No mundo da imaginação infantil, super heróis e princesas têm lugar de destaque. Mas a figura do palhaço continua a arrancar sorrisos e gargalhadas da criançada. ONGs e projetos sociais que atuam com a arte da palhaçaria se espalham por instituições, por meio de voluntários – profissionais de saúde, estudantes de Medicina ou qualquer outra pessoa que deseja levar um pouco de alegria a quem está internado.

É o caso da Clínica da Alegria, criada há mais de 20 anos pela enfermeira Fátima Magalhães, a Amada, com apoio de sua família e de voluntários de diversas áreas profissionais ou estudantes. Juntos, eles visitam hospitais, clínicas, creches, comunidades e também instituições de longa permanência para idosos (ILPIs) em Niterói e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

Mesmo sem qualquer apoio oficial, a ONG já perdeu a conta de quantas visitas já realizou em mais de duas décadas de trabalho voluntário. Amada estima que milhares de crianças e idosos já foram alcançados com as ações, que incluem também distribuição de lanches, brinquedos e itens de higiene pessoal, já que muitos pacientes são de famílias em situação de vulnerabilidade social.

Voluntário da Clínica da Alegria em visita a instituição para idosos (Foto: Divulgação)

A Clínica da Alegria sempre está renovando sua trupe de palhaços voluntários e mais uma vez está em busca de interessados em participar das atividades, de forma gratuita. Para se engajar, basta se inscrever e receber noções de teatro para encenação e cuidados preventivos no ambiente hospitalar. Afinal, “seja qual for o caminho escolhido, mesmo o de palhaço, a pessoa tem que estudar muito”, como disse Renato Aragão, o Didi, do inesquecível programa de TV ‘Os Trapalhões’.

Mas se você se considera tímido ou não tem tempo para um trabalho voluntário, pode apoiar o projeto também com ajuda financeira. O grupo precisa de recursos para o transporte da trupe, compra de lanches para distribuição, além de brinquedos e roupas (novos ou em bom estado) e itens de higiene pessoal para distribuição.

A Clínica da Alegria visita nesta segunda-feira (30) o Hospital Estadual Getúlio Vargas Filho, o Getulinho, em Niterói. E já está arrecandando doações para fazer suas festas de Natal. Inscrições e informações diretamente com Fátima, pelo celular (21) 21 99733-8718. ou pelo email clinicadaalegria@gmail.com.

Terapia do riso: palhaços voluntários trazem mais alegria à rotina de pacientes

O método terapêutico não apenas alivia o estresse da internação, mas também oferece outros benefícios à saúde dos usuários

A ação de palhaços em hospitais se espalhou pelo mundo a partir do filme ‘Patch Adams – O Amor é contagioso’ (1998), estrelado por Robin Williams, que narra a história de um médico norte-americano que é considerado o pai da humanização nos hospitais (veja mais abaixo).

A enfermeira Polyana Lobo, que atua nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Pediátrica e Neonatal do Hospital Regional do Sudeste, em Marabá (PA) ressalta os benefícios proporcionados pelas visitas à saúde física e emocional dos usuários.

“O riso é um remédio natural que ajuda a aliviar o estresse, fortalecer o sistema imunológico e criar laços emocionais. É incrível ver como um sorriso pode iluminar até mesmo os momentos mais difíceis. Estamos comprometidos em trazer alegria e otimismo para nossos pacientes”, explicou.

No HRS, o projeto “Terapia do Riso” conta com o apoio do grupo de palhaços voluntários “Plantão do Amor”, e que utiliza o poder da alegria para aliviar o estresse e proporcionar um ambiente humanizado e acolhedor aos pacientes.

Marlene de Souza é mãe da pequena Lara Vithoria, que está sob cuidados na UTI pediátrica do hospital, e comentou como a ação impactou positivamente a menina.

“Presenciar a alegria no rosto da minha filha, enquanto os palhaços realizam suas brincadeiras, é uma experiência gratificante. Lara tem enfrentado desafios, mas essas ações têm o poder de aliviar a internação hospitalar “, enfatizou.

