Em 19 de maio, acontece o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal, que foi definido internacionalmente em 2010 para promover a conscientização da população sobre a doença inflamatória intestinal, uma condição que afeta e aflige milhões de pessoas em todo o mundo, notadamente jovens entre 20 e 40 anos, com crescimento significativo de novos diagnósticos nos últimos 20 anos em países em desenvolvimento, como o Brasil.

No Brasil, a prevalência das DII atinge de 12 a 55 em cada 100 mil habitantes. A maior concentração de brasileiros que sofrem com as doenças fica nas regiões sul e sudeste e a maioria são mulheres. Os números são menores do que em países como EUA e Canadá, onde a prevalência pode chegar próxima a 120/130 para cada 100 mil moradores.

Como as doenças inflamatórias intestinais são pouco conhecidas e o diagnóstico precoce e adequado impacta de maneira importante o próprio manejo da doença, bem como sua evolução e interferência na qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares, a Federação Europeia de Colite Ulcerativa e Crohn (EFCCA, sigla em inglês) criou, em 2012, o Maio Roxo.

A campanha é uma forma de alertar a opinião pública para o aumento da prevalência das Doenças inflamatórias intestinais (DII), males que atingem cinco milhões de pessoas no mundo e que vem crescendo no Brasil., uma forma de estender as campanhas de alerta por todo o mês, não apenas um dia, e conferindo à cor roxa um novo significado nesse período do ano.

No Brasil, essa campanha começou a ser realizada pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) em 2016, com ações que reúnem pessoas de todas as partes do país para participar de eventos que esclarecem os desafios enfrentados por pessoas que sofrem dessas doenças, auxiliando-as, e a seus familiares e amigos, como adotar um estilo de vida saudável, além de esclarecimentos sobre os sintomas e apresentação das armas de que dispomos atualmente como tratamentos.

Mas, afinal, o que são doenças inflamatórias intestinais? São um grupo de doenças inflamatórias crônicas do sistema digestivo, tendo a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa como mais prevalentes.

“As doenças inflamatórias intestinais autoimunes que inflamam e adoecem o tubo digestivo. A Doença de Crohn inflama todas as camadas intestinais e pode comprometer uma extensão da boca até o ânus do paciente. Retocolite Ulcerativa acomete somente o intestino grosso e o reto, com inflamação somente da camada mais superficial do intestino”, explica Fernando Bray, coloproctologista e cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Santa Catarina — Paulista.

“A principal diferença entre as duas é o grau de extensão e a localização das lesões, sendo que a retocolite ulcerativa é mais superficial e acomete principalmente o intestino grosso e a doença de Crohn afeta o final do intestino delgado (íleo) e o início do intestino grosso (cólon), provocando, também, lesões mais profundas, alerta Aldacilene Souza da Silva, Ph.D e Medical Science Liaison (MSL) | Celltrion Healthcare.

Segundo a especialista, ambas podem causar cólicas severas, desconforto debilitante, perda de peso não intencional e outros sintomas que interferem na qualidade de vida do paciente. Podem ser de longa evolução e os sinais iniciais são, por vezes, ignorados.

“As causas são multifatoriais: dieta, microbiota intestinal (microorganismos que vivem no intestino), estresse, uso de antibióticos e anti-inflamatórios. Podemos identificá-las via exames de imagens, endoscópicos e biomarcadores fecais”, diz Bray

Principais sintomas

Os principais sintomas das DII são sangramento e muco nas fezes, dor abdominal, diarreia, emagrecimento sem causa aparente, fraqueza, gases, falta de apetite, febre, náuseas e vômitos. No Brasil, de acordo com estudo produzido em 2020, o brasileiro demora em média 62 meses, ou mais de cinco anos, para ser diagnosticado com algum dos males, fazendo com que muitas pessoas não saibam como se tratar e percam dias de trabalho ou escola.

“Os fatores de risco das Doenças Inflamatórias Intestinais não são conhecidos. Embora existam algumas causas que podem aumentar as chances como a parte genética, reação anormal ao sistema imunológico, fatores ambientais como vírus, bactérias, dietas, tabagismo entre outras. Ela é mais comum em caucasianos e é mais comum surgir entre os 10 e 40 anos de idade”, explica Rafael Sanchez Neto, coloproctologista e cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Santa Catarina-Paulista.

