Terceiro lugar em número absoluto de doadores de órgãos no ranking do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), o Estado do Rio de Janeiro preparou uma série de atividades para comemorar o Setembro Verde. O movimento criado em 2007 para chamar a atenção da população para a necessidade de, por meio da doação de órgãos, salvar vidas.
As comemorações foram abertas na terça-feira (31) com a iluminação do Palácio Tiradentes, antiga sede da Assembleia Legislativa (Alerj). Nesta quinta (2), é a vez de iluminar o principal símbolo do estado, o Cristo Redentor. No dia 15, também haverá a apresentação de 35 jovens músicos da Ação Social pela Música. A audição será nas escadarias do Theatro Municipal, às 11h, para que o público que esteja no Centro da Cidade possa assistir e se sensibilizar com a mensagem da doação de órgãos.
Dia 24 será a vez de o Palácio Guanabara, sede do governo estadual, ser iluminado de verde. No dia 27, Dia Nacional do Doador de Órgãos, parentes de doadores plantarão mudas no Hospital Alberto Torres, especializado em traumas, no Jardim do Doador de Órgãos, uma pérgula construída no hospital e onde anualmente, nesta data, os parentes prestam homenagem a seus mortos doadores. O projeto fortalece a mensagem de que a doação, da mesma forma que as plantas, da frutos e flores.
Também no dia 27, os Arcos da Lapa, a Igreja da Penha e o Maracanã serão iluminados, entre outros lugares-símbolo do estado. Hoje, o Estado do Rio ocupa o terceiro lugar em número absoluto de doadores no ranking do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e o Brasil é o primeiro país do mundo em número de transplantes de órgãos feito pelo sistema público de saúde.
Número de transplantes cai 20% na pandemia
Durante a pandemia, no entanto, o número de transplantes realizados diminuiu em 20%, segundo dados da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Apesar do cenário desfavorável imposto pela Covid-19, o PET realizou, em 2020, 1074 transplantes, sendo 376 córneas e 698 de órgãos sólidos, sendo 22 de coração; 270 de fígado; 384 de rins; além de um transplante simultâneo de coração e rim; 10 de rim e fígado; e 12 de rim e pâncreas.
De janeiro a julho de 2021, foram realizados 748 transplantes de órgãos, sendo 346 córneas transplantadas, 14 corações transplantados, 157 fígados, 220 rins; além de 9 cirurgias simultâneas de rins e pâncreas, 1 simultânea rim e coração, 2 simultâneas rim e fígado, 1 transplante triplo de rim, fígado e coração e uma multivisceral (fígado, pâncreas e intestino transplantados simultaneamente) e um transplante paratireóide.
Criado em 2010, o PET foi responsável pela renovação da vida de mais de 6.900 pessoas por meio de transplantes de órgãos sólidos (categoria que engloba os transplantes de fígado, pulmão, intestino, rim, pâncreas e coração) e recuperou a saúde de inúmeros pacientes com transplantes de ossos, ligamentos e pele. Em 2019, foram 1.335 transplantes, sendo 533 de córnea; 22 de coração; um de coração e rim; 510 de rim; e 269 de fígado. Em 2018, foram 723 transplantes. Desses, 23 foram transplantes de coração, 264 de fígado e 436 de rim.
“Cristo traz a mensagem de doação. Precisamos chamar a atenção para o assunto e propagar a importância de doar os órgãos para salvar outras vidas. Temos ampliado o número de transplantes e, mesmo na pandemia, conseguimos manter um bom patamar. Porém todo esse esforço esbarra na necessidade de ampliar a rede de doadores e, por isso, nos dedicamos muito a essa campanha. É importante que essa mensagem se espalhe”, disse o secretário de Estado de Saúde, Alexandre Chieppe.
