Uma doença silenciosa no início, mas que pode ter consequências perigosas. O alerta para a trombose aumentou no último ano, já que a doença é comum entre pacientes internados com covid-19. Um estudo publicado pelo jornal oficial da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia mostra que aproximadamente um quarto dos pacientes que ficam nessa situação apresentam embolia pulmonar decorrente da Trombose Venosa Profunda (TVP) de membros inferiores.
Aproximadamente 10 milhões de casos de trombose ocorrem anualmente em todo o mundo, mas a condição pode frequentemente ser evitada com detecção e tratamento precoces. A campanha do Dia Mundial da Trombose convida os profissionais de saúde a fornecer avaliações obrigatórias de risco da doença a todos os pacientes hospitalizados. Além disso, incentiva o público, incluindo os pacientes, a defender uma avaliação de risco para a doença.
A trombose ocorre quando um coágulo sanguíneo se desenvolve no interior das veias das pernas devido à circulação ruim ou que é dificultada por fatores como longas viagens e gestações, impedindo assim a passagem do sangue. Normalmente, se manifesta por meio de inchaço nos tornozelos, dor, sensação de cansaço e peso nas pernas, principalmente, no final do dia.
Especialistas alertam que, com uma rotina agitada, em que as pessoas passam a maior parte do dia sentadas trabalhando, pode ser difícil diferenciar a canseira da correria e os sinais de problemas vasculares. Por isso, é preciso estar atento aos sintomas, pois a trombose pode trazer complicações graves aos pacientes. O Dia Mundial da Conscientização sobre a Trombose (13 de outubro) ajuda a reforçar a importância da prevenção da doença.
O médico angiologista José Fernando Macedo, diretor do Instituto de Angiologia e Cirurgia Vascular (IACVC), explica que a trombose é uma doença que pode ser muito grave e é causada pela formação de coágulos – também chamados trombos – no interior das veias profundas, principalmente na panturrilha, a conhecida batata da perna. Essa condição pode ser incapacitante e mortal. Em alguns casos, quando os coágulos se desprendem e ‘viajam pelo corpo’, a embolia pulmonar pode acometer o paciente.
“A TVP causa dor, aumento de temperatura e inchaço. Mesmo que isso não aconteça, a trombose pode provocar uma insuficiência venosa crônica, com destruição das válvulas no interior das veias. Sem elas, o retorno do sangue ao coração fica comprometido”, afirma o médico especialista em Cirurgia Vascular e Endovascular
“Em casos mais raros, o coágulo pode ainda se desprender da parede da veia e correr pela circulação até chegar ao pulmão, causando uma embolia pulmonar que pode resultar até mesmo em morte súbita”, alerta a médica cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

trombose, comumente conhecida como coágulos de sangue, pode ser responsável pelo desencadeamento de uma série de condições médicas potencialmente fatais, como ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e tromboembolismo venoso (TEV).

“O TEV ocorre quando um ou mais coágulos se formam em uma veia profunda, mais frequentemente na perna, e viajam pela circulação, podendo se alojar nos pulmões – condição conhecida como embolia pulmonar”, explica Joyce Annichino, hematologista e professora do departamento de clínica médica da Unicamp.

“Apesar do fato de uma em cada quatro pessoas em todo o mundo morrer de doenças causadas por coágulos sanguíneos, eles são uma condição muitas vezes esquecida e, por isso, uma campanha como o Dia Mundial da Trombose pode ser responsável por salvar milhares de vidas todos os dias”, explica a professora Beverley Hunt, presidente do Comitê Diretor do Dia Mundial da Trombose.

Atenção aos sintomas

Aline Lamaita ressalta que é importante ficar atento aos sinais da trombose, que incluem dor na perna, principalmente na panturrilha, associada a inchaço persistente, calor, sensibilidade e vermelhidão. Mudança de cor na região e dificuldade de locomoção também podem indicar a presença de um coágulo sanguíneo nas pernas.

“Atenção com a doença deve ser redobrada por aqueles que possuem fatores individuais que agravam os riscos de trombose, como obesidade, tabagismo, uso de hormônios e pílulas anticoncepcionais, portadores de câncer, pessoas com maior predisposição a coagulação sanguínea, gestantes, idosos, deficientes físicos e portadores de varizes”, explica.

Caso ocorra esses sintomas, o mais importante é procurar tratamento médico para evitar que a doença evolua para uma embolia pulmonar, que possui como sintomas dor no peito, tosse, cansaço e falta inesperada de respiração.  Na maioria dos casos, a doença resolve-se com o tratamento. Porém, o problema pode retornar, principalmente em pessoas com predisposição à trombose. Dessa forma, é importante que sejam tomados cuidados voltados para prevenção do problema.

