Cirurgia é a principal forma de tratar o câncer não melanoma

Atualmente, há uma variedade de opções terapêuticas para o câncer de pele não melanoma, cada uma adaptada ao tipo e à extensão da doença

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O câncer de pele não melanoma é o quinto mais incidente no mundo, com 1,2 milhão (6,2%) de casos novos, segundo o International Agency for Research on Cancer (IARC), da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os cânceres cutâneos são os tumores malignos mais frequentes, com considerável aumento da incidência ao longo dos anos, principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país. Os casos são mais comuns em pessoas acima de 40 anos, com pele e olhos claros, ou albinos.

Segundo especialistas, a cirurgia é o principal método de tratamento para a maioria dos casos de câncer de pele, sobretudo quando apresenta bordas bem delimitadas. Com a realização de cirurgias, a taxa de mortalidade por câncer de pele não melanoma é consideravelmente baixa. Atualmente, há uma variedade de opções terapêuticas para o câncer de pele não melanoma, cada uma adaptada ao tipo e à extensão da doença.

“Além das modalidades cirúrgicas, a radioterapia, quimioterapia, imunoterapia e os medicamentos orais e tópicos são opções adicionais para tratar os carcinomas. A escolha do tratamento mais adequado deve ser feita por um médico especializado em câncer de pele, levando em consideração o tipo específico da doença e suas características individuais”, reforça o médico Ricardo Motta, cirurgião oncológico do Hcor.

A maior parte dos cânceres de pele são tratados por meio da remoção cirúrgica da lesão. Isso pode ser alterado de acordo com a localização do tumor, o estágio da doença e as condições físicas do paciente.

“As alternativas utilizadas à cirurgia ou concomitante a ela, principalmente nos casos avançados, incluem terapia local, radioterapia, terapia-alvo e imunoterapia. Em relação ao melanoma, o tratamento varia principalmente conforme o estágio da enfermidade.

Nos estágios iniciais (0 e 1) é realizada a extração cirúrgica do tumor com margem de segurança, sendo isso normalmente suficiente para curá-lo. Nos demais estágios (2 a 4), é necessário saber a profundidade do tumor, o comprometimento dos linfonodos e de outros órgãos.

A partir disso é feita uma programação de tratamento que pode compreender além da cirurgia, radioterapia e imunoterapia”, explica Larissa Martins Machado, oncologista clínica do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

A cirurgia apresenta altos índices de cura, além da possibilidade de ser utilizado em casos de tumores avançados e recorrentes. Existem diversas técnicas cirúrgicas muito eficientes para retirar um tumor de pele e reconstruir a área afetada. O que irá determinar a escolha do método será a avaliação do cirurgião em relação ao tamanho e às características de cada lesão.

“São cirurgias consideradas simples, na grande maioria, que podem ser realizadas em ambiente ambulatorial e com anestesia local. Lesões pequenas, por exemplo, podem dispensar os exames pré-operatórios e ter um pós-operatório curto, somente de alguns dias”, explica o médico oncologista João Pedreira Duprat Neto, diretor no Centro de Referência em Oncologia Cutânea do A.C.Camargo Cancer Center. 

Geralmente, a cirurgia de câncer de pele apresenta uma cicatrização tranquila e com poucas complicações, especialmente quando há infecção nas feridas.

“A recuperação após o procedimento vai depender do estado de saúde do paciente, da extensão de pele retirada e do local retirado. Os resultados estéticos são bons, deixando apenas uma pequena cicatriz. Mesmo sendo um tratamento bastante eficiente, é preciso sempre acompanhar no caso do surgimento de possíveis novas lesões cancerígenas”, adverte Duprat Neto, que é coordenador da Comissão de Neoplasias da Pele da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).

