Ainda há muitas dúvidas entre as gestantes sobre qual tipo de parto escolher. Até mesmo sobre as diferenças entre os tipos de parto e o tão comentado parto humanizado, quando a decisão pende por naturalizar o processo do nascimento do bebê. Mesmo que a preferência seja pelo parto normal, alguns receios são bem comuns entre as mães, como o medo da dor ou de surgirem complicações com o bebê.
Para Morganna Guedes, enfermeira obstetra e diretora da Respeitare – Parto Respeitoso, clínica especializada em parto humanizado, o segredo está na informação. “Uma mulher bem-informada tem receio, ansiedade mas não tem medo”, afirma, enfatizando que a opção mais saudável e segura para gestações de baixo risco são partos normais com mínimo de intervenção.
O maior estudo sobre parto no Brasil, realizado pela Fiocruz, revelou que a via de parto normal ganha maior preferência das pessoas no início da gestação, mas sem um pré-natal bem realizado, muitas mulheres, no final da gestação, optam por cesáreas. Por isso a importância do conhecimento e boas informações.
Mas quais são as principais diferenças entre o parto normal, o natural e o humanizado? “O parto normal é o que acontece pela vagina, mesmo que com intervenções, como o uso de ocitocina sintética para acelerar o processo ou algum tipo de analgesia para alívio da dor”, explica a enfermeira obstetra da Respeitare, Thayse Vitória.
Já o parto natural, que também acontece pela vagina, é aquele que inicia sem estímulo algum. E o termo ‘parto humanizado’ diz respeito a uma assistência prestada de forma respeitosa, baseada em evidências científicas.
“A humanização do parto, apesar de estar sempre vinculada a imagem de um parto na banheira, com luz baixa e sem intervenções, é um movimento mundial que visa um olhar mais respeitoso e seguro para a mulher e o bebê, mesmo que, para isso, seja necessário o uso de algumas intervenções”, diz a especialista.
Para trabalhar os medos, tão naturais nessa fase, a equipe da Respeitare destaca algumas dicas:
Dica 1 – Tenha uma Doula – o trabalho dessa profissional que dá assistência a mulher pode começar desde o início da gestação até os primeiros meses após o nascimento do bebê. Ela será a responsável por passar informações importantes à mãe e ao casal sobre o que esperar do trabalho de parto, nascimento, intercorrências, além de sugerir terapias, como massagens, técnicas naturais de alívio de dores, orientar sobre descanso, respiração, postura, posições e movimentos da mãe. Presta apoio físico e emocional à mulher e à família, antes, durante e após o parto. Também presta auxílio no momento da amamentação logo após o nascimento do bebê e nos primeiros dias.
“Importante lembrar que a doula não substitui a equipe de obstetrícia, não realiza procedimentos médicos e não toma nenhuma decisão pela mãe”, afirma o enfermeiro Juan Pedro, que também integra a equipe da clínica.
Dica 2 – Procure uma equipe qualificada – os partos de risco habitual podem ser assistidos por uma equipe de enfermeiros obstetras, sem necessariamente a presença de um médico obstetra. Porém, é importante que o ambiente escolhido seja seguro e a equipe esteja pronta para prestar todo o atendimento necessário para as primeiras horas de nascimento do bebê e dos cuidados com a mãe.
“O próprio Ministério da Saúde enfatiza, nas diretrizes de parto normal, que centros de parto normais fora do ambiente hospitalar, como o Respeitare, aumentam a chance de parto normal e reduzem complicações”, afirma Morganna.
Dica 3 – Estude sobre o parto – busque todas as informações necessárias, faça perguntas para sua doula e sua equipe de obstetrícia, nenhuma pergunta é considerada desnecessária;
Dica 4 – Acredite no processo – acredite na qualificação da equipe escolhida para te dar assistência e esteja certa de se sentir acolhida;
Dica 5 – Acolha o tempo necessário – mesmo para as mães que não são de primeira viagem, saiba que cada gestação tem suas particularidades. Sua equipe de obstetrícia saberá te orientar sobre o tempo necessário de cada processo que envolver sua gestação. O segredo é não deixar a ansiedade tomar conta;
Dica 6 – Tenha uma rede de apoio – um dos pilares para o sucesso, tanto para o período da gestação, quanto no puerpério. Ter uma rede de apoio que esteja conectada com a família vai ajudá-la a pedir e aceitar ajuda, reconhecendo suas limitações.
“O puerpério, em especial, é um momento vivenciado de forma única por cada pessoa, ou seja, cada mulher vai ter necessidades subjetivas durante esse processo, entretanto, quando a mulher é informada desde o pré-natal sobre as alterações hormonais, psicológicas e físicas no período pós-parto, é possível perceber uma melhor lida com esse processo”, conclui Morganna Guedes.