Profissionais de saúde levam cuidados paliativos a comunidades

Enfermeiro criou e lidera projeto Comunidades Compassivas, que vai a favelas do Rio para cuidar de doentes com doenças incuráveis

O enfermeiro Alexandre Ernesto Silva sobe as comunidades da Rocinha e Vidigal com um grupo de voluntários para oferecer cuidados paliativos a doentes em suas residências (Foto: Divulgação)
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Desde 2018, o enfermeiro Alexandre Ernesto Silva divide seu tempo entre Minas Gerais, onde dá aulas na Universidade Federal de São João Del Rei, e o Rio de Janeiro, onde sobe as comunidades da Rocinha e Vidigal para levar cuidados paliativos a pacientes que têm doença incurável ou que ameace a vida, garantindo tratamento do Sistema Único de Saúde que possa lhes trazer alívio da dor e amenizar o sofrimento.

Todo mês, Alexandre leva um grupo de profissionais de saúde para visitar doentes, indicados pelos agentes comunitários de saúde, moradores da comunidade e até mesmo pela Clínica da Família do SUS carioca, para avaliar e fazer um diagnóstico do estado de saúde dos pacientes para incluí-los no Plano de Cuidados Avançados. Este plano inclui a oferta de medicamentos, materiais de higiene pessoal, até mesmo roupas de cama e alimentação, obtidos por meio de doadores.

“É um trabalho complementar ao SUS para aqueles pacientes que necessitam de um cuidado a mais para ter dignidade e qualidade de vida em sua própria casa. São pessoas doentes que serão cuidadas pelos próprios moradores da comunidade com apoio e orientações dos profissionais de saúde”, explica Alexandre.

A última visita ocorreu no último dia 30 de setembro as ruas da comunidade da Rocinha, na zona Sul carioca, primeira comunidade compassiva no País criada em 2018 por Alexandre. O projeto Comunidades Compassivas em Favelas no Brasil já atendeu nesses cinco anos, recém-completados, perto de 500 pacientes nas duas comunidades cariocas.

Hoje, serve de modelo para outras iniciativas que foram implantadas em comunidades carentes no país: Goiânia Compassiva, no Setor Noroeste, em Goiânia (GO): Cabana do Pai Tomaz, em Belo Horizonte, e em Betim, ambas em Minas Gerais, e mais recentemente São Paulo Compassiva – Heliópolis, em São Paulo (SP).

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Agenda Positiva

Favela da Rocinha recebe o 1° Encontro de Comunidades Compassivas

Com a palestra “Compaixão como instrumento para lidar com o sofrimento e promover a qualidade de vida”, o enfermeiro e professor Alexandre Ernesto Silva abre o 1° Encontro de Comunidades Compassivas, promovido pelo Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) em alusão ao Dia Mundial dos Cuidados Paliativos (dia 13 de outubro).

A data foi criada há 17 anos pelo WHPCA (World Hospice and Palliative Care Advance) para difundir e apoiar as ações que incentivem a adoção desta prática. O evento acontecerá nos dias 13 e 14 de outubro no Complexo Esportivo da Rocinha, com o tema “Comunidades Compassivas: Juntos para Cuidados Paliativos”.  

“Promovemos este encontro para mostrar a todos que as Comunidades Compassivas podem fazer diferença no atendimento dos que sofrem de doenças graves e têm dificuldade de acesso à rede de saúde e não podem esperar para receber tratamento e cuidados”, afirmou o presidente da ANCP, Rodrigo Kappel Castilho.

Ele ressaltou que o encontro é uma oportunidade de apresentar na prática como Cuidados Paliativos podem ser implantados para atendimento e cuidados aos doentes e aos familiares de áreas vulneráveis, por meio do engajamento e capacitação dos comunitários.

As Comunidades Compassivas são a união entre a equipe multiprofissional de cuidados paliativos e da saúde com a comunidade. Os profissionais da saúde se unem aos protagonistas das comunidades, que já cuidam dos seus, para que formem uma unidade de cuidados e foquem atenção e atendimento aos pacientes com doenças graves e ameaçadoras da vida e aos seus familiares.

“O objetivo das Comunidades Compassivas é capacitar voluntários locais que, em conjunto com uma rede de profissionais voluntários, ofereçam cuidados para os doentes e família em áreas mais vulneráveis, promovendo a interlocução com o poder público”, afirma Érika Lara, diretora da ANCP, médica da família e coordenadora do projeto Goiânia Compassiva, implantado na região noroeste de Goiânia, periferia da capital goiana.

O 1° Encontro de Comunidades Compassivas contará com a presença de representantes e voluntários das Comunidades Compassivas já implantadas no país, organizadas nas cidades do Rio de Janeiro (Rocinha e Morro do Vidigal), Belo Horizonte (Cabana do Pai Tomás) e Goiânia (Goiânia Compassiva). O evento é aberto ao público em geral e também acontecerá de forma híbrida. A programação prevê ainda mesas de debate, rodas de conversa e apresentações musicais. As inscrições podem ser feitas no link.   

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