Estudantes de Medicina se vestem de palhaços

O grupo de palhaços voluntários “Plantão do Amor” é formado por estudantes da Faculdade de Medicina de Marabá (Facimpa). Vestidos com trajes coloridos, narizes vermelhos e munidos de instrumentos musicais, eles realizam visitas aos pacientes em seus leitos, espalhando alegria e sorrisos por onde passam.

A estudante Karine Zucatelli, conhecida como “Doutora Algodão Doce”, enfatizou que o grupo propõe performances que são cuidadosamente ajustadas para atender às condições e idades dos pacientes, garantindo que o riso seja sempre oferecido com respeito e sensibilidade.

“Como palhaça, tenho uma oportunidade incrível de levar um pouco de alegria e humor aos pacientes. Contribuir para o bem-estar e conforto dessas pessoas em sua jornada de recuperação é uma grande recompensa”, afirmou.

Trupe da Alegria surpreende paciente mirim no dia do aniversário

 

Também no Pará, o Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr. Waldemar Penna (HRBA), em Santarém, os pacientes mirins receberam com entusiasmo a visita da “Trupe da Alegria”, que levou presentes, música e muita diversão aos pacientes e familiares no Dia das Crianças (12 de outubro).

Exatamente na mesma data, Willian Daniel Correa Siqueira completou quatro anos de idade. Além dos presentes da família, o menino ganhou um grande presente na sexta-feira (13). Internado há um mês na clínica pediátrica do HRBA, ele e outras crianças internadas foram surpreendidas pela visita da Trupe da Alegria. Willian se encantou com as canções infantis e chegou a pegar o violão de brinquedo para acompanhar.

“As crianças internadas se sentem sozinhas, presas, e vimos uma alegria tão grande. Eu, como pai, fiquei muito feliz, e ele também. Estava dormindo, e acordou sorrindo e dançando. Meu filho é sempre animado. Nesse momento, eu fico muito grato não só por ele, mas também por todas as crianças que ficaram felizes com essa visita”, disse Adamor Pinheiro Correa, agricultor e pai de Willian, que reside na comunidade Andirobal, no município de Óbidos, também no oeste paraense.

Profissionais do próprio hospital promovem as ações

 

Os integrantes fazem parte do Grupo de Trabalho de Humanização (GTH), formado por profissionais do próprio hospital, que pertence ao Governo do Pará, sendo administrada pelo Instituto Social Mais Saúde. Eles se caracterizaram com narizes de palhaço, perucas, óculos, roupas e outros adereços coloridos, e também pintaram os rostos.

Em parceria com os profissionais da clínica pediátrica, a trupe foi ao encontro de cada criança internada, levando alegria e acolhimento. Além da música e atividades de lazer, eles também presentearam as crianças internadas na clínica e na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica com brinquedos doados, cadernos para colorir e giz de cera. A ação também contou com um “Mural da Coragem”, no qual foram coladas fotos de todas as crianças internadas na clínica pediátrica.

“Pode parecer uma ação simples, mas é de muita importância. Estamos falando de um momento que proporciona mais qualidade de vida e brincadeira para essas crianças, que acabam se divertindo, e isso faz bem para o tratamento e a recuperação dos nossos pequenos guerreiros”, ressaltou o supervisor de Humanização do HRBA, Douglas Caldeira.

Busca de alternativas para humanizar o ambiente hospitalar

Alan Ferreira, diretor assistencial do Hospital Regional do Sudeste, em Marabá (PA), destacou que a decisão de incorporar o método terapêutico da “terapia do riso” faz parte de um esforço contínuo para reforçar o atendimento humanizado na unidade do Governo do Pará.

“Acreditamos que o riso é um remédio poderoso que pode contribuir significativamente para o bem-estar de nossos pacientes, proporcionando-lhes não apenas cuidados assistenciais, mas também alegria e conforto durante seu processo de recuperação”, destacou.

Benjamin Ferreira, diretor executivo do hospital, enfatizou que as iniciativas de humanização firmam o compromisso da instituição em oferecer um ambiente de atendimento que transcende a prestação de cuidados clínicos.

