A adolescência é uma fase naturalmente marcada por mudanças hormonais, busca por identidade e instabilidade emocional. Mas quando o sofrimento psíquico ultrapassa os limites do esperado — com quadros de ansiedade, depressão, impulsividade ou traumas — ele pode se tornar terreno fértil para o uso precoce de substâncias como álcool ou maconha.

Às vésperas do Dia Internacional contra o Abuso de Drogas (26 de junho), é preciso fazer um alerta: muitos jovens recorrem às substâncias como uma forma de automedicação emocional, tentando aliviar dores internas que muitas vezes não conseguem nomear e que podem passar despercebidas por pais, escolas e até serviços de saúde.

Uma pesquisa do Centro de Referência de Álcool e Drogas de Minas Gerais revelou que, entre adultos dependentes (24–39 anos), 60,8% teve o primeiro contato com substâncias ilícitas entre 11 e 17 anos, uma janela de vulnerabilidade em que o cérebro ainda está em formação.

Quando há histórico familiar de transtornos mentais, bullying, baixa autoestima ou sensação de inadequação social, o risco de usar drogas aumenta significativamente.

Por que isso acontece na adolescência?

O cérebro do adolescente ainda não está completamente formado. Nessa fase da vida a região do córtex pré-frontal, responsável pelas funções de planejamento, tomada de decisões e regulação emocional ainda está em desenvolvimento.

Por isso a chance de uma pessoa mais jovem fazer um uso abusivo de substâncias ou até de criar uma dependência é muito maior do que na vida adulta. O ideal é que até 18 anos ou mais não se deve entrar em contato com cigarro, álcool, maconha ou outras coisas que possam levar a dependência ou abuso. Não é uma questão moral, é física mesmo.

Um dos caminhos que os pais podem seguir quando se trata de prevenção entre adolescentes é construir uma relação de confiança com os filhos desde pequenos, com muito diálogo, respostas para as dúvidas das crianças e uma escuta respeitosa, sem julgamentos.

Sinal vermelho: quando os pais devem ficar alertas

E é muito importante também que os pais fiquem atentos aos indicativos de alerta. Um deles é o adolescente nunca ter dinheiro. Se ele recebe mesada e está sempre pedindo mais, o que ele está fazendo com a quantia recebida? Outro sinal vermelho é quando começam a sumir objetos de casa.  Os pais também precisam ficar de olho com quem os filhos andam, saber quem são os amigos dele.

E outro ponto é prestar atenção a alterações de comportamento, como por exemplo começar a dormir demais, perder prazos e horários, ir mal na escola ou passar por mudanças de relacionamento, como trocar de turma. Se esses sinais aparecerem, é hora de procurar um profissional de saúde mental.

A intervenção adequada para jovens que fazem uso problemático de substâncias deve ir além da abstinência. É preciso olhar para o que está por trás do comportamento e entender quais dores estão sendo anestesiadas. Geralmente o tratamento envolve combinar acompanhamento psiquiátrico, terapia e acolhimento familiar, que é fundamental para interromper esse ciclo.

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