Embora a ocorrência de complicações cardiovasculares em pacientes jovens com colesterol alto seja menos frequente, é importante destacar que quando associado a outros fatores de risco, como má alimentação, tabagismo, diabetes mellitus e histórico familiar, a manifestação da doença pode ocorrer de forma mais precoce.
De modo geral, crianças e adolescentes são menos suscetíveis a apresentarem colesterol elevado, mas uma pesquisa divulgada este ano pela Universidade Federal de Minas Gerais concluiu que 27,4% das crianças e adolescentes brasileiros estão com colesterol fora do limite, que é de 170, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
O estudo mostrou também que 19% dos 117 mil voluntários de 2 a 19 anos analisados têm o LDL, o chamado “colesterol ruim”, acima de 130, valor máximo recomendado para essa faixa etária pela SBC. As regiões com maior taxa são Nordeste, Sul e Sudeste.
“Esse achado é muito preocupante, já que o acúmulo de gorduras no sangue e nas artérias está diretamente relacionado ao surgimento de doenças graves na vida adulta, como infarto e AVC. Com isso, reforçamos a necessidade da adoção de hábitos saudáveis desde a infância“, destaca a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
Por isso, “é essencial que os jovens adotem bons costumes, os quais incluem uma alimentação equilibrada, a prática regular de atividades físicas e evitar o tabagismo para fugir de futuras complicações”.
Prevenção é a chave para evitar complicações do colesterol alto
Para o cirurgião vascular Marcus Vinicius Martins Cury, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), o Dia Nacional de Prevenção e Controle do Colesterol (8 de agosto) serve como um lembrete importante de que a prevenção é a chave para uma vida saudável e para a preservação da saúde do sistema circulatório.
“Adotar um estilo de vida saudável, buscar acompanhamento médico regular e seguir as orientações do profissional de saúde são passos fundamentais para manter o colesterol sob controle e garantir uma boa saúde vascular”, enfatiza o especialista.
Segundo cessar o tabagismo é essencial para diminuir a progressão da placa aterosclerótica. Além disso, manter uma alimentação equilibrada, com baixo teor de gorduras saturadas e uso de ‘boas gorduras’, como ômega-3, é recomendada.
“O controle do excesso de peso e a prática regular de exercícios físicos também desempenham um papel importante na prevenção e controle do colesterol”, orienta.
Colesterol alto: o que a sua alimentação tem a ver com isso?
O colesterol é um composto químico gorduroso produzido pelo fígado e também obtido por meio da alimentação que é fundamental para o funcionamento do organismo. Essa molécula é exclusiva do reino animal e está presente principalmente no leite e derivados, na gema do ovo e nas carnes.
Leopoldo Piegas, cardiologista do Hcor, explica que o excesso de consumo de alimentos gordurosos pode levar ao desenvolvimento de uma placa de gordura dentro da artéria coronária.
“Essa placa pode crescer a ponto de obstruir o vaso ou romper e formar um coágulo, causando a interrupção de toda a circulação coronária e do suprimento de oxigênio para o coração, levando ao infarto agudo do miocárdio”, explica.
Ainda segundo o médico, a obesidade é um grande fator de risco que precisa de atenção, tanto por estar associada a elevados níveis de colesterol, quanto pelas comorbidades nocivas ao coração, como o diabetes, evitando o consumo de produtos industrializados, o sedentarismo, o estresse, o fumo e a ingestão de bebidas alcoólicas.
“Ainda que o problema seja mais comum em pessoas com mais de 65 anos, os jovens também podem ser afetados. Para prevenir esse desfecho, que pode até ser fatal, é recomendável manter hábitos saudáveis ao longo de toda a vida”, esclarece Dr Leopoldo.
Riscos do colesterol alto para a saúde cardiovascular
Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), o colesterol elevado, especialmente em sua fração LDL, tem sido associado ao acelerado processo de formação de placas ateroscleróticas nas artérias, aumentando significativamente o risco de eventos cardiovasculares graves”.
Os principais fatores de risco para o colesterol alto são o diabetes mellitus e o tabagismo. O cirurgião vascular Marcus Vinicius Martins Cury, membro da diretoria da SBACV-SP, explica por que, “em conjunto com a elevação do colesterol, essas condições determinam um incremento na formação de placas ateroscleróticas nas artérias, levando a um processo inflamatório crônico que perpetua o problema”.
Segundo ele, a doença aterosclerótica é sistêmica e as manifestações variam de acordo com a localização e o grau das placas formadas. Nas artérias coronárias, pode ocorrer a angina e o infarto agudo do miocárdio.
“Já nos membros inferiores, o estreitamento progressivo das artérias pode resultar em claudicação intermitente, uma dor nas pernas induzida pela caminhada, e, a longo prazo, levar a lesões nos pés de difícil cicatrização, aumentando o risco de amputações. Em outras regiões, como nas artérias carótidas, a formação de placas é um fator de risco significativo para o AVC”.
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SBACV-SP – A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo tem como missão levar informação de qualidade sobre saúde vascular para toda a população. Para outras informações acesse o site e siga as redes sociais da Sociedade (Facebook e Instagram).
Hcor Explica – A série Hcor Explica no YouTube reúne um time de especialistas para apresentar os principais temas de saúde em episódios que serão publicados semanalmente. O primeiro vídeo, sobre infarto, com a participação do cardiologista Leopoldo Piegas, já está disponível – acesse Link.
Com Assessorias