O município do Rio de Janeiro registrou o primeiro caso de dengue tipo 4 nesta quinta-feira (7/12). Trata-se de uma mulher, de 45 anos, residente da capital fluminense, que começou a sentir os sintomas no dia 26 de novembro e segue com os cuidados e tratamento em sua residência.

A amostra foi confirmada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen-RJ) após três protocolos de análise diferentes.  A Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) informou o resultado da análise ao município do Rio de Janeiro logo após a conclusão do laboratório.

“A dengue tipo 4 é menos agressiva do ponto de vista clínico que a do tipo 3, que ainda não circula em nosso estado. A diferença é que como ele volta a circular em nosso território após 5 anos, os que nasceram após o ano de 2018 não tiveram contato com o vírus e não desenvolveram imunidade contra ele, o que aumenta o risco de termos uma epidemia”, explicou a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.

O principal alerta, no entanto, é para o tipo 3, que tem registrado casos em São Paulo e no Espírito Santo e e ainda não chegou no Estado do Rio. O vírus circulou em 2002 no estado e, por isso, estima-se que cerca de 5 milhões de pessoas não tiveram contato com este tipo de dengue e são mais suscetíveis.

“Estamos atentos para a possiblidade de crescimento de casos, uma vez que o tipo 4 não circula desde 2018 no estado do Rio, e também temos a possiblidade do surgimento do tipo 3 já identificado em outros estados do Sudeste”, destaca a secretária, dizendo que a população precisa estar ciente dos cuidados para evitar a proliferação dos focos do mosquito Aedes aegypti.

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Profissionais são treinados para atender pacientes 

A Secretaria de Estado de Saúde informou que antecipou ações preventivas junto aos municípios com capacitação técnica, estabelecendo fluxos de atendimento e cuidado no manejo de pacientes. Médicos e enfermeiros dos municípios são capacitados para o atendimento clínico aos casos de dengue, medida considerada crucial em um cenário de epidemia.

A pasta também informou que adquiriu e tem à disposição equipamentos para montagem de salas de hidratação nas cidades que solicitarem suporte. Foram adquiridas cadeiras, longarinas e bebedouros. Os estoques de soro, antitérmicos e analgésicos também receberam reforço, embora a compra desses itens seja feito diretamente pelas secretarias municipais de saúde.

“A SES-RJ também está pronta para reforçar o atendimento nas 25 UPAS estaduais com a montagem de salas de hidratação e fluxo específico”, afirma a pasta, em nota. Na quarta-feira (06/12), técnicos da SES-RJ retornaram ao estado após participarem de um treinamento no Ministério da Saúde com a participação da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) sobre o manejo clínico de pacientes de dengue.

“Assim como os sintomas, o manejo clínico da dengue tipo 4 é o mesmo dos tipos 1, 2 e 3 desde a avaliação às recomendações de tratamento”, disse Daniela Vidal, médica da Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES-RJ.

Principais sintomas da dengue tipos 1, 2, 3 e 4

Os principais sintomas da dengue são: febre alta (> 38°C); dor no corpo e articulações; ; náuseas e vômitos dor atrás dos olhos; mal-estar; falta de apetite; dor de cabeça; manchas vermelhas no corpo .

No entanto, a infecção por dengue pode ser assintomática (sem sintomas), apresentar quadro leve, sinais de alarme e de gravidade. Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (>38°C), de início abrupto, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele.

Também podem acontecer erupções e coceira na pele. A forma grave da doença inclui o aparecimento de sinais de alarme, como: dor abdominal intensa e contínua, náuseas, vômitos persistentes e sangramento de mucosas.

Tratamento

Para os casos leves com quadro sintomático recomenda-se:

Repouso relativo, enquanto durar a febre;

Estímulo à ingestão de líquidos;

Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre;

Não administração de ácido acetilsalicílico;

Recomendação ao paciente para que retorne imediatamente ao serviço de saúde, em caso de sinais de alarme.

Os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para o manejo clínico adequado. Ainda não existe tratamento específico para a doença. A dengue, na maioria dos casos leves, tem cura espontânea depois de 10 dias.

É importante ficar atento aos sinais e sintomas da doença, principalmente aqueles que demonstram agravamento do quadro, e procurar assistência na unidade de saúde mais próxima. O indivíduo pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque pode ser infectado com os quatro diferentes sorotipos do vírus.

