Os gatos passaram a dominar os lares e se tornaram preferência quando o assunto é animal de estimação. De acordo com o Instituto Pet Brasil (IPB), houve um aumento de 5,4% no número de felinos nas casas brasileiras entre 2022 e 2024, passando de 29,2 milhões para mais de 30 milhões de gatos acolhidos em lares. De acordo com especialistas, diversos fatores explicam o aumento, entre eles o estilo de vida urbano.

As pessoas têm mais dificuldades em manter cães de maior porte em apartamentos, além de demandarem o compromisso de sair de casa. Já com os gatos, o tamanho não importa: se o ambiente for enriquecido para eles, estarão felizes sem demandar nenhum passeio. O fato de ficarem melhor quando sozinhos no período do dia em que as pessoas trabalham fora também pode contribuir, uma vez que os gatos toleram melhor do que os cães a breve ausência dos tutores”, diz Adriana Tschernev, diretora-executiva da ONG Confraria dos Miados e Latidos.

Apesar do crescimento de felinos adotados — e da tendência de aumento contínuo —, o número de gatos em situação de abandono pode passar de 10 milhões, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao todo, somente no Brasil existem mais de 30 milhões animais abandonados, a maioria de cães. No entanto, há apenas 7.400 abrigados em ONGs ou locais mantidos pelo poder público, de acordo com a pesquisa Índice de Abandono Animal.

Dia Nacional de Adotar um Animal é lembrado desde 2000

Quem nunca pensou em adotar um pet para fazer companhia para si ou para outro animal da casa, cuidar do lar ou até mesmo para trazer alegria? Em 4 de outubro, comemoramos o Dia Mundial dos Animais e, no Brasil, há 25 anos, também se celebra o Dia Nacional de Adotar  um Animal. Esta iniciativa presta uma justa homenagem a São Francisco de Assis , um exemplo de protetor dos animais, que nesta oportunidade tem seus princípios e valores ressaltados.

O abandono de um animal é um ato cruel e degradante, demonstração incapacidade para assumir compromissos, e caracteriza-se num crime. O Dia Nacional de Adotar um Animal é uma oportunidade para combater o preconceito ainda existente contra animais que não possuem pedigree”, diz Vininha F. Carvalho, idealizadora da campanha educativa.

No ano 2000, a ativista ambiental lançou esta campanha, criando o conceito de utilizar a denominação Dia Nacional para realizar o engajamento para muitas outras campanhas educativas.  Segundo ela, a data já conseguiu através de iniciativas individuais e do apoio de entidades sérias, um resultado surpreendente. “Ocorreram muitas adoções e aproximação de muitas pessoas á causa dos animais”, ressalta Vininha F. Carvalho.

Adoção de gatos traz benefícios para tutores

Ao adotar um gato, a vida do felino muda completamente e de forma imensurável. Dados indicam que um gato sem acesso à rua vive, em média, 15 anos; já os que dão a famosa “voltinha”, ou até mesmo não possuem lares fixos, têm a expectativa de vida mais baixa e chegam, em média, a apenas cinco anos. Os perigos são os mais diversos, como brigas, atropelamento, envenenamento, machucados e até doenças sérias, como a FIV, a FeLV e a esporotricose.

Estudos recentes apontam que, além dos benefícios que o gatinho ganha com a vida nova, quando o humano abraça e interage com o gato, os níveis de oxitocina, o chamado “hormônio do amor”, aumentam em ambos os cérebros. A substância neuroquímica liberada é a mesma que surge quando uma mãe embala seu bebê ou quando amigos se abraçam. A sensação de confiança e afeto é gerada.

 

Dizem que ter gato vicia e que “quem tem um, tem dois ou mais”. Isso aconteceu com Ingrid Lima de Melo, que adotou uma gata da ONG Confraria dos Miados e Latidos.

Decidi adotar a Alice sem planejamento prévio. Estávamos já pensando e decididos em pegar mais um gato, pois eu e meu marido moramos em um apartamento com outro gato, e é aquela coisa: ‘preciso dar um gato pro meu gato’, porque na nossa rotina agitada acabamos ficando a maior parte do tempo na rua e ele já estava dando um show quando tínhamos que sair”.

O único planejamento era em relação à adaptação da nova integrante da família. “Só tínhamos pensado em uma coisa, iríamos adotar próximo às férias do meu marido para que pudéssemos iniciar a adaptação gradual e da maneira mais correta possível. Cerca de 15 dias antes de ele entrar em recesso, passamos em uma loja de artigos pet despretensiosamente para comprar areia, mas fomos olhar os gatinhos e nos apaixonamos por Alice Kaya. O perfil dela era todo perfeitinho pra nós”, conta Ingrid.

As responsabilidades da adoção

Para o bem-estar, o animal deve, de acordo com a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE): ser livre de fome e sede; livre de desconforto; livre de dor; livre de lesões e doenças; livre para expressar seu comportamento natural; livre de medo e estresse.

Um animal com alto grau de bem-estar, segundo a Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), é considerado aquele que tem boa saúde e que pode expressar o seu comportamento natural.

Portanto, ao adotar um animal é importante estar consciente das responsabilidades envolvidas: alimentação, vacinação, consultas regulares, tempo para brincadeiras, além de um local adequado para abrigá-lo.

No caso dos gatos, o enriquecimento ambiental é uma das principais preocupações a que os tutores devem se atentar ao adotar um felino, além das necessidades mais básicas, como ter uma casa telada e não deixar o animal acessar a rua.