Há duas formas de tratamento: o medicamentoso e o cirúrgico. No medicamentoso são utilizadas drogas anti-inflamatórias intestinais, que minimizam a irritação do intestino. Também podem ser utilizados antibióticos, que traçam abscessos e infecções secundárias, corticosteroides, que desinflamam e modulam o sistema imunológico. Há também a possibilidade da utilização de remédios biológicos, que assim como os corticosteróides, também modulam o sistema imunológico.

“O tratamento cirúrgico depende com relação ao Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Tanto um quanto o outro é indicada a cirurgia, quando a terapia clínica não surte resultados. A partir disso, na doença de Crohn, é necessário tirar a parte do intestino doente e fazer uma anastomose (ligar duas partes do intestino). Após a cirurgia, o intestino funciona normalmente, apenas com mais evacuações. Entre seis a dez pessoas que fazem a cirurgia podem ter a recorrência da doença”, afirma Sanchez Neto.

Em relação a Retocolite Ulcerativa, um em cada três pacientes com mais de 30 anos terão que fazer uma cirurgia. Pelo fato da doença afetar mais o intestino grosso ou cólon, a cirurgia será uma colectomia (ressecção cirúrgica de uma parte ou da totalidade do intestino grosso) parcial ou total. Nos casos que afetam o intestino fino ou ânus, é preciso fazer uma ação localizada.

  • Hábitos alimentares e estilo de vida podem influenciar

As DIIs possuem um caráter multifatorial, o que significa que vários componentes podem ser responsáveis pelo acometimento da doença. Acredita-se que genética, hábitos alimentares, flora intestinal e estilo de vida estejam relacionados ao crescimento dessas doenças, mas o conhecimento das reais causas e mecanismos pelos quais essas doenças se desenvolvem ainda não são inteiramente compreendidas.2-3

Apesar dessas doenças se manifestarem ao longo da vida, não existindo cura, é importante salientar que elas não são fatais, nem contagiosas, e que há tratamentos médicos capazes que, junto com mudanças no estilo de vida e na dieta, permitem controlar os sintomas, o que se traduz em maior qualidade de vida aos pacientes.

O Maio Roxo existe para ajudar as pessoas a aprender o máximo possível sobre essas doenças a fim de melhorar sua saúde geral. Além de promover o conhecimento e a conscientização para as doenças inflamatórias intestinais, o Maio Roxo também lança luz à necessidade de Políticas Públicas e Laborais que levem em consideração as situações de pessoas com condições crônicas, como as DII, trazendo benefícios para toda a sociedade”, destaca.

A especialista diz que, além dos custos diretos que a doença provoca aos sistemas de saúde, alcançando bilhões por ano, é preciso contabilizar os custos indiretos à sociedade, pela ausência no trabalho ou aula, pelo tempo perdido com a família. Há ainda os danos psicológicos, como ansiedade e depressão, que a doença produz não apenas nos pacientes, mas também nas pessoas de convívio direto, como família e amigos, e indireto, como colegas de trabalho e da escola.

‘Quando se vive com uma condição crônica como a DII, invisível por si só, posto que seus sintomas não são facilmente notados por outros ao redor, a sensação de inadequação, vergonha e o sofrimento decorrente podem ser tão grandes que a pessoa acredita ser a única a padecer desse mal. E isso faz com que hesitem em falar abertamente sobre a doença”, esclarece.

No entanto, os pacientes dessa condição são milhões, não apenas no Brasil, onde a cada 100 mil pessoas, cerca de 13 são diagnosticadas com essas doenças, mas também em todo o mundo.

E o arsenal de tratamentos tem evoluído bastante na última década, com particular enfoque nos medicamentos biológicos, que produziram verdadeira revolução no manejo dessas doenças, modificando a resposta do paciente, de forma que o organismo volte ao seu equilíbrio anterior, contribuindo para o processo de melhora dos sintomas.

“É essencial que as pessoas reconheçam os sinais de DII e procurem tratamento, o que pode fazer com que a doença seja controlada e passe a regredir (remissão clínica), reduzindo o peso que a doença exerce na qualidade de vida de todos os envolvidos”, completa a especialista.

Cinco passos para evitar as DII

  1. Caso já tenha sofrido com alguma das DII, evite alimentos que estão associados ao aparecimento delas;
  2. Faça exercícios físicos;
  3. Não fume;
  4. Adote uma dieta com baixo teor de gordura e com muitas fibras;
  5. Evite alimentos picantes e vegetais que aumentam a produção de gases.

Com Assessorias

 

 

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