Ainda sem cura, mas cada vez mais crescente, o Alzheimer desafia a Ciência e a Medicina e inspira artistas no Brasil, no teatro e no cinema. O musical Donatello – em cartaz até dia 10 de outubro em São Paulo – sensibiliza o público sobre a Doença de Alzheimer com delicadeza, leveza e poesia, convidando o público a refletir sobre a importância das lembranças e o impacto delas em suas vidas, abordando a doença de forma sensível e promovendo a empatia. O protagonista e narrador, Amendoim (Vitor Rocha), ganhou esse apelido de seu avô, após a primeira crise de Alzheimer.
Já no cinema, o drama Kasa Branca – que estreia no Festival do Rio, em outubro – conta a história do jovem negro Dé (Big Jaum) que passa a viver na periferia de São Paulo com a avó, depois que ela é diagnosticada com Alzheimer e descobre que tem pouco tempo de vida. Ao lado de seus dois amigos inseparáveis, o protagonista tenta aproveitar a convivência com a avó da melhor forma.
‘Donatello’: musical questiona memórias esquecidas
Após emocionar mais de 1 mil pessoas, lotando todas as sessões em sua primeira temporada, ‘Donatello’ volta aos palcos para oferecer uma experiência que, para além de entreter, comove e cativa. A peça borda, de forma sensível e poética, temas universais como memória, envelhecimento, amor, amizade e família. O musical questiona sobre as memórias deixadas de lado ao se viver no modo automático, onde o perene sai de cena para dar lugar a uma vida mais imediatista.
Com uma proposta intimista que mergulha nos sentimentos humanos mais profundos, o musical evoca recordações saudosas de lugares, lazeres, gostos, como a primeira casa, o programa de televisão preferido, o doce de padaria favorito, o sabor de sorvete mais repetido, até os lugares e objetos mais queridos.
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Inspiração no avô do protagonista
Compartilhar sorvete com o avô sempre foi seu passatempo favorito, mas agora, com a vida ganhando novos contornos, ele percebe que, embora o avô tenha esquecido seu nome, não esqueceu seu sabor de sorvete preferido. Inspirado por isso, Amendoim decide transformar todas as memórias da vida em sabores de sorvete, na esperança de que o avô possa se lembrar de tudo, mesmo com o avanço da doença.
Ao longo de pouco mais de uma hora, a plateia pode conhecer um pouco da infância, adolescência e vida adulta do personagem, conduzida por uma jornada bem-humorada e repleta de ludicidade, capaz de brincar com a própria memória de Vitor, mesclando seu texto, em pleno domínio, com pitadas de ineditismo, e que variam a cada sessão, com o uso de palavras sugeridas pelo próprio público, minutos antes do terceiro sinal soar.
Originalmente brasileira, a obra, escrita e interpretada pelo premiado dramaturgo Vitor Rocha – de produções como “Cargas D’Água”, “Bom Dia Sem Companhia”, “Se Essa Lua Fosse Minha”, “O Mágico Di Ó” e “Mundaréu de Mim” -, e que assina também as letras inéditas, tem direção de Victoria Ariante e músicas originais compostas pelo diretor musical Elton Towersey, acompanhadas ao vivo por Felipe Sushi ao piano.
A peça volta ao palco paulistano para uma segunda temporada, de 15 de agosto a 10 de outubro, com sessões às quintas-feiras, às 20h30, no Teatro Commune. Com realização da Encanto Artístico, a produção, assinada por Luiza Porto e Vitor Rocha, conta com a preparação de elenco de Letícia Helena, o design de luz de Wagner Pinto, design de som de Paulo Altafim e a cenotecnia de Batata Rodriguez.
Kasa Branca: um drama comovente com atores negros da periferia
O Alzheimer também está em cartaz na telona. O Festival do Rio, que reúne a produção nacional este mês, traz Kasa Branca, inspirado em fatos reais, que acompanha o jovem morador da periferia de Chatuba, em São Paulo, e sua avó Dona Almerinda (Pereira). O lado mais humano do longo, com seu drama e seus elementos cômicos, é o que traz força ao filme e, portanto, o que criará laços com seu público.
O filme é protagonizado pelo comediante, videomaker e ator Big Jaum, que faz sua estreia em longa-metragens como Dé, e Teca Pereira (“Marighella”, “Todos os Mortos”). Vidigal, que também assina o roteiro, explica que este filme é a realização de um sonho, porque sempre quis contar essa história tão comovente.
Trabalhamos muito a humanidade e muito a poesia, que é o que o povo merece. Nelson Rodrigues dizia que o público é um estranho. Essa frase significa não esperar o sucesso, mas fazer um bom trabalho e deixar fluir o sucesso. Torço para que o filme tenha uma boa carreira, e acredito que vai ter uma identificação verdadeira. É um filme feito do povo e para o povo. Afinal, é o filho da empregada doméstica que tá fazendo cinema.”
Além disso, o cineasta sublinha a importância de Kasa Branca ser um filme sobre e feito por pessoas negras da periferia. “É um filme que tem um protagonismo negro no lugar do objeto, que são os atores, no lugar do sujeito, eu como diretor. Então, você tem a figura preta ali como protagonista no elenco e também na criação. E a gente que faz cinema independente, cinema preto, busca essa relação horizontal com o audiovisual brasileiro. E sempre no objetivo de somar, de trazer essa diversidade potente e cultural que tem o nosso país”, explica.
Trabalhando com sua equipe artística, Vidigal conta que pensaram numa forma subversiva de retratar a favela no cinema. Ao invés da costumeira câmera na mão, eles optaram por imagens mais contemplativas. “A favela tem muitas reflexões, e o movimento da câmera ajuda: o movimento é muito mais leve e, ao mesmo tempo, umas cores muito vivas. É um filme jovem, e o jovem favelado tem muita cor. Então a gente explorou muito isso também.”
Com Assessorias
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