Quem tem diabetes sabe que disciplina é fundamental para ter mais qualidade de vida. É preciso adotar cuidados como controle de glicemia, alimentação balanceada e prática de exercícios físicos. Afinal, quando mal controlado, o diabetes pode levar a sérias complicações na saúde por causa das altas taxas de glicose (glicemia) no sangue. Causada pela falta ou a insuficiência de produção de insulina pelo pâncreas, a diabetes é uma doença crônica que pode comprometer outros órgãos como coração, olhos, nervos e rins.
“Não há cura, apenas os medicamentos hoje em dia controlam a glicemia e reduzem as complicações. O tipo 2 da doença é o mais comum em adultos, chegando a 90% dos casos”, explica Miguel Carlos Riella, presidente e nefrologista da Fundação Pró-Renal. Entre as principais decorrências do controle ineficiente da glicemia estão a doença renal, a retinopatia e as complicações com pés e membros inferiores. A doença renal é 10 vezes mais comum em pessoas com diabetes.
Segundo o Atlas de Diabetes, no mundo 44% dos portadores da doença desenvolvem a doença renal crônica que, em casos mais sérios, pode levar à morte. Em torno de 25 a 30% dos pacientes que fazem hemodiálise no Brasil, e também na Fundação Pró-Rim – referência nacional no tratamento renal -, tiveram a insuficiência crônica dos rins em decorrência da diabetes.
É importante que ao sentir qualquer sintoma o médico seja consultado para iniciar o tratamento o quanto antes. Uma vez diagnosticado, o paciente precisa ser bem orientado por um médico especialista para melhor controle da glicemia e dos hábitos diários, como dieta, exercícios, entre outros, para minimizar as complicações”, explica o nefrologista.
Sintomas de uma doença silenciosa
Entre os sintomas mais comuns da doença renal estão inchaço, perda de sono, falta de apetite, dor de estômago, fraqueza e dificuldade de concentração. A recomendação é que todo diabético faça pelo menos uma vez por ano o exame que pesquisa a microalbuminúria. Para evitar a doença renal, o diabético tem de manter sob controle sua taxa glicêmica, além de cuidar da pressão arterial por meio de perda de peso, menor quantidade de sal na alimentação, evitar álcool e tabaco e fazer exercícios regulares.
Por ser uma doença silenciosa, ela pode existir por anos sem sintomas. “Os sintomas clássicos são os derivados dos altos níveis de glicose no sangue como sede, aumento do volume de urina, aumento do apetite, infecções urinárias e de pele recorrentes, entre outros”, pontua o médico. Mudanças de humor, fadiga, náuseas, vômitos e perda de peso, formigamento nas mãos e pés, visão embaçada e feridas que demoram para cicatrizar também podem ser indícios da doença, tanto diabetes tipo 1 quanto diabetes tipo 2.
Foram esses sintomas que fizeram Allan descobrir a doença. “Eu tomava muita água, era questão de um, dois litros e ia muito ao banheiro fazer xixi, era de três a quatro litros de urina”, descreve. Ele entrou em um estado de desidratação profunda. “Ninguém sabia o que era diabetes na época, minha mãe me levou em uma médica que receitou uma vitamina com bastante glicose”, conta. Ele fez uso da dieta por um dia e meio.
“Entrei em coma diabético, fui direto para a UTI e fiquei 30 dias em coma”. Mas apesar de conviver com a doença, Allan leva uma vida normal. Seu tratamento é feito com bomba de infusão de insulina, o que melhorou consideravelmente sua qualidade de vida. Ele soma também a prática de exercícios físicos e alimentação saudável, seguindo a recomendação médica. Allan também é paciente renal crônico e faz tratamento de diálise peritoneal devido à perda da função renal decorrente da Diabetes.
Como ocorre o problema renal
Os rins são órgãos compostos por milhões de vasinhos sanguíneos que ajudam a remover os resíduos do sangue. Sua capacidade de filtragem pode sofrer danos por conta do alto nível de açúcar no organismo, que faz com que os rins filtrem mais sangue, sobrecarregando os órgãos e fazendo com que moléculas de proteína sejam eliminadas pela urina (microalbuminúria).
“Os altos níveis de açúcar fazem com que os rins filtrem muito sangue, sobrecarregando os órgãos e levando a perda de proteínas na urina. Com o tempo e o excesso de resíduos no sangue, a sobrecarga faz com que os rins percam a capacidade de filtragem e venham a falhar. Assim, o paciente diabético vai necessitar de sessões de hemodiálise ou de um transplante renal”, explica o nefrologista e presidente da Fundação Pró-Rim, Marcos Vieira.
Quando a doença renal é diagnosticada por meio da microalbuminúria, há tratamentos que podem evitar complicações. Quando é detectada tardiamente (macroalbuminúria), a complicação é chamada de doença renal terminal. Com o tempo, os rins acabam perdendo seu funcionamento, levando o paciente a precisar de um transplante ou sessões regulares de diálise.
Sinais de complicação nos rins
Os sintomas da doença renal crônica não são específicos e podem ser confundidos com outras doenças. Os sinais mais comuns são inchaço, falta de apetite, enjôos, fraqueza, dores no estômago e perda de sono. “A identificação da doença muitas vezes só acontece quando se encontra em estágio avançado, e os rins já estão em fase crítica de funcionamento”, conta o nefrologista.
Diagnóstico e prevenção
É recomendado que os diabéticos, tanto do Tipo 1 e do Tipo 2, façam a pesquisa de microalbuminúria, a qual vai verificar a quantidade albumina (proteína produzida no fígado) eliminada na urina. Quanto maior a quantidade de albumina é eliminada pelo organismo, mais os rins estão afetados. A Sociedade Brasileira de Nefrologia e a Sociedade Brasileira de Diabetes recomendam que toda pessoa com diabetes, entre os 12 a 70 anos de idade, faça a pesquisa pelo menos uma vez por ano.
Prevenção
“O controle da glicose é uma das medidas que o diabético deve gerenciar, evitando assim complicações para outras doenças, como a doença renal crônica, doenças cardiovasculares e a retinopatia diabética”, enfatiza Dr. Marcos Vieira. Cuidados com a pressão arterial, o uso correto de medicamentos alinhados com a prática de hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físicos, controle de peso e o não consumo de álcool e cigarros, podem reduzir o desenvolvimento de outras doenças.
Com Assessorias