Por Gustavo Guimarães*

A oscilação extrema das temperaturas, consequência direta das mudanças climáticas, tem se tornado uma constante perturbadora. Nesta semana, as previsões indicam um típico “vaivém” climático: dias gelados seguidos por um calor intenso. Esse padrão de “gangorra” climática afeta nosso conforto e representa um desafio significativo para a saúde respiratória.

Este ano, a temporada de queimadas no Brasil se revelou particularmente severa, afetando ao menos 11 estados. A fumaça gerada por esses incêndios é uma mistura de fuligem, monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis – uma receita tóxica que pode prejudicar gravemente as vias aéreas.

A interação entre mudanças climáticas e poluição, agravada pelas queimadas, representa uma ameaça crescente para a saúde respiratória. As flutuações extremas de temperatura e a poluição atmosférica são fatores que podem desencadear crises respiratórias, especialmente em indivíduos com condições pré-existentes.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), a inalação dessa fumaça pode causar problemas respiratórios intensos, como tosse persistente, falta de ar e agravamento de condições como asma e bronquite.

Quem está mais exposto?

As crianças e os idosos, com seus sistemas respiratórios mais vulneráveis, estão particularmente em risco e são os mais afetados por crises respiratórias associadas à poluição e queimadas. Doenças como asma e bronquite crônica são responsáveis por uma significativa parcela das internações infantis no Brasil e afeta cerca de 10 a 15% da população. Pessoas com condições respiratórias crônicas, problemas cardíacos e imunológicos também enfrentam riscos aumentados.

 

 

 

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Como se proteger?

Adotar medidas preventivas é fundamental para proteger a saúde respiratória e enfrentar os desafios impostos pelos fatores ambientais. Essas ações ajudam a minimizar os impactos negativos de poluentes, alérgenos e outras ameaças.

A conscientização sobre os riscos e a preparação adequada são essenciais para melhorar a qualidade de vida e manter a saúde respiratória em boas condições.

Aqui estão algumas estratégias essenciais para proteger suas vias aéreas e minimizar os impactos adversos das flutuações climáticas e da poluição:

  1. Higiene Nasal Regular: Mantenha suas vias aéreas limpas realizando a lavagem nasal pelo menos duas vezes ao dia. Isso ajuda a remover vírus, bactérias e poluentes. Em climas secos, aumente a frequência da lavagem para combater a secura e a irritação.
  2. Umidificação do Ambiente: Use umidificadores em ambientes com baixa umidade para manter a umidade relativa do ar em torno de 60%. Evite o uso excessivo, pois umidade elevada também pode ser prejudicial. Ajuste o umidificador principalmente para as noites, garantindo um ambiente mais confortável para dormir.
  3. Hidratação Adequada: Beba pelo menos 2 litros de água diariamente para manter as mucosas respiratórias bem hidratadas. A boa hidratação é fundamental para o funcionamento saudável das vias aéreas.
  4. Evitar Ambientes Poluídos: Reduza o tempo em locais com alta poluição, fumaça, poeira ou onde se fuma. Se possível, permaneça em ambientes bem ventilados e com boa qualidade do ar.
  5. Vacinação em Dia: Mantenha suas vacinas atualizadas, incluindo as contra gripe, pneumonia e outras doenças virais. A vacinação pode prevenir infecções respiratórias que podem ser exacerbadas por mudanças climáticas e poluição.
  6. Higiene das Mãos e Proteção: Lave as mãos frequentemente para evitar a propagação de vírus e bactérias. Evite contato próximo com pessoas resfriadas e, quando necessário, use máscara para proteger-se de agentes infecciosos.

*Médico pneumologista pediátrico e diretor técnico do Plano Brasil Saúde

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