Maioria que retira câncer de pele precisa fazer reconstrução da ferida operatória

O bem-estar psicológico dos pacientes é diretamente afetado pelo resultado final da cicatriz cirúrgica, mostra estudo

A doença é mais comum em áreas expostas ao sol como o rosto, por isso há grande preocupação quanto ao resultado da cirurgia. O estudo “Importance of physical appearance in patients with skin cancer”, realizado na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, demonstrou que o bem-estar psicológico dos pacientes que passam por uma cirurgia para remoção de câncer de pele no rosto é diretamente afetado pelo resultado final da cicatriz cirúrgica.

“Quando localizados no rosto, o tratamento mais indicado para remoção desses tumores é a cirurgia micrográfica de Mohs, técnica com maior taxa de cura do que a cirurgia convencional, e, além disso, que preserva a pele sadia levando a menores cicatrizes”, explica o médico dermatologista Felipe Cerci.

Cirurgião de Mohs e pesquisador, ele afirma que, nos casos de reconstrução é essencial que a sutura da ferida seja minuciosa, pois interfere diretamente no resultado estético do procedimento, sendo possível muitas vezes deixar a cicatriz pouco aparente quando técnicas adequadas são utilizadas.

“O resultado afeta diretamente a qualidade de vida, a saúde psicológica e o bem-estar do paciente. Além da parte estética que é fundamental, temos que pensar na questão funcional de regiões como a pálpebra (visão), nariz (respiração) e lábios (fala, alimentação)”, ressalta Cerci.

Para o especialista, o cuidado com o resultado da cicatriz deve ser levado a sério. “Claro que o principal ponto é a cura do câncer de pele, mas também devemos nos preocupar em reconstruir a ferida da melhor forma possível, para que restaure a anatomia mais próxima ao natural. Sempre que reconstruo uma ferida, imagino que é o meu rosto (ou da minha esposa) que estou reconstruindo”.

Cerca de 10% das feridas não precisam ser reconstruídas. Nesses casos, ocorre a cicatrização espontânea, ou seja, sem a necessidade de pontos. Cerci explica que isso é possível para tumores de pele considerados pequenos: “São feridas muito superficiais, em áreas côncavas como no canto dos olhos – próximo ao nariz. Nessas situações podemos esperar a cicatrização apenas com a troca diária de curativos”.

Livro traz formas de restaurar feridas após cirurgia de Mohs

Com o objetivo de auxiliar os colegas cirurgiões a restaurar feridas operatórias após uma cirurgia de Mohs, os médicos Felipe Cerci (Brasil) e Stanislav N. Tolkachjov (EUA) lançam o livro inédito em todo o mundo Combination Facial Reconstruction after Mohs Sugery: A Case Based Atlas”.

Segundo Tolkachjov, o livro ficou muito prático e de fácil estudo. “Os textos estão dispostos em forma de tabela, temos o passo a passo, prós e contras de cada uma das técnicas de reconstrução e muitas fotos intraoperatórias, com os pontos e etapas chaves da reconstrução, para facilitar o entendimento do leitor”.

O livro é inédito por ser o primeiro a focar apenas em reconstruções combinadas, que são as realizadas utilizando mais de uma técnica como, por exemplo, o uso de dois retalhos, ou um retalho e um enxerto. Cerci relata que a ideia surgiu durante uma conversa em um congresso.

“Foram anos de produção com muita cautela na seleção dos casos e das fotos. Dividimos o livro em unidades anatômicas (orelhas, lábios, nariz, bochecha, pálpebra, etc) para facilitar o aprendizado. Como esperado, foi um trabalho extenso, mas que com certeza valeu a pena. Esperamos que o livro auxilie os colegas cirurgiões que muitas vezes precisam ser criativos na combinação de técnicas na hora de reconstruir uma ferida”.

O livro é composto por 61 capítulos subdivididos em sete grupos de unidades anatômicas, com mais de 80 casos cirúrgicos e quase 600 fotos de cirurgia. A obra está disponível na Amazon para vários países do mundo.

Com Assessorias

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