A sinalização do aumento dos casos considerados mais críticos envolvendo infecções por rinovírus entre crianças e adolescentes na Bahia, no Ceará, no Rio de Janeiro e no Maranhão é um dos principais destaques do novo Boletim InfoGripe, divulgado nesta quinta-feira (7) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).  O estudo é referente à Semana Epidemiológica (SE) 44, de 27 de outubro a 2 de novembro.
No Espírito Santo, Goiás, Amazonas e Amapá também há sinal de crescimento de ocorrências de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nessa faixa etária, embora o Espírito Santo já comece a mostrar desaceleração. No entanto, nesses estados, ainda não há dados laboratoriais que permitam identificar as causas.
Os dados laboratoriais disponíveis nesses estados ainda não permitem fazer uma associação sobre qual vírus respiratório tem levado a esse aumento de hospitalizações. Mas, muito provavelmente, os causadores desse aumento de internações sejam vírus que afeta principalmente crianças, como o próprio rinovírus, o vírus sinsicial respiratório (VSR) e o metapneumovírus”, afirma Tatiana Portella, coordenadora do InfoGripe.

Já os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) por Covid-19 continuam em queda na maioria dos estados da região Centro-Sul (que compreende Centro-Oeste, Sudeste e Sul) – com exceção apenas do Rio de Janeiro, que apresenta manutenção do sinal de retomada do crescimento.

A pesquisadora do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz) reforçou que a retomada do crescimento dos casos graves por Covid-19 foi verificada especialmente entre os idosos no Rio de Janeiro, enquanto o rinovírus continua o principal vírus que tem levado à hospitalização crianças e adolescentes de até 14 anos.

Diante desse quadro, Tatiana ressaltou a importância de que todas as pessoas dos grupos de risco – como idosos, crianças pequenas, pessoas com comorbidades e puérperas – estejam em dia com a vacinação contra a Covid-19.

 

 

Aumento de casos de SRAG nas últimas seis semanas

A atualização mostra também que 11 das 27 unidades federativas, até a SE 44, sinalizam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo (últimas seis semanas): Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. Entre as capitais, dez apresentam aumento de casos de SRAG – Goiânia, Macapá, Manaus, Salvador, São Luís, São Paulo, Rio de Janeiro Teresina e Vitória.

Boletim verificou ainda um leve aumento das notificações de casos de SRAG por influenza B nas últimas semanas, especialmente na população de 14 a 49 anos. A publicação indica ainda leve aumento das notificações de SRAG desencadeada pelo vírus influenza B em todo o país, embora o total desses casos não seja muito expressivo e não tenha criado impacto nas hospitalizações por SRAG nessa faixa etária em âmbito nacional.

Mais de 72 mil casos positivos para vírus respiratórios

Desde o início do ano, já foram registradas no Brasil, já foram notificados 153.448 casos de SRAG, sendo 72.043 (46,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório. 64.913 (42,3%) negativos, e ao menos 8.338 (5,4%) aguardando resultado laboratorial.

Dentre os casos positivos do ano corrente, 36% são para vírus sincicial respiratório (VSR).; 25,8% são rinovírus; 19,1% são Sars-CoV-2 (Covid-19), 17,6% são influenza A e 1,5%, influenza B.

56% das mortes foram causadas pelo vírus da covid-19

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas analisadas, a prevalência foi de 36,8% para rinovírus, 24,2% para o coronoavírus causador da covid-19, 11,1% para influenza B, 11% para influenza A e 4,9% para VSR.

Considerando apenas os casos que levaram os pacientes à morte, 56,3% estão associados à covid-19. As mortes também foram relacionadas com a influenza A (16,3%), a influenza B (11,2%); VSR (0,5%) e o rinovírus (7,4%).

 

 

Em nível nacional, há sinal de estabilidade ou oscilação de SRAG na tendência de longo (últimas seis semanas) e de aumento na tendência de curto prazo (últimas três semanas). A incidência de SRAG por Covid-19 tem apresentado maior impacto em crianças pequenas e idosos, enquanto a mortalidade tem sido mais elevada entre idosos a partir de 65 anos.

Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 11% para influenza A; 11,1% para influenza B; 4.9% para vírus sincicial respiratório (VSR); 36,8% para rinovírus e 24,2% para Sars-CoV-2 (Covid-19).

Entre os óbitos, a prevalência entre os casos positivos foi de 16,3% para influenza A; 11,2% para influenza B; 0,5% para VSR; 7,4% para rinovírus; e 56,3% para Sars-CoV-2 (Covid-19).

Óbitos e incidência

A incidência e a mortalidade semanal média, nas últimas oito semanas epidemiológicas, mantêm o cenário típico de maior impacto nos extremos das faixas etárias analisadas. Enquanto a incidência de SRAG apresenta impacto mais elevado nas crianças até dois anos, em termos de mortalidade a população a partir de 65 anos é a mais impactada.

Já em relação aos casos de SRAG por Sars-CoV-2 (Covid-19), a incidência tem apresentado maior impacto nas crianças pequenas e idosos, enquanto a mortalidade tem sido mais elevada entre os idosos a partir de 65 anos.

Em relação aos demais vírus com circulação relevante no país, o impacto nos casos de SRAG tem se concentrado nas crianças pequenas e associados principalmente ao rinovírus, enquanto a influenza A também se destaca na mortalidade da população idosa a partir de 65 anos.

Mais sobre a SRAG

SRAG é uma complicação respiratória associada muitas vezes ao agravamento de alguma infecção viral. O paciente pode apresentar dificuldade respiratória e queda no nível de saturação de oxigênio, entre outros sintomas.  Esse quadro pode eventualmente ser desencadeado pelo rinovírus, um agente viral altamente contagioso que causa boa parte dos resfriados comuns.

Na maioria das vezes, o indivíduo infectado desenvolve sintomas leves, podendo apresentar coriza, dor de garganta, tosse, espirros e congestão nasal. No entanto, alguns casos podem evoluir para a SRAG, sendo que as crianças pequenas estão entre os grupos mais suscetíveis.

Mais sobre o Infogripe

O Infogripe é elaborado com base nas notificações de SRAG registradas no Sivep-gripe, sistema de informação mantido pelo Ministério de Saúde e alimentado por estados e municípios. A publicação reúne dados referentes à semana epidemiológica que vai de 27 de outubro a 2 de novembro.

Da Agência Brasil e Agência Fiocruz

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