O ambiente deve oferecer opções para que o gato exerça as ações que mais gosta de fazer: brincar, caçar, arranhar e dormir, uma vez que a falta disso gera gatos obesos, frustrados e até adoecidos pelo estresse”, diz Adriana.

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Aumento de adoções e pedidos de resgate

Desde 2007, a  ONG Confraria dos Miados e Latidos trabalha promovendo o bem-estar e qualidade de vida dos gatos, mas foi em 2025 que viram a necessidade de expandir a estrutura por conta do aumento de adoções e pedidos de resgate. Para resolver o problema, a solução foi iniciar a construção do Castelo dos Miados, um lugar que unifica abrigo, clínica de atendimento interno e ao público e o setor administrativo.

Eu vejo um futuro próximo em que as pessoas possam compreender melhor os gatos e lhes oferecer um ambiente previsível e que eles possam controlar, com uma oferta adequada tanto de alimentos quanto de interação e atenção”, afirma a diretora-executiva da ONG Confraria dos Miados e Latidos. 

A capacidade de acolhimento é de mais de 200 gatos, o que representa três vezes mais vagas de admissão inicial, o dobro de vagas na maternidade e 40% mais vagas de internação para animais com doenças infectocontagiosas. “O resultado disso serão ainda mais animais fora das ruas e em seus lares definitivos”, explica Adriana.

Apoie a Confraria ou adote um felino!

Para que o sonho do novo espaço seja concluído, a ONG convida apoiadores a se tornarem parte da Corte do Castelo com a compra de cotas de apoio. O espaço possui visitação guiada aos finais de semana e atividades permanentes como home office com gatos, por R$ 35 o período de 08 horas, sessões de meditação ao lado de felinos FeLV+ e aulas de yoga nos ambientes onde os animais aguardam adoção, experiências que promovem o bem-estar humano e contribuem para a socialização dos gatinhos.

A quem quiser doar e fazer parte da Corte, as cotas, que começam em R$ 50, oferecem diferentes recompensas e contrapartidas simbólicas, como títulos de nobreza para os pets da família, camisetas exclusivas, tours personalizados e até acesso às câmeras de monitoramento da ala dos filhotes. Faça parte da campanha: https://doa.re/hCTt.

Para quem quiser contribuir adotando um felino, acesse https://www.miadoselatidos.org.br/gatos-para-adocao. Todos os animais são castrados, microchipados, vacinados e testados para FIV e FeLV, e, ao adotar, o novo tutor recebe uma pasta contendo todo o histórico médico do gatinho.

Palavra de Especialista

O que faz a diferença para você na hora de adotar o animal?

‘Conscientização torna a convivência com os animais segura’, diz ativista

Por Vininha F. Carvalho*

Muitos animais domésticos são abandonados pelos seus tutores e os motivos para essa atitude são os mais diversos possíveis. As significativas alterações da dinâmica ambiental que vêm ocorrendo, necessitam incluir o controle do crescente número de animais em situação de risco, vivendo conflitos decorrentes do aumento populacional e da adoção irresponsável.

A realidade de abandono é estimulada especialmente pela aquisição por impulso. A OMS também aponta que em cidades de grande porte, para cada cinco habitantes há um cachorro, sendo que 10% desses foram abandonados.

Através da conscientização é possível ampliar a oportunidade de melhorar o relacionamento entre as pessoas e os animais, por meio de atividades voluntárias norteadoras e essenciais para o respeito ao direito dos animais. Isto propiciará o desenvolvimento da consciência ecológica e, assim, permite a todos que se engajarem nela, exercer o papel de cidadão e protetor dos animais.

Muitas atividades são realizadas no Dia Nacional de Adotar um Animal, com o objetivo de discutir o problema do abandono, assim como apresentar as propostas existentes para avançar na busca da solução, visando proporcionar aos animais uma condição de vida digna.

O objetivo é incentivar a conscientização das pessoas a respeito dos direitos dos animais, mostrar que o abandono, a reprodução descontrolada e a falta de informação contribuem para gerar esta situação indesejada, que vai além do bem-estar animal e impacta também a saúde pública.

Cuidar do animal de estimação é um hábito que precisa ser incorporado ao dia a dia da população como forma de prevenir e minimizar a incidência do abandono. Pela internet é possível fortalecer as redes de voluntariado, cuja finalidade é propiciar uma variedade de atividades com enfoque na divulgação dos princípios e valores que visam promover o bem-estar dos animais.

Esta uma reflexão que precisa ser considerada, e levada para o debate, pois a adoção deve ser feita com os ‘olhos do coração’, onde não deve existir o preconceito no que diz respeito à raça, idade ou deficiências provenientes de agressões ou doenças que prejudicaram a visão ou a locomoção destes animais”, diz a ativista

A forte presença das pessoas comprometidas com a causa dos animais nas comunidades mostra que a contribuição não está apenas em palavras, mas em ações efetivas e transformadoras cada vez mais eficazes. Adotar um animal é um ato de responsabilidade social. Ajuda a reduzir o número de animais nas ruas e nos abrigos e valoriza a vida.

O objetivo desta campanha é tornar a convivência com os animais mais alegre e segura e, também, informar para as pessoas sobre os riscos que correm ao abandonar o seu animal, pois existem leis em vigor, que punem este tipo de atitude.

*Ativista ambiental e idealizadora da campanha para criação do Dia Nacional de Adotar um Animal

 

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