“Com o inestimável apoio dos voluntários desempenhando um papel fundamental em nossas iniciativas de humanização, o hospital não apenas trata as enfermidades, mas também se dedica a cuidar das pessoas com dignidade e respeito, construindo um ambiente de cura onde a empatia e a solidariedade ocupam posições de destaque”, declarou.

Referência para procedimentos de média e alta complexidade para mais de 1 milhão de pessoas que dependem do SUS em 22 municípios da região, a unidade é gerenciada pelo Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). 

Também no Hospital Regional de Santarém, a iniciativa, além de comemorar o Dia das Crianças, visa à humanização do atendimento em saúde. Segundo o diretor-geral da unidade, Gean Francisco Cercal, este é um pilar fundamental na assistência prestada pela instituição.

“Não poderíamos deixar de comemorar essa data tão importante com as nossas crianças. Faz parte da humanização que levamos sempre em cada atendimento. Queremos mostrar que não estamos preocupados apenas com a recuperação física desses pacientes, mas queremos proporcionar momentos de alegria e bem-estar não só para os pequenos, mas também para os pais e mães. Só assim conseguimos prestar uma assistência de excelência a todos os nossos usuários”, ressaltou.

Maternidade de hospital de luxo em SP também leva palhaços para alegrar a criançada

Patati Patatá visita Maternidade São Luiz Star no mês da criança (Fotos: Divulgação / Estúdio Mater)

Até palhaços profissionais são contratados para animar as crianças internadas e seus amigos visitantes. Um pouco fora da data, mas ainda dentro de outubro, a maternidade de um dos hospitais de luxo de São Paulo realizou no último dia 19 uma ação especial para celebrar o Dia das Crianças.

A tarde na Maternidade São Luiz Star, da Rede D’Or, localizada na Vila Olímpia, zona Sul da capital paulista, começou com um divertido show da dupla Patati Patata, que dançou com as crianças, contou piadas e contagiou o ambiente com muitas gargalhadas.

Depois, todos participaram de uma deliciosa oficina de cupcakes, onde puderam soltar a criatividade e enfeitar os bolinhos com ganaches coloridas, chocolates, balinhas, brilho comestível e outras guloseimas.

Com muita alegria e brincadeiras, a ação reuniu crianças de diversas idades no rooftoop da unidade. Além dos que nasceram na maternidade, os pequenos que aguardavam o nascimento dos irmãozinhos ou os visitavam nas unidades de internação, também puderam participar da ação.

Inaugurada há pouco mais de um ano, em agosto de 2022, a Maternidade São Luiz Star foi a escolha de diversas personalidades brasileiras para a chegada de seus bebês, como os cantores Cristiano, Mano Valter e Projota, o jogador Kaká, Álvaro Garnero e Lou Montenegro, o apresentador Thiago Oliveira e a esposa Bruna Matuti, os influenciadores Lipe Ribeiro e Andressa Castorino, Fabiana Justus, entre outros.

Filme sobre a vida do médico Patch Adams inspirou ações em hospitais

Aos 17 anos, Hunter Doherty “Patch” Adams perdeu o pai, entrou em depressão e acabou ele mesmo se internando em um hospital psiquiátrico.  E foi lá que aprendeu que o tratamento de uma pessoa doente vai além de remédios, exames e cirurgias. O jovem chegou à conclusão que cuidar do próximo é a melhor forma de esquecer os próprios problemas e, melhor ainda, se isto for feito com muito bom humor e principalmente, amor.

Foi assim que, após completar o Ensino Médio, em 1963, decidiu cursar o pré-médico na Universidade de Illinois, e recebeu o grau de doutor em medicina pela Universidade de Rockford, em 1971. Em 1972, fundou o Instituto Gesundheit, que ganhou sede em 1980 em West Virginia, onde presta assistência de forma inteiramente gratuita.

Durante o curso de medicina, Adams tornou-se conhecido pela conduta proeminentemente feliz e apaixonada pelos pacientes e acabou se tornando famoso por sua metodologia inusitada no tratamento de enfermos.

Muitas outras tragédias marcaram a história do médico. Além de perder o pai na adolescência, um de seus melhores amigos foi assassinado nos anos 1960. Em 1976 seu melhor amigo morreu atacado por um psicopata (e não sua namorada, como aparece no filme Patch Adams). O médico ficou depressivo, mas reabilitou-se com o tempo.

