De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), há de 155 mil a 160 pacientes com doenças renais crônicas em tratamento de suporte renal artificial, ou seja, em diálise. Esses pacientes representam 0,08% da nossa população e são portadores do estágio mais avançado da doença renal.

Estima-se, ainda, que 20 milhões de brasileiros apresentem algum grau de doença renal crônica, e, mais de 95% dessas pessoas estão em estágios iniciais da doença, sendo possível realizar intervenções para minimizar os danos aos rins, evitando a progressão da doença.

A diálise e a hemodiálise são realizadas nos casos em que há diminuição da capacidade funcional dos rins. Para alertar sobre a importância do tratamento, o Dia Nacional da Diálise, instituído pela Lei 14.650 de 23 de agosto de 2023 na última quinta-feira do mês de agosto.

A data conscientiza sobre as doenças renais, os fatores de risco, as comorbidades e a diálise como mecanismo para prevenir o agravamento das doenças. A campanha também visa sensibilizar entidades públicas e privadas sobre a necessidade de assegurar mecanismos efetivos de financiamento para os procedimentos de diálise, tanto por parte do governo federal, quanto por meio da ampliação do cofinanciamento com os estados, considerando a complexidade dos processos e seus custos elevados.

Como parte das ações pela data, o Congresso Nacional recebe iluminação azul e vermelha nestas quinta (29) e sexta-feiras (30). Na semana do Dia Nacional da Diálise, são realizados eventos, seminários, palestras e debates sobre o tema, promovidos por autoridades sanitárias, profissionais de saúde e pela sociedade civil. As ações buscam mostrar o quanto a prevenção e o tratamento são fundamentais para a qualidade de vida e a sobrevivência de pacientes renais.

Importância do diagnóstico precoce e dos cuidados contínuos

Para Thiago Reis, médico nefrologista e diretor clínico da Fenix Nefrologia, yrata-se de um marco importante para aumentar a conscientização sobre a doença renal crônica e a relevância dos tratamentos de diálise. É, portanto, um momento para refletir sobre a importância dos avanços tecnológicos no tratamento da doença renal crônica e para reforçar a necessidade de práticas preventivas e diagnóstico precoce.

O Dia Nacional da Diálise é uma oportunidade crucial para sensibilizar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e dos cuidados contínuos com a saúde renal. A detecção antecipada e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a qualidade de vida dos pacientes”.

Dr. Thiago considera ainda que a prevenção de doenças renais envolve a adoção de hábitos de vida saudáveis, atenção com uso de algumas medicações e acompanhamento médico de rotina.

Manter um peso adequado, seguir uma dieta equilibrada, praticar exercícios regularmente, evitar o uso excessivo de anti-inflamatórios não esteroides. Além disso, é importante controlar doenças preexistentes, como diabetes e hipertensão, e nos exames de rotina, medir a creatinina no exame de sangue e avaliar a presença de proteína no exame de urina, pois o aumento no valor da creatinina e a presença de proteína na urina são sinais precoces da doença renal”.

A doença renal crônica (DRC) é caracterizada pela diminuição da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. Muitas vezes, ocorre em consequência de outras comorbidades, como hipertensão e diabetes, além de doenças autoimunes como o lúpus. André Pimentel, nefrologista e diretor médico na Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplantes (ABCDT), explica:

As doenças renais são lentas, elas são progressivas e muito silenciosas. O que eu quero dizer com isso? Não apresentam nenhum sinal nas suas fases mais iniciais, somente nas suas fases mais avançadas. Por isso é tão importante identificar essas doenças tão precocemente. Temos que estar muito atentos aos fatores de risco e sempre que possível corrigi-los ou cuidar para que eles sejam administráveis na jornada progressiva da doença. Isso é muito importante”, explica. E quando o comprometimento dos rins é maior, a Terapia Renal Substitutiva (TRS), mais conhecida como diálise, se faz necessária.

Campanha #ADiáliseNãoPodeEsperar

À medida que a ciência evolui, novas tecnologias surgiram trazendo mais bem estar aos renais em todo o mundo. E o maior desafio no Brasil é acompanhar essa evolução. Dados do SUS mostram que 87% da oferta da hemodiálise para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil é realizada por meio do atendimento em clínicas particulares conveniadas, em sua maioria representadas pela ABCDT, que reúne mais de 830 clínicas de diálise que atendem pacientes renais do SUS e privados em todo o país.

A diálise permite que pacientes renais crônicos continuem a viver, porém o acesso ao tratamento no Brasil está aquém das necessidades do nosso sistema de saúde. Para que esses pacientes tenham uma vida produtiva para além de seu diagnóstico, precisamos transpor desafios que hoje são enfrentados no acesso ao tratamento desta doença”, alerta Yussif Ali Mere Júnior, presidente da ABCDT.

Mas as clínicas dependem dos recursos recebidos para melhorarem a qualidade do tratamento. Os pacientes não podem deixar de dialisar três vezes por semana durante toda sua vida. Os pacientes não podem esperar por uma vaga se abrir em clínica de diálise, muitas vezes ocupando leitos de hospital.

A campanha #ADiáliseNãoPodeEsperar busca sensibilizar entidades públicas e privadas sobre a necessidade de assegurar mecanismos efetivos de financiamento para os procedimentos de diálise, tanto por parte do Governo Federal, quanto por meio da ampliação do cofinanciamento com os estados, considerando a complexidade dos processos e seus custos elevados.

Com vazios assistenciais distribuídos por todas as regiões do país e ainda bem distante de cumprir as metas definidas nos “critérios e parâmetros assistenciais para o planejamento e programação de ações e serviços de saúde no âmbito do sistema único de saúde de 2017”, a ABCDT mais uma vez, como em todos os meses de agosto, busca dar mais visibilidade ao tema.

Com Assessorias

 

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