Estamos vendo uma mudança significativa para o sorotipo 3. Temos 17 anos sem esse sorotipo circulando em maior quantidade. Então, temos muitas pessoas suscetíveis, que não entraram em contato com esse sorotipo e podem ter a doença”, destacou a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (9).
Rio teve dois casos isolados de dengue tipo 3 em 2024
O fato de surgir este ano mais um caso do sorotipo 3 é um ponto de atenção para redobrarmos os cuidados e continuarmos em alerta. Como o tipo 3 não circula no estado há muito tempo, existe uma boa parcela da população mais suscetível à doença. A Secretaria vai manter o monitoramento dos casos e definir ações específicas caso identifique a circulação no estado”, afirmou a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.
Vacinas no limite: todos os estoques já foram adquiridos
A circulação do sorotipo 3 entrou no radar do Centro de Operações de Emergência (COE), instalado pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (9), para um monitoramento da circulação desses vírus. De acordo com Ethel Maciel, a pasta já adquiriu todo o estoque de vacinas contra a dengue disponibilizado pelo fabricante para 2025: 9,5 milhões de doses.
A estratégia do governo federal, segundo Ethel, é intensificar a imunização contra a dengue entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos neste ano, sobretudo diante de um estoque de cerca de 3 milhões de doses distribuídas aos estados e municípios em 2024 e que ainda não foram aplicadas.
Os sintomas da dengue tipo 3 são os mesmos dos tipos 1, 2 e 4, sendo os principais: febre alta (maior que 38°C); dor no corpo e articulações; náuseas e vômitos, dor atrás dos olhos; mal-estar; falta de apetite; dor de cabeça; manchas vermelhas no corpo.
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O Ministério da Saúde instalou nesta quinta-feira (9) o Centro de Operações de Emergência (COE) para dengue e outras arboviroses. De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, a ideia é coordenar o planejamento e a reposta por meio do diálogo constante com estados, municípios, pesquisadores e instituições científicas, além de outras pastas.
Dentre as ações previstas estão se antecipar ao período sazonal da dengue para adequar as redes de saúde; mitigar riscos para evitar casos e óbitos; ampliar medidas preventivas para melhor preparar estados e municípios; e uma articulação nacional para resposta a eventuais situações classificadas como críticas.
Nísia anunciou ainda o lançamento de um novo Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika, composto por seis eixos, no intuito de ampliar medidas preventivas, preparar a rede assistencial e conter o avanço de casos de dessas doenças no país. A versão anterior do plano havia sido lançada em 2022 e, portanto, antes da maior epidemia de dengue já registrada no Brasil, em 2024.
Mosquitos contaminados com a bactéria Wolbachia reduzem casos de dengue (Foto: Flávio Carvalho/WMP Brasil/Fiocruz)
Dentre as ações destacadas pela pasta estão:
- expansão do método Wolbachia de três para 40 cidades ainda em 2025;
- implantação de insetos estéreis em aldeias indígenas;
- borrifação residual intradomiciliar em áreas de grande circulação de pessoas, como creches, escolas e asilos;
- estações disseminadoras de larvicidas, com previsão de implantação de 150 mil unidades na primeira fase no projeto;
- uso de Bacillus Thuringiensis Israelensis (BTI) para monitorar e controlar a disseminação do mosquito;
- instalação de cerca de 3 mil estações disseminadoras de larvicida no Distrito Federal, na região do Sol Nascente, com expansão prevista para outras áreas periféricas do país.
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Plano de contingência no Rio de Janeiro
O combate aos focos do aedes aegypti é a ação prioritária no Estado do Rio de Janeiro. A SES-RJ anunciou que vai manter o monitoramento de casos e a campanha “Contra a dengue todo dia”, prevista no Plano de Contingência para Enfrentamento às Arboviroses, em apoio aos 92 municípios, com alertas e orientações sobre a doença.
Além disso, reforça informações à sociedade sobre prevenção, destacando a importância da vistoria semanal para evitar água parada em latas, garrafas vazias, pneus, calhas, caixas d’água descobertas e pratos sob vasos de plantas.
Alta incidência: veja os estados com mais casos
Em 2024, o Brasil registrou 6,4 milhões de casos prováveis de dengue e 6 mil óbitos, de acordo com o painel de atualização de casos de arboviroses do ministério. Já em 2025, até esta quarta-feira (8), foram notificados 10,1 mil casos prováveis e 10 mortes em investigação por dengue. Nas últimas quatro semanas de 2024, 84% dos casos de dengue se concentraram nos estados de São Paulo, do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Paraná, de Goiás e de Santa Catarina.
Uma projeção feita com base nos padrões registrados em 2023 e 2024 no Brasil e apresentada pela pasta revela que a maior parte dos casos de dengue esperados para 2025 devem ser contabilizados nos seguintes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná. Nessas localidades, é esperada uma incidência acima do que foi registrado ao longo do ano passado.
No ano passado, o Estado do Rio viveu uma epidemia de dengue. Foram contabilizados 302.674 casos prováveis, 9.726 internações e 232 óbitos. Somente na capital foram registrados 111.114 casos, na sequência, Volta Redonda, com 22.705 mil registros, e Campos dos Goytacazes, com 19.588 casos.
O que a gente pode esperar para 2025? A gente continua com o efeito do El Niño e, portanto, com altas temperaturas e com esses extremos de temperatura. Também temos o problema da seca, que faz com que as pessoas armazenem água, muitas vezes, em locais inadequados. E isso também faz com que a proliferação de mosquitos possa acontecer. O aumento da circulação do sorotipo 3 não entrou nessa modelagem. “Não sabemos como ele vai se espalhar. Estamos fazendo esse monitoramento”, explicou a secretária de Vigilância em Saúde.
Casos de outras arboviroses em todo o Brasil
Zika – Dados do Ministério da Saúde mostram ainda que, nas últimas quatro semanas de 2024, 82% do total de casos prováveis de Zika identificados no países se concentraram no Espírito Santo, no Tocantins e no Acre.
Chikungunya – Nas últimas quatro semanas de dezembro, 3.563 casos prováveis de Chikungunya foram identificados, sendo 76,3% deles em São Paulo, em Minas Gerais, no Mato Grosso, no Espírito Santo e no Mato Grosso do Sul. “Os estados se repetem, alguns deles, para dengue, Zika e Chikungunya”, destacou a secretária.
Oropouche – De acordo com a pasta, na primeira semana de 2024, 471 casos de febre do Oropouche foram identificados no país. Já na primeira semana de 2025, 98 casos da doença foram contabilizados no Brasil.
Estamos com uma concentração grande de casos no Espírito Santo, com casos importados no Rio Grande do Norte, em Goiás, no Distrito Federal, Paraná e Rio Grande do Sul, mas 90% dos casos estão concentrados no Espírito Santo, com aumento significativo das notificações. Estamos, neste momento, com uma equipe lá”, concluiu Ethel.
Com informações da Agência Brasil e SES-RJ