendo que algo em torno de 20% dos pacientes apresentam complicações.

Os sintomas mais notados são secura ocular e na boca associadas à presença de autoanticorpos, produzindo um processo inflamatório que impede as funções normais. No entanto, a doença pode invadir outros órgãos e afetar também os pulmões, como acontece com outras doenças reumáticas.

Cuidado no diagnóstico e decisão sobre o tratamento adequado é desafio

Segundo o reumatologista Alisson Pugliesi, membro da Comissão de Doença de Sjögren, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o profissional de saúde deve sempre lembrar da possibilidade da manifestação pulmonar no cuidado de seu paciente com Doença de Sjögren, uma vez de sua grande morbimortalidade.

É preciso muito cuidado ao diagnosticar e antes de decidir sobre a terapêutica, distinguir a forma da doença pulmonar é crucial. Ao passo que para a doença intersticial pulmonar, o tratamento imunossupressor é indicado, na manifestação apenas de via aérea, a estratégia principal deve basear-se na broncodilatação”, alerta o especialista.

Uma das formas através das quais o pulmão pode ser afetado pela doença é o processo de inflamação ou formação de cicatrizes nas estruturas de suporte do pulmão, causando doença pulmonar intersticial (DPI) que tem como sintomas tosse seca e falta de ar, que pode ser facilmente confundido com outras enfermidades,

A esperança de cura de Matheus virou realidade no dia 13 de janeiro, quando um doador compatível foi encontrado. Dois dias depois da cirurgia,   realizada com sucesso em março deste ano, em São Paulo, Matheus já respirava sem oxigênio suplementar.

Foi um renascimento. Agora posso sonhar em acompanhar meu filho crescer”, comemora. Pai de um bebê de oito meses, ele celebrou a nova fase cantando. “Fiz um trocadilho com a música ‘Voa, voa’ e gravei um vídeo cantando ‘Noah, Noah’, em homenagem ao meu filho. Um familiar na Bahia conseguiu mostrar ao Bel Marques, que me respondeu, foi muito emocionante”.

Matheus e o filho Noah no dia da alta hospitalar (Foto: Divulgação)

“A situação clínica estava cada vez mais delicada, e ele já não conseguia manter o fluxo de oxigênio necessário sem suporte hospitalar”, destaca Silvia Vidal Campos, coordenadora clínica da equipe de transplante pulmonar do novo Centro de Cirurgias de Alta Complexidade e Transplantes do Hospital São Luiz Itaim, na zona Sul da capital paulista

A esperança de Matheus virou realidade no dia 13 de janeiro, quando um doador compatível foi encontrado. Dois dias depois da cirurgia, Matheus já respirava sem oxigênio suplementar. A recuperação pós-cirúrgica foi realizada na nova UTI de Ultra Complexidade do São Luiz Itaim.

Foi um renascimento. Agora posso sonhar em acompanhar meu filho crescer”, comemora. Pai de um bebê de oito meses, ele celebrou a nova fase cantando. “Fiz um trocadilho com a música ‘Voa, voa’ e gravei um vídeo cantando ‘Noah, Noah’, em homenagem ao meu filho. Um familiar na Bahia conseguiu mostrar ao Bel Marques, que me respondeu, foi muito emocionante”.

Matheus, que teve alta no mês de março, se recupera bem e seguirá em acompanhamento ambulatorial. “Sou grato ao doador e a todos os profissionais envolvidos no meu transplante. Agora quero retomar minha vida, meu trabalho e aproveitar minha família. Não vejo a hora de fazer um passeio com meu filho”.

A cirurgia, primeira do tipo realizada em um hospital da Rede D’Or em São Paulo, foi conduzida por uma equipe especializada liderada pelo cirurgião torácico Tiago Machuca, que retornou ao Brasil em 2024 após 14 anos de experiência nos Estados Unidos e Canadá. “A cirurgia foi um sucesso. Sem o transplante, o paciente não teria sobrevivido. Agora, é gratificante acompanhar sua recuperação”, afirma Machuca.

O desafio dos transplantes de pulmão no Brasil

O Brasil ainda enfrenta desafios para ampliar a realização desse tipo de procedimento. Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, em 2023 foram realizados apenas 103 transplantes de pulmão no país, o equivalente a apenas 0,3% dos 29.261 transplantes de órgãos realizados no mesmo ano. Nos Estados Unidos, para efeito de comparação, são cerca de 2,7 mil transplantes pulmonares anuais.

Essa diferença não ocorre por falta de pacientes com doenças pulmonares avançadas no Brasil, mas sim por dificuldades no acesso ao tratamento”, explica Machuca. Ele destaca que a escassez de órgãos, a complexidade do procedimento e a necessidade de mais centros especializados tornam o transplante pulmonar um desafio no Brasil. “Nosso objetivo é mudar esse cenário, expandindo a capacidade de transplantes na Rede D’Or e formando novas equipes para garantir acesso a mais pacientes”, finaliza.

Agenda Positiva

Estudo clínico busca avaliar a eficácia de novo tratamento

 Instituto de Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento Seleciona pacientes com síndrome de Sjögren para participarem como voluntários de um estudo clínico que busca avaliar a eficácia de novos tratamentos para as doenças.

Para participar do estudo, o paciente deve ter diagnóstico há até 10 anos com atividade moderada a grave, sem complicações severas, como vasculite grave ou doença pulmonar/renal avançada.

Interessados em participar da pesquisa como voluntários podem se inscrever pelo link.

Com Assessorias

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