Quando alguém diz que está “morrendo de calor” pode não ser exagero. A confirmação da causa da morte da universitária Ana Clara Benevides, de 23 anos, durante show de Taylor Swift no Rio de Janeiro, acende o alerta para os perigos do calor extremo. Segundo especialistas, o calor intenso pode sim desencadear doenças como a exaustão térmica que a estudante sofreu e levar à morte. Por isso, durante este verão, quando algumas regiões brasileiras enfrentarão temperaturas acima dos 40°C, é preciso atenção aos cuidados.

A médica cardiologista e professora do curso de Medicina da Uniderp, Lacy Coelho Barbosa Neta, explica que quando a temperatura do corpo aumenta mais rápido do que a capacidade de resfriá-lo, os órgãos vitais podem sofrer danos, levando o indivíduo à morte.

Heat Stress, Estresse Térmico ou Estresse por Calor é uma condição médica real e muito séria. Esse aumento de temperatura é conhecido como hipertermia e pode ocorrer quando o corpo humano não consegue dissipar o calor de forma eficaz, causando o aumento perigoso da temperatura corporal e prejudicando o funcionamento normal dos órgãos”, esclarece.

A exposição prolongada a altas temperaturas, especialmente em combinação com a alta umidade, pode levar a uma série de condições:

Exaustão por calor: os sintomas incluem fadiga, fraqueza, tontura, náuseas, dores de cabeça e sudorese excessiva.

Insolação: Como um golpe de calor, essa condição pode chegar a um nível grave quando a temperatura se eleva, atingindo 40C ou mais. Os sintomas são caracterizados por confusão, pele quente e seca, pulso acelerado e, em casos severos, perda de consciência.

Cãibras por calor: provocada pela perda de sais minerais devido à transpiração excessiva e desidratação, resultando em espasmos musculares dolorosos.

Edema periférico por calor: Essa condição diz respeito ao inchaço das pernas e mãos devido à retenção de líquidos.

Taquicardia e respiração acelerada: são sintomas de que o coração e o pulmão estão trabalhando mais para tentar resfriar o corpo.
A prevenção é fundamental para evitar o surgimento de qualquer uma dessas condições apontadas. Hidratar-se, evitar atividades extenuantes durante as horas mais quentes do dia, usar roupas leves e soltas, além de procurar estar em locais frescos e sombreados, são passos importantes para garantir o bem-estar nesse período.

“Boca seca, perda de apetite, dor de cabeça, cansaço e inchaço dos pés podem ser sinais de desidratação. Ignorar a importância da ingestão de líquido é um erro. Mas, vale lembrar que, bebidas alcoólicas não estão nessa lista. O consumo de álcool dá a sensação de hidratação e na verdade provoca efeito contrário, já que o álcool pode diminuir o composto vasopressina que retém a água no corpo. A redução da vasopressina pode impedir o organismo de reter o H2O que necessita, provocando assim a desidratação”, alerta a cardiologista.

Já o uso de isotônicos pode ser considerado apenas por quem realizou atividades físicas extenuantes. Se este não for o caso, a ingestão de água é o suficiente para manter a hidratação adequada, com recomendação de pelo menos 2 litros por dia para adultos saudáveis.

Idosos são mais vulneráveis

Alguns grupos de pessoas são mais vulneráveis ao estresse por calor como: Idosos, pois possuem capacidade reduzida de regular a temperatura corporal; crianças pequenas, que muitas vezes não sabem identificar a necessidade de se hidratar ou se refrescar; gestantes, além de indivíduos que apresentam obesidade, doenças vasculares, cardíacas e mentais também devem ser acompanhados mais rigorosamente.

Os casos de exaustão extrema e insolação podem ser fatais pois o corpo perde a capacidade de controlar a temperatura corporal. A desidratação pode estar associada, e, quando em estágios mais avançados, ocorre um desbalanço entre os sais do corpo, o que predispõe a arritmias malignas. Também pode haver alterações neurológicas graves, como convulsões e perda de consciência.

Dessa forma, o estresse por calor é considerado uma emergência médica e a busca por assistência deve ser imediata. Os sintomas mais comuns são náuseas, vômitos, confusão mental e aumento da temperatura da pele. Nestes casos, remover rapidamente peças de roupas, tomar um banho frio ou aplicar compressas de gelo ou pano úmido na cabeça, pescoço e axilas podem amenizar os sintomas até a chegada do especialista.

Calor extremo oferece riscos à saúde

A subida dos termômetros ainda no inverno levanta algumas preocupações de especialistas. Isto porque o suor é a principal forma de dissipar o calor, mas, em excesso, pode levar à desidratação, sobrecarregando o coração e causando diversas complicações.
Segundo Cristina Milagre, cardiologista e médica do esporte do Hcor, uma das principais implicações é a exaustão térmica. “O sistema de termorregulação do corpo segue funcionando, mas não consegue dissipar o calor com a velocidade necessária, o que gera sintomas como fadiga extrema, tontura, náuseas, vômitos, desmaio, pulso fraco e rápido”, esclarece.
A situação pode ser ainda mais delicada para quem já tem alguma doença cardíaca, como a hipertensão arterial e insuficiência cardíaca. “Qualquer pessoa que tenha uma doença cardíaca de base pode sofrer com a descompensação do corpo. Isso acontece porque, quando a pressão cai, a frequência cardíaca aumenta para manter o corpo funcionando, aumentando o trabalho do coração podendo causar danos ao sistema cardiovascular”, explica a médica.
Sem os cuidados adequados, pode ocorrer a falência do sistema de termorregulação do corpo. “Nesses casos, a temperatura corporal pode subir acima de 40 graus, levando à confusão mental, desorientação ou perda de consciência, podendo evoluir para um quadro de coma e até óbito”, alerta.
Para prevenir complicações durante os dias quentes, os principais conselhos são: manter o corpo hidratado, usar roupas leves e preferir realizar atividades físicas no começo da manhã ou final do dia.

“É possível verificar a hidratação do corpo através da cor da urina, ela deve ser incolor. Se estiver amarela, significa que está faltando água no corpo. É importante também manter uma alimentação leve, com salada, frutas e legumes; também evitar a ingestão de bebidas alcoólicas, porque, por mais que seja refrescante, o álcool pode favorecer a perda de água do organismo”, finaliza.

Com Assessorias

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