O novo Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (27/3), alerta para o início da tendência de aumento da circulação dos vírus respiratórios nas próximas semanas. O estudo já vem sinalizando em suas últimas edições para o crescimento de casos graves do vírus sincicial respiratório (VSR), principalmente na região Centro-Oeste, com a incidência atingindo níveis altos ou muito altos. O VSR é a principal causa da bronquiolite, doença que afeta principalmente bebês e crianças.
A análise é referente à Semana Epidemiológica (SE) 12, de 16 a 22 de março. Os pesquisadores esclarecem que se trata de um crescimento sazonal, que costuma ocorrer nessa época do ano, com a chegada do outono. No atual cenário, a análise também observa esse crescimento em níveis de incidência moderada na região Sudeste, especialmente nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Também o estado do Acre já começa a dar sinais de aumento dos casos graves de VSR. 
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos positivos foi de 38,9% de vírus sincicial respiratório, 34,9% de rinovírus, 20,8% de Sars-CoV-2 (Covid-19), 6,2% de influenza A, 1,5% de influenza B. Já entre os óbitos causados pelas infecções respiratórias, a prevalência continua sendo do Sars-CoV-2, o vírus da Covid-19,  presente em 68,5% das notificações. Em seguida, aparecem 11% de rinovírus, 8,5% de influenza A, 3% de influenza B e 3% de VSR.

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Com tendência de aumento, recomendação é vacina contra a gripe

O estudo aponta ainda que é  muito provável que, em breve, haja um aumento do vírus da influenza.  Após ressaltar que a campanha de vacinação começa no dia 7 de abril, a especialista destaca a importância de que todas as pessoas elegíveis busquem um posto de saúde para se vacinar, e com isso, preparar o sistema imunológico para enfrentar essa temporada de aumento do vírus da influenza que está por vir.

A análise observa ainda que outro vírus que tem circulado muito no país – principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste – é o rinovírus, que tem afetado principalmente crianças e adolescentes de até 14 anos. No entanto, o rinovírus já mostra sinais de desaceleração em alguns estados do país.

Covid-19 é imprevisível: idosos devem reforçar vacinação

Já em relação à Covid-19, no momento, o boletim aponta que não há indicativo de que os casos graves estejam subindo no país. Apenas o estado de Roraima apresenta sinal de aumento de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nos idosos associado ao vírus. Mas como a Covid-19 não tem um comportamento sazonal, o que torna mais difícil prever quando os casos vão aumentar, como esclarece a pesquisadora Tatiana Portela, do InfoGripe e do Programa de Processo de Computação Cientifica da Fiocruz.

Como os períodos de alta da Covid-19 são mais imprevisíveis e dependem de fatores como o surgimento de uma nova variante mais infecciosa e a perda de imunidade da população, é fundamental que a população mantenha a vacinação em dia, independente da época do ano. Isso vale especialmente para idosos e imunocomprometidos, que devem tomar as doses de reforço a cada seis meses”, adverte.

“No mais, recomendamos o uso de máscaras em locais fechados e com maior aglomeração de pessoas nos estados onde os casos de SRAG em crianças estão em níveis de incidência mais elevados. Também recomendamos o isolamento em caso de sintomas de síndrome gripal. Mas, se não for possível fazer esse isolamento, é importante sair de casa usando uma boa máscara e manter a etiqueta respiratória”, afirma a pesquisadora.

Tendência de aumento nos casos de SRAG

Em nível nacional, o cenário atual sugere aumento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) e de curto prazo (últimas três semanas). Esse cenário é atribuído principalmente ao crescimento de SRAG nas crianças pequenas de até dois anos em muitos estados do país.

Em 2025, já foram notificados 24.635 casos de SRAG, sendo 9.336 (37,9%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório e 11.278 (45,8%) negativos.  Ao menos 2.359 (9,6%) estão aguardando resultado laboratorial.

Entre os casos positivos desde janeiro, observou-se 36,5% de Covid-19; 28,8% de rinovírus; 23,1% de VSR; 6% de influenza A e 2,1% de influenza B. A influenza A e a influenza B são vírus que causam a gripe e são os principais responsáveis por epidemias sazonais. A influenza A é mais comum e pode ser mais agressiva, enquanto a influenza B é mais comum em crianças.

Estados e capitais

Boletim aponta que nove dos 27 estados apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco, com tendência de crescimento na tendência de longo prazo até a Semana Epidemiológica 12: Acre, Amapá, Amazonas, Distrito Federal, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Rondônia e Roraima.

Gráficos do InfoGripe.

 

Outros estados das regiões Norte e Centro-Oeste, como Mato Grosso, Tocantins e Goiás, também apresentam incidência de SRAG em níveis de alerta ou risco, porém com sinal de estabilização ou oscilação na tendência de longo prazo. Contudo, Tocantins e Goiás ainda apresentam crescimento de SRAG na faixa etária de até dois anos.

O início ou a manutenção do crescimento de SRAG entre crianças de até dois anos, associado ao VSR, com níveis de incidência de moderado a muito alto em alguns estados do Centro-Oeste (Distrito Federal e Goiás), Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo) e no Acre.

O crescimento de SRAG nas crianças de 2 a 14 anos em muitos estados das regiões Norte (Amapá, Roraima e Rondônia), e Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) é atribuído principalmente ao rinovírus. No entanto, em Rondônia e Distrito Federal, o aumento nessa faixa etária já apresenta sinais de desaceleração.

Roraima também registra crescimento de SRAG entre os idosos a partir de 65 anos, possivelmente associado à Covid-19. Sergipe continua sendo o único estado da região Nordeste com incidência em nível de alerta. Porém, a tendência de SRAG no estado segue em queda, principalmente entre crianças e adolescentes de dois a 14 anos e idosos a partir de 65 anos.

Nove das 27 capitais apresentam incidência de SRAG em nível de alerta, risco ou alto risco (últimas duas semanas) com sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) até a semana 12: Belém (PA), Boa Vista (RR), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Macapá (AP), Rio Branco (AC), São Luís (MA) e Teresina (PI).

Com informações da Agência Fiocruz

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