“Geralmente, o tratamento da doença inclui o uso de medicamentos anticoagulantes que vão ajudar na redução da viscosidade do sangue e na dissolução do coágulo, impedindo assim que esse cresça e avance para outras regiões e também evitando a ocorrência de novos quadros de trombose”, afirma a cirurgiã vascular.

Os principais fatores de risco

Trombose Venosa Profunda (TVP) é uma doença potencialmente grave causada pela formação de coágulos (trombos) no interior das veias profundas. Esse coágulo pode bloquear o fluxo de sangue e causar inchaço e dor na região. Quando ele se desprende e se movimenta na corrente sanguínea, em um processo chamado de embolia, pode ficar preso no cérebro, nos pulmões, no coração ou em outras áreas, levando a problemas graves.

“As causas são multifatoriais, porém, de maneira geral a trombose ocorre pela imobilização ou repouso prolongado do membro, seja por trauma local ou por alterações no mecanismo de coagulação do paciente”, explica Matheus Mozini, médico vascular e endovascular do Consulta Aqui (Grupo HAS).

Outros fatores de risco para o desenvolvimento da doença são:

  • Uso de anticoncepcionais ou tratamento hormonal;
  • Tabagismo;
  • Hereditariedade;
  • Gravidez;
  • Presença de varizes;
  • Idade avançada;
  • Pacientes com insuficiência cardíaca.

principais cernes da campanha em 2021

 

Trombose relacionada à Covid-19  

Recentes pesquisas mostram que a Covid-19 torna o sangue mais “pegajoso”, o que pode aumentar o risco de coagulação. Além disso, os pacientes hospitalizados com a doença causada pelo coronavírus enfrentam riscos adicionais de coágulos sanguíneos.

“Estima-se que 5% a 10% dos pacientes internados em enfermaria com coronavírus tenham apresentado algum evento trombótico durante o tratamento, podendo chegar a 30% para pacientes internados em UTI – taxas muito altas se comparadas ao período pré-pandemia”, alerta Joyce.

Esse ano, a Covid-19 fez com que a trombose ganhasse grandes holofotes nos principais jornais do mundo. Isso porque, além de contribuir para o desenvolvimento de trombose, coágulos de sangue foram apontados como um efeito colateral muito raro para certas vacinas Covid-19.

“Após um ano turbulento causado pela pandemia da COVID-19, infelizmente vimos um aumento nos casos de trombose relacionados à pandemia”, comenta a Profª Bervely Hunt. “São quadros que podem ser evitados se o público em geral e a comunidade médica estiverem vigilantes sobre como reconhecer e tratar os sinais e sintomas de coágulos sanguíneos.”

Trombose associada ao hospital

Pacientes hospitalizados apresentam um risco aumentado de coágulos sanguíneos devido à imobilidade e/ou cirurgia. Cerca de 60% de todos os casos de tromboembolismo venoso ocorrem durante ou dentro de 90 dias de hospitalização, tornando-se a principal causa de morte hospitalar evitável. “Um dos fatores que contribuem para a formação de coágulos é a estase – a estagnação do sangue. Esse quadro é muito comum em pessoas hospitalizadas, acamadas ou com pouca mobilidade”, afirma a médica.

Trombose relacionada ao câncer

Pacientes com câncer têm quatro vezes mais probabilidade de desenvolver um coágulo sanguíneo grave em comparação com a população em geral. Este risco aumentado é impulsionado por fatores como cirurgia, hospitalização, infecção e distúrbios de coagulação genética por fatores específicos desse tipo de doença, incluindo tipo, histologia, estágio da malignidade, tratamentos e certos biomarcadores.

Trombose específica de gênero

Pílulas anticoncepcionais orais à base de estrogênio, terapia de reposição hormonal e gravidez são fatores de risco de coágulo sanguíneo para as mulheres. Elas têm cinco vezes mais probabilidade de desenvolver um coágulo sanguíneo durante a gravidez e cerca de uma em cada 1.000 mulheres grávidas desenvolverá uma trombose. “O uso de alguns anticoncepcionais podem fazer com que a paciente tenha o aumento de alguns fatores de coagulação e a diminuição de anticoagulantes naturais. Tudo isso pode favorecer a trombose”, explica a médica.

  1. Tumores malignos

O problema, pelo uso de anticoncepcionais e gestações, afeta mais as mulheres. Contudo, homens também são acometidos. Segundo dados da Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia, uma em cada quatro pessoas no mundo morre por condições causadas pela doença. No Brasil, estima-se que 180 mil casos surjam anualmente. A boa notícia é que a trombose tem cura. “Quando diagnosticada e iniciado tratamento precoce, os resultados são altamente eficazes”, esclarece o Dr. Matheus.

