O Rio de Janeiro se despede do verão com calor recorde. No último fim de semana da temporada, a cidade registrou dois dias consecutivos de temperaturas acima dos 40 graus, mas a sensação térmica ultrapassou 60 graus. Com o calor extremo, as praias da cidade lotaram – algumas pessoas ficaram até a noite e durante a madrugada para se resfrescarem.

Neste domingo (17), a sensação térmica chegou a 62,3 graus, às 9h55, na estação meteorológica de Guaratiba, na zona oeste da cidade. Foi a maior da série histórica do Sistema Alerta Rio, do Centro de Operações Rio (COR), que monitora as temperaturas desde 2014. No sábado (16), a sensação térmica bateu 60,1 graus, às 10h20, na mesma estação. Já a temperatura marcou 40,3 graus no sábado e 42 no domingo.

O recorde anterior ocorreu no dia 18 de novembro de 2023, quando a estação de Guaratiba tinha alcançado 59,7 graus. Naquele dia, uma fã de Taylor Smith morreu dentro do estádio olímpico Nilton Santos (Engenhão), por causa do forte calor durante o show de estreia da turnê da cantora americana no Brasil. Em dezembro, a perícia concluiu que a causa da morte de Ana Carolina Benevides, estudante universitária de 23 anos que morava em Rondonópolis (MT), foi exaustão térmica.

A previsão é que a terceira onda de calor de 2024 continuará não dando trégua a cariocas e visitantes ao longo da semana, confirmando as previsões da terceira onda de calor. Na segunda (18), a previsão é de mais um dia de calor na capital fluminense, com temperaturas máximas em torno de 39°C e sensações térmicas acima dos 50°C. Não há expectativa de chuva e o céu estará claro a parcialmente nublado, segundo informações do COR, da Prefeitura do Rio.

Alerta de perigo potencial à saúde

Todo o Estado do Rio de Janeiro está pintado de amarelo no mapa do  Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que alerta para “perigo potencial”. Todo o Estado do Rio de Janeiro sofrerá com as altas temperaturas até a entrada do outono, que começa no dia 20. Para os próximos dias, a previsão indica máxima de 39°C nesta segunda-feira (18), 37° na terça (19), 40° C na quarta (20) e 38°C na quinta-feira (21). Somente na segunda não há previsão de pancadas de chuva a partir da tarde.

A classificação de risco passou a valer no sábado (16) e dura até o final da tarde da segunda-feira (18). Segundo o Inmet, isso significa que há risco à saúde por causa de temperaturas 5ºC acima da média. Não foram divulgados atendimentos causados pelo calor nas unidades de saúde do município. Diversos pontos de hidratação funcionaram para atender a população em situação de rua.

A terceira onda de calor no Brasil deixou em alerta mais de 1,6 mil municípios de partes de ParanáSão PauloRio de JaneiroEspírito SantoMinas GeraisMato Grosso do Sul Goiás. O alerta máximo do Inmet vale para 556 municípios que estão no norte do Paraná; sul, leste e centro-norte mato-grossense; e as regiões paulistas de Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Piracicaba, Ribeirão Preto, Araçatuba, Marília, Araraquara e Bauru.

A terceira onda de calor é resultado da presença de uma intensa massa de ar quente no Paraguai e na Argentina. Uma área de alta pressão atmosférica favorece a manutenção do calor sobre a região, inibindo a formação de nuvens carregadas e mantendo o clima seco e em constante aquecimento.

Entenda o que é sensação térmica

De acordo com o Centro de Operações Rio (COR), da prefeitura da capital, a sensação térmica “é um índice de calor calculado a partir dos dados de temperatura e umidade relativa do ar. Quanto maior for a temperatura e a umidade relativa do ar, maior será a sensação térmica na região”.

Características geográficas da região de Guaratiba favorecem a ocorrência de temperaturas e umidades relativas do ar elevadas, especialmente pela manhã. “A região é úmida por causa da proximidade com o oceano e costuma receber influência de ventos quentes de quadrante norte no período da manhã”, explicou o COR.

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Cuidados com a saúde durante a onda de calor

A Defesa Civil alertou que o calor intenso aumenta os riscos de desidratação, insolação e de agravamento de doenças cardiorrespiratórias. A condição climática pode ampliar riscos cardíacos, como o comprometimento coronário, uma vez que para manter a pressão arterial sob controle os vasos se dilatam, fazendo com que o coração trabalhe mais. A combinação de dias quentes e secos aumenta a concentração de poluentes no ar que podem ocasionar irritação nos pulmões.

Com a nova onda de calor, as Secretarias municipal e estadual de Saúde do Rio de Janeiro divulgaram alertas para cuidados em dias de altas temperaturas. Entre as recomendações da SMS para que todos se protejam do calor intenso estão a de que se mantenham bastante hidratados, evitem atividades ao ar livre entre as 10h e as 16h, utilizem protetor solar e usem roupas leves.

A dermatologista da SES-RJ Maria Eugênia Noviski, alerta, por exemplo, que o protetor solar deve ser aplicado antes de sair de casa e repassado a cada duas horas. Também não se deve usar perfumes. Esse e outros cuidados devem ser observados para não prejudicar a pele nos períodos de exposição ao sol. Além de orientações, há também recomendações para a utilização de roupas apropriadas e hidratação.

“Quando estiver, por motivos profissionais ou recreativos, submetido à exposição solar, a pessoa deve se proteger por métodos físicos, com roupas apropriadas, ou químicos por meio do protetor solar. O protetor solar deve ser aplicado pelo menos 30 minutos antes da exposição e em todas as áreas expostas. Além disso, se possível, evitar estar exposto ao sol no período de 10 h às 16 h”, destacou a especialista.

Outro ponto destacado pela médica é a utilização de perfume durante o período de exposição ao sol. “Não é aconselhável a exposição solar com perfumes, loções ou similares, pois, em contato com os raios solares na pele com sudorese, podem causar irritações cutâneas ou manchas”, disse.

Risco de queimaduras e insolação – o que fazer?

Quando a exposição ao sol se prolonga por muito tempo, a preocupação aumenta com as queimaduras e a insolação. Para analisar a gravidade das queimaduras, a recomendação é que um profissional de saúde seja consultado, pois depende de vários fatores: extensão e profundidade da área corporal afetada, idade e presença de comorbidades.

Em relação à insolação, ela acontece devido a falha no sistema dos mecanismos de transpiração por exposição excessiva ao sol. Alguns dos principais sintomas são aumento da temperatura corporal, confusão mental, náuseas e distúrbios visuais. Nesse caso, também é recomendada uma consulta com um especialista.

A respeito da descamação na pele, a especialista orienta que ela pode ser reduzida com aplicação de hidratantes hipoalergênicos em toda superfície corporal. Outro cuidado é evitar a utilização de sabonetes e tomar banhos quentes.

Todas essas recomendações são fundamentais para prevenção ao câncer de pele melanoma, e o não melanoma, que segundo o Ministério da Saúde, é o mais frequente no Brasil, responsável por 30% de todos os casos de tumores malignos registrados no país.

Para minimizar os efeitos do calor também é importante não se esquecer da hidratação oral, por meio da ingestão de água, levar o guardar sol quando for à praia e manter os ambientes internos mais frescos, com a utilização de ventiladores e aparelhos de ar condicionado.

Com Assessorias e agências Brasil e Estadão (atualizado em 17/3/24)

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