São Paulo ganhará uma uma rede para garantir o tratamento de pacientes de Covid-19 pela transfusão do plasma de convalescente, produto obtido a partir do sangue coletado de outras pessoas infectadas com o novo coronavírus. No Rio de Janeiro, dados preliminares de uma pesquisa realizada no Hemorio apontaram que a técnica é eficiente nos pacientes em estágios iniciais de infecção ao neutralizar o Sars-Cov-2.

Esse esforço da rede de plasma se assemelha ao de uma doação de sangue, com critérios objetivos de quem pode doar e quem pode receber. Faremos a coleta e a distribuição do plasma doado por pessoas já contaminadas e que têm os anticorpos para pacientes em tratamento”, afirmou o vice-governador Rodrigo Garcia nesta sexta-feira (26).

Sob coordenação do Instituto Butantan, a nova estrutura deverá garantir a logística necessária para coletar, distribuir e utilizar o plasma convalescente nos serviços de saúde de todo o Estado. Os pilotos do projeto serão implantados, inicialmente, nas cidades de Santos e Araraquara. Segundo o diretor-presidente do Butantan, Dimas Covas, até o momento, não há terapia específica contra a Covid-19, mas o tratamento com o plasma tem trazido bons resultados.

O objetivo do plasma é transferir ao paciente anticorpos de maneira passiva, até que o organismo afetado tenha tempo de reagir e montar a sua resposta imune. Trata-se de uma vacina instantânea, uma forma de tratamento que pode ser usada em meio à pandemia”.

Plasma convalescente já foi usado em mais de 300 pacientes no Rio de Janeiro (Foto: Hemorio)

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Até o momento, mais de 300 pessoas foram transfundidas com plasmas doados no Hemorio, seja no âmbito de estudos clínicos ou em utilização compassiva.  O plasma doado pelos pacientes curados fica na unidade e é distribuído mediante solicitação dos hospitais que tratam casos de Covid-19.

O procedimento consiste em infundir o plasma — parte do sangue que contém anticorpos — colhido de pacientes curados, selecionados por terem altos teores de Imunuglobulina G (IgG) anti-coronavírus, em pacientes com Covid-19. O diretor do Hemorio, Luiz Amorim, explica que cada plasma coletado pode fornecer tratamento para até três pessoas.

A expectativa é que haja melhora da evolução da doença e redução da mortalidade nos pacientes que recebam a terapia, desde que esta não seja feita em fase avançada da doença, além de os riscos serem praticamente zero. Vamos continuar as pesquisas para tentar identificar os grupos nos quais o plasma estaria mais indicado”, disse ele.

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Entenda as regras criadas pelo Butantan

Para a criação da rede, o Butantan contará com a colaboração de cinco grandes hemocentros parceiros: HHemo, Fundação Pró-Sangue e Colsan, em São Paulo; Hemocentro da Unicamp, em Campinas; e Hemocentro de Ribeirão Preto.

O plasma de convalescente, retirado do sangue de voluntários, contém anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2. É obtido por meio de doação de sangue voluntária de pessoas que já foram contaminadas pelo novo coronavírus e que, portanto, já possuem anticorpos.

As regras para doar o plasma são as mesmas seguidas para doar o sangue: ter boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 quilos, evitar alimentação gordurosa antes da doação e apresentar documento original com foto. É fundamental que o doador já tenha sido contaminado pela Covid-19 anteriormente, pelo menos 30 dias antes do ato da doação.

O plasma de convalescente é indicado para pessoas que estão apresentando sintomas há, no máximo, 72 horas, e que têm diagnóstico confirmado por exames. Os públicos-alvos do tratamento são os imunossuprimidos, idosos e pacientes com comorbidades.

Os voluntários devem ser, prioritariamente, do sexo masculino. Isso porque, durante a gestação, a mulher libera anticorpos na corrente sanguínea que podem causar uma reação grave chamada TRALI (transfusion-related acute lung injury) no paciente que recebe a transfusão.

Ferramenta virtual

Uma ferramenta de assistência virtual do Butantan, chamada “Tainá”, vai auxiliar na organização da rede, por meio do controle do estoque de plasma, monitoramento dos locais onde o produto será distribuído e de quais os pacientes que serão contemplados, além de efetuar o acompanhamento da evolução clínica de cada pessoa que receber o plasma.

Claudia Anania, gerente de TI do instituto, explica que é mais uma forma da tecnologia ser usada a favor da saúde. “A Tainá vem sendo utilizada em diversos projetos do Butantan, e agora vai organizar a rede de plasmas para termos controle e segurança de nossas ações em várias cidades do país”.

Com Assessorias

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