Atualmente está com 78 anos, ainda na ativa e viaja pelo mundo, para áreas críticas, em situação de guerrapobreza e epidemia, espalhando alegria, o que é uma excelente forma de prevenir e tratar muitas doenças. Além de médico, humorista, humanista e intelectual, tornou-se um ativista em busca da paz mundial.

Convencido da conexão poderosa entre o ambiente e o bem estar, acredita que a saúde de um indivíduo não pode ser separada da saúde da família, da comunidade e do mundo. Segundo ele, seu intuito não é apenas mudar, através do humor, a forma como a medicina é praticada hoje. Ele traz uma mensagem de amor ao próximo que, se praticada por todos, certamente irá mudar o mundo para melhor.

Médico humorista chama EUA de ‘terrorista’ e critica indústria farmacêutica

À esquerda, o Patch Adams da vida real; na outra foto, Robin Williams representa seu papel no filme biográfico (Foto Getty Images; Divulgação)

Ao contrário do que se propaga, não foi dele a frase – “rir é o melhor remédio’, celebrizada no Brasil pelo ator e humorista Paulo Gustavo, que morreu de Covid-19 em 2021. Na verdade, seu lema é que a amizade é o melhor remédio e riso faz parte de um contexto, como revelou em uma entrevista ao programa Roda Viva, na televisão brasileira, em 2007.

Apesar de ter lhe dado popularidade mundial, o filme Patch Adams, segundo o autor, não condiz com a verdade. Ele também critica pessoas que têm muito dinheiro e nada fazem pelos menos favorecidos, usando o termo “lixo” para defini-las, e também as indústrias de medicamentos, que só visam os lucros bilionários.

Para Adams, o governo dos Estados Unidos é “terrorista”, um termo considerado polêmico nos dias de hoje, em meio ao grave conflito no Oriente Médico causado pelos ataques de Israel à Faixa de Gaza, apoiados pelos EUA, que já mataram mais de 6 mil palestinos. A ação é uma contraofensiva ao ataque do grupo terrorista Hamas em território israelense, no dia 7 de outubro.

Patch Adams disse também ter uma biblioteca de 18 mil volumes e que lê muita poesia, que adora os poemas de Pablo Neruda porque, segundo ele, a poesia nos dá amor. E sua filosofia de vida é o amor, não apenas no âmbito hospitalar, mas nas relações sociais como um todo. Para ele, o objetivo do médico não é curar e sim cuidar. “Cuidar com muito amor, tocando nos doentes, olhando em seus olhos, sorrindo”.

Ator que interpretou médico morreu sem conhecer sua doença

Robin Williams – ator que interpretou Patch Adams no filme que marcou sua carreira – foi encontrado morto em sua casa, em agosto de 2014. Ele cometeu suicídio sem saber o que atormentava seu sono e prejudicava sua memória. Somente na necropsia descobriu-se que o ator sofria com as complicações decorrentes da demência com corpos de Lewy, uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente pessoas acima dos 60 anos.

Esse tipo de demência é caracterizado pela presença de agregados anormais de proteínas no cérebro, chamados corpos de Lewy, o que pode causar flutuações no estado mental, alucinações visuais, problemas de sono, rigidez muscular, tremores e problemas de memória. Em entrevista ao El País, a viúva  Susan Schneider Williams disse que Williams tinha dificuldades para atuar, para lembrar suas falas, para se relacionar com seus amigos e sair de casa. Dormia muito mal e seu braço esquerdo não respondia.

“Ainda segundo ela, ele ficava obcecado com coisas absurdas —como uma noite em que se convenceu de que um de seus melhores amigos, o comediante Mort Sahl, ia morrer antes do amanhecer e ligou insistentemente para ele, com o consequente desespero porque não obtinha resposta. Mort continua vivo; naquele dia, estava dormindo”, diz a reportagem sobre o documentário Robin’s Wish (“O desejo de Robin”), lançado em 2020, que narra os últimos meses de sua vida.

Com informações de Assessorias e Wikipedia

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