Desde 2017, no terceiro sábado do mês de outubro, profissionais da área de saúde se unem para falar de uma doença que afeta diversas pessoas em todo mundo, a sífilis. O objetivo é alertar sobre a importância do diagnóstico e do tratamento adequado da sífilis como infecção sexualmente transmissível, especialmente na gestante durante o pré-natal.

De acordo com o Centro Europeu de Controle e Prevenção de Doenças (ECDC), a patologia superou os novos casos de HIV nos últimos anos, no continente. De 2010 para cá o aumento foi de 70%. No Brasil, em 2018, o Ministério da Saúde alertou a sociedade para uma epidemia que ainda não foi controlada. Foram mais de 13 mil casos de sífilis adquirida, ou seja, aquela que é contraída através da relação sexual. No Rio de Janeiro, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES), em 2016 foram notificados 8.956 casos de sífilis, e em 2017, 13.328, um aumento de 48,8%.

A epidemia de sífilis acontece no mundo inteiro e este aumento de casos sugere que a população baixou a guarda e deixou de reconhecer a importância do sexo seguro. Exames e tratamentos de baixo custo levam a acreditar que a prevenção não é essencial. Há ainda o equívoco de pensar que apenas pessoas com hábitos sexuais promíscuos podem se infectar”, ressalta o médico infectologista do Bronstein Medicina Diagnóstica, Alberto Chebabo.

Já a sífilis congênita, transmitida para o bebê durante a gestação, aumentou 16,4% de 2016 para 2017, segundo a Organização Mundial de Saúde. A doença pode se manifestar logo após o nascimento, durante o parto ou após os primeiros dois anos de vida da criança. A doença foi responsável por mais de 200 mil natimortos e óbitos neonatais em todo o mundo.

Nos últimos anos, o Estado do Rio de Janeiro registrou aumento significativo também de sífilis congênita. Dados da SES-RJ apontam que o número de casos passou de 3.356 em 2016 para 4.139 em 2017, um aumento de 23,33%. E entre as gestantes, foram 6.264 casos em 2016 e 8.693 em 2017. Ainda de acordo com o órgão, mais de 40% das mulheres que têm a doença só descobre na hora do parto, curetagem ou aborto.

De acordo com Renato Sá, obstetra e coordenador geral do Centro de Diagnóstico da Perinatal, a sífilis congênita, pode causar malformações do feto, aborto ou morte do bebê. “Ao nascer, a criança pode ter pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados, problemas ósseos, surdez ou deficiência mental, por isso a importância de um acompanhamento médico durante a gravidez”.

Pré-natal é fundamental para detectar a doença

Renato Sá explica que o pré-natal é fundamental para detectar a patologia nas gestantes. A principal recomendação é que a gestante faça a sorologia para sífilis durante o pré-natal. “O diagnóstico é feito pelo exame de sangue, que faz parte da rotina de investigação do pré-natal”. É recomendado que a gestante seja testada pelo menos em três momentos: no primeiro trimestre, no terceiro, no momento do parto ou em casos de aborto.

Mesmo que o primeiro resultado dê negativo, a gestante deve repetir o exame pelo menos três vezes. Em caso de positivo, o tratamento deve ser iniciado durante a gravidez. A detecção precoce é fundamental para o tratamento da síndrome congênita porque ao nascer, a criança pode ter sérias sequelas, como problemas ósseos, surdez, microcefalia ou deficiência mental”, completa Chebabo.

Renato Sá explica que, nesses casos, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível. “Começamos com penicilina benzatina, único medicamento capaz de prevenir a transmissão para o feto. A dose vai depender do estágio da doença”. Para evitar que a gestante seja novamente infectada, o parceiro também deve ser testado.

Atualmente, os protocolos de tratamento estão bem estabelecidos nos casos de bebês expostos à sífilis de mães que não foram tratadas, ou não receberam acompanhamento adequado no pré-natal. “Os pequenos pacientes são submetidos a diversas intervenções que incluem: coleta de amostras de sangue, avaliação neurológica (incluindo punção lombar), raio-x de osso longos, avaliação oftalmológica e audiológica. Muitas vezes há necessidade de internação hospitalar prolongada”, relata Dr. Renato.

A sífilis é transmitida pela bactéria treponema pallidum durante o ato sexual sem proteção com pessoa infectada ou no caso da congênita, que passa da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou no parto. Para prevenir a sífilis a medida mais eficaz é o uso da camisinha, seja a masculina ou a feminina.

Prevenção, diagnóstico e sintomas

O Ministério da Saúde orienta que o exame para diagnóstico da sífilis deve ser feito em pessoas com sinais e sintomas da doença, mas também em pacientes assintomáticos que tiveram relações sexuais sem o uso de preservativo

Quando a sífilis é detectada, o tratamento deve ser indicado por um profissional da saúde e iniciado o mais rápido possível. Os parceiros precisam fazer o teste e ser tratados, para evitar uma nova infecção da mulher.

Os sintomas incluem vermelhidão da pele, que pode se estender até as mãos; dores musculares;  dor de garganta;  febre, mal-estar, dor de cabeça, aumento dos gânglios nas axilas e pescoço são comuns, além de dificuldade para engolir ou perda de apetite e aparecimento de úlceras, que são pequenas feridas, na região genital.

Os sintomas da doença variam muito de acordo com o fase que ela se encontra. Na sífilis primária, observa-se ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria, ou seja, pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele. Essa lesão não coça, não arde e não tem pus”, explica Dr. Renato.

No estágio posterior, sífilis secundária, os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. Pode ocorrer manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palmas das mãos e plantas dos pés”.

Já a sífilis terciária, pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção. “Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte”, explica.

Com Assessorias

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