Uma vez exposto a um determinado sorotipo, após a remissão da doença, o indivíduo passa a ter imunidade para aquele sorotipo específico, ficando ainda suscetível aos demais.

Melhor forma de prevenção é combater o mosquito

O controle do mosquito Aedes aegypti é a melhor forma de prevenir a dengue e outras arboviroses urbanas (como chikungunya e Zika), seja pelo manejo integrado de vetores ou pela atuação da população, eliminando os focos do mosquito em seus domicílios e quaisquer outros espaços de vivência, como o local de trabalho, igrejas, centros espíritas, e escolas.

Deve-se reduzir a infestação de mosquitos por meio da eliminação de criadouros, sempre que possível, ou manter os reservatórios e qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas, capas, tampas, impedindo depósito de ovos do mosquito Aedes aegypti.

Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquitos devem ser adotadas por viajantes e residentes em áreas de transmissão. A proteção contra picadas de mosquito é necessária principalmente ao longo do dia, pois o Aedes aegypti pica principalmente durante o dia, e mais frequentemente entre 6h e 10h e entre 16h e 20h.

Painel Vigidesastres monitora eventos climáticos

Este será o primeiro verão em que a secretaria contará com o Painel Informativo Vigidesastres, que reúne informações de desastres ocasionados por eventos climáticos em todos os 92 municípios do estado e os danos causados por eles. A plataforma foi desenvolvida pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), do Governo do Estado.

No painel estão informações sobre o tipo de evento (chuva, inundação, deslizamento, vendaval, incêndios etc), o número de habitantes afetados, as áreas danificadas e os impactos na rede de saúde de cada localidade. A avaliação dos planos de contingência de cada município também está disponível na ferramenta, bem como os sites utilizados para emissão dos alertas.

Secretaria de Estado de Saúde promove seminário de preparação para desastres naturais

O anúncio ocorreu durante a quarta edição do seminário “Saúde e gestão dos riscos em desastres”, realizado nesta quarta-feira (6). Representantes da SES-RJ, da Organização Pan-Americana da Saúde e do Ministério da Saúde promoveram uma roda de debate e capacitação para 170 técnicos de 55 cidades do Rio de Janeiro. O objetivo da secretaria é que as equipes municipais revejam protocolos e planos de contingência diante de eventos climáticos de grande magnitude.

Edenilo Barreira, coordenador nacional do Programa Vigidesastre, do Ministério da Saúde, falou sobre a interferência das alterações climáticas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Já temos a certeza que no próximo ano as ondas de calor permanecerão. É preciso entender esse comportamento e organizar o SUS. Quais aquisições de insumos e medicamentos estratégicos serão necessários, por exemplo? De que forma se comportarão as notificações das arboviroses? Como atuar nas unidades de saúde e de longa permanência com altas temperaturas? Tudo isso precisa ser revisto através de novas medidas de controle e prevenção”, refletiu.

Plano Verão: como enfrentar emergências

De acordo com a SES-RJ, o evento é umas das frentes do novo Plano Verão desenvolvido pela pasta e uma política do Governo do Estado para enfrentar emergências. “É uma forma de atuação que visa à gestão do SUS com objetivo de identificar ameaças, seus impactos, níveis de risco e, a partir daí, traçar novos planos e protocolos”, detalhou a secretária Claudia Mello.

Oficinas regionais serão realizadas pela equipe técnica do CIEVS/SES-RJ a partir da próxima semana. Mario Sérgio Ribeiro, subsecretário de Vigilância e Atenção Primária à Saúde, destacou a necessidade dos gestores municipais se atentarem aos fenômenos naturais que possam vir a ocorrer com as mudanças climáticas.

“Em situação de emergência, quando o tempo da resposta é fundamental, as esferas do setor público precisam estar alinhadas com uma estratégia previamente definida. A atuação precisa estar cada vez mais personalizada, uma vez que cada município e cada região possuem as suas peculiaridades”, concluiu Mário.

Luciana Gallo, da OPAS, colocou 35 de gestão de risco, todos em português, à disposição do estado e dos municípios para que possam atualizar seus planos de contingência, com medidas de cooperação e capacitação dos profissionais.

Fonte: SES-RJ

 

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