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Chieppe lembrou o salto que o Rio de Janeiro deu em relação à capacidade de transplantar órgãos. “O Rio veio, ao longo do tempo, melhorando esse processo, capitando cada vez mais órgãos e transplantando cada vez mais. É preciso melhorar, com um esforço maior do serviço público para transplantar mais. Precisamos sensibilizar a todos da importância desse ato”, disse
Segundo o secretário, o estado vem, nos últimos anos, especializando profissionais e ampliando a capacidade de atendimento das suas unidades para melhorar a oferta de transplantes para a população. Em julho passado, a Secretaria de Estado de Saúde habilitou a equipe de transplante de pulmão do Instituto Nacional de Cardiologia. Com a capacitação, o Rio passou a ser o terceiro estado do país a realizar esse tipo de transplante. Há 15 anos não se fazia transplante de pulmão no estado.
O Hospital Estadual da Criança (HEC) é outro exemplo. A unidade atende crianças e jovens de 0 a 19 anos, sendo a primeira instituição pública pediátrica no estado voltada para cirurgias de média e alta complexidade, além do tratamento oncológico e transplante renal e hepático. A unidade é especializada também em transplantes renais pediátricos de baixo peso, que são os que têm menos de 15 quilos.
‘Eu renasci’, diz secretário que recebeu rim
Para Alexandre Cauduro, diretor geral do Programa Estadual de Transplantes (PET), o Setembro Verde é um mês de conscientização das pessoas de poder ajudar a tantos doentes que estão sofrendo.
“O transplante muda vidas. A atividade de transplantes no Brasil mostra a força do setor público de saúde. Uma atividade que se inicia como um ato de amor. A doação ocorre num momento de muita dor das famílias que perdem seus entes queridos, mas quem na possibilidade de transplante o poder de exercer a empatia”, disse.
Reforçando a importância de ser um doador, o secretário de Estado de Agricultura, Marcelo Queiroz, fala do ponto de vista de quem passou por um transplante. Ele recebeu um rim, depois de anos em tratamento de hemodiálise: “Eu renasci em virtude de um momento como esse. Voltei um Marcelo diferente depois do transplante. Um Marcelo que dá valor as pequenas coisas da vida”, afirma o secretário.
Alerj promete apoio ao banco de olhos de Volta Redonda
No lançamento da campanha Setembro Verde, o presidente da Alerj, deputado André Ceciliano (PT), anunciou que o Parlamento fluminense pretende apoiar o banco de olhos de Volta Redonda, no Sul do estado, na compra de um microscópio, avaliado em R$ 200 mil, que vai ampliar a capacidade de transplantes.
“Já falei com o prefeito de Volta Redonda e ele vai preparar um projeto. Vamos enviar ao secretário de Saúde, para que possamos potencializar ainda mais o processo de doação de órgãos. É fundamental termos a consciência de que podemos ajudar outras pessoas quando nos tornamos doadores”, disse Ceciliano.
O Setembro Verde foi criado através da Lei 7.591/17, de autoria do ex-deputado Tio Carlos. Há também o Dia Nacional da Doação de Órgãos e Tecidos, comemorando no dia 27 de setembro.
A iluminação verde na Alerj contempla ainda a Semana Estadual de Valorização e Qualificação do Profissional de Educação Física, para conscientizar a população sobre medidas de promoção a uma vida saudável. A iniciativa é de autoria do deputado Marcos Mullher (SDD), por meio da lei Lei 9.086/2020.
Como ser um doador de órgãos
Para fazer a doação dos órgãos é preciso informar o desejo à família, pois a doação só ocorre com a autorização dos parentes próximos. Em caso de doadores falecidos, que não tenham expressado sua vontade de ser um doador, o procedimento só acontece com autorização da família.
Se for constatada morte cerebral, podem ser doados o coração, os dois pulmões, o fígado, os dois rins, o pâncreas e o intestino; além de tecidos como córneas, ossos, pele e válvulas cardíacas. Já em morte causada por parada cardiorrespiratória, apenas os tecidos são doados.
Outras informações no site www.transplante.rj.gov.br.
Com SES-RJ e Alerj