Devido ao repouso prolongado, principalmente das pernas, Indivíduos que se submetem a longas viagens devem ficar atentos. Os sintomas mais comuns são dor, edema, vermelhidão e calor local. O exame diagnóstico mais utilizado para detectar a trombose é o Ultrassom Doppler. “Além das meias elásticas, quando indicadas, atividade física regular e alimentação saudável são formas de contribuir com a boa circulação do sangue nas pernas, evitando assim essa temida doença”, aconselha o médico do Grupo HAS.

Como prevenir a trombose

Os grupos de risco para a doença são pessoas com histórico da doença na família e com idade superior a 50 anos. O sedentarismo e o uso de hormônios também são fatores que contribuem para o surgimento de problemas na saúde vascular. Mas existem formas simples para a prevenção da trombose, que se encaixam na vida de todos os públicos.

O primeiro passo é apostar nas atividades físicas, mesmo que sejam de leve intensidade. Exercícios de alongamento, caminhadas dentro de casa ou no quintal e evitar ficar muito tempo parado na mesma posição, são boas sugestões para quem quer começar a prevenir doenças vasculares.

Alguns alimentos também são úteis para ajudar na circulação sanguínea, como limão, azeite de oliva, abacate, dentes de alho, alcachofra, aipo, mirtilos, açaí e uvas. O excesso de sódio e aditivos químicos presentes nos alimentos industrializados devem ser evitados.

“Algumas medidas que visam melhorar a circulação podem ajudar na prevenção do quadro de trombose. O recomendado então é que a pessoa pare de fumar, consuma bastante água, adote uma alimentação balanceada, realize exercícios físicos regularmente e evite passar muito tempo na mesma posição, seja no horário de trabalho ou em longas viagens, levantando-se de hora em hora para se movimentar um pouco”, destaca a cirurgiã vascular.

De acordo com a Dra. Aline, o uso de meias elásticas também pode ser indicado, já que essas meias comprimem os vasos sanguíneos, melhorando o retorno venoso e, consequentemente, prevenindo problemas vasculares como varizes e trombose.

“O mais importante é que o paciente consulte um cirurgião vascular regularmente, principalmente se tiver predisposição ou agravantes individuais associados à doença. Apenas ele poderá acompanhar sua situação, realizar um diagnóstico correto e, se for o caso, indicar o melhor tratamento”, finaliza.

Dicas para prevenir coágulos

O Dia Mundial da Trombose compartilha estas dicas importantes para ajudar a prevenir coágulos sanguíneos:

Fique ativo e hidratado. Defina um alarme de hora em hora e use esse tempo para se levantar, caminhar e se espreguiçar. Ficar estagnado por longos períodos pode aumentar o risco de coágulos sanguíneos. Beba bastante água para prevenir a desidratação, que pode fazer com que o sangue engrosse, resultando em coágulos sanguíneos.

Conheça os sinais e sintomas de um coágulo sanguíneo. Os sinais de alerta a serem observados são dor e sensibilidade nas pernas, vermelhidão e inchaço, falta de ar, respiração rápida, dor no peito e tosse com sangue.

Solicite uma avaliação de risco de trombose. Todos os indivíduos, especialmente aqueles que estão hospitalizados, devem pedir ao seu profissional de saúde uma avaliação de risco de TEV, um questionário que reúne informações médicas para discernir os fatores de risco potenciais de um paciente para o desenvolvimento de coágulos sanguíneos.

Sobre o Dia Mundial da Trombose

Lançado em 2014 e realizado anualmente em 13 de outubro, o Dia Mundial da Trombose visa aumentar a conscientização do público, de profissionais de saúde e dos sistemas de saúde sobre a trombose e, em última instância, reduzir as mortes e incapacidades desnecessárias por doenças tromboembólicas por meio de uma maior conscientização sobre suas causas, fatores de risco, sinais, sintomas, prevenção e tratamento com base em evidências.

Dia Mundial da Trombose apoia a meta global da Assembleia Mundial da Saúde de reduzir as mortes prematuras por doenças não transmissíveis em 25% até 2025, bem como o Décimo Terceiro Programa Geral de Trabalho da Organização Mundial da Saúde 2019-2023, o Roteiro de Montevidéu 2018-2030 sobre as Doenças Não-Transmissíveis (DNTs) e a Declaração Política da Terceira Reunião de Alto Nível da UNGA sobre as DNTs.

A campanha tem como objetivo alertar a população sobre os perigos dos coágulos de sangue – atualmente, um problema de saúde global urgente e crescente. A campanha, promovida pela Sociedade Internacional de Trombose e Hemostasia (ISTH, sigla em inglês), conecta e capacita mais de 3.000 organizações parceiras e indivíduos de mais de 120 países para unir forças na conscientização, tratamento e prevenção da doença. Saiba mais aqui.

Com Assessorias

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