A campanha Junho Vermelho alerta para a importância da doação de sangue, especialmente durante os períodos de outono e inverno, quando os hemocentros do país costumam ficar desfalcados. Além do frio, a pandemia também impactou os bancos de sangue de todo o país: segundo o Ministério da Saúde, as doações caíram aproximadamente 20%.
O mês também é marcado pelo Dia Mundial do Doador de Sangue (14), que tem o objetivo de sensibilizar as pessoas para a importância da reposição frequente dos estoques, fundamental para tratar diversas doenças, e lembrá-las de que um gesto altruísta pode salvar muitas vidas (veja aqui).
A hematologista Jaqueline Sapelli, do Hospital A.C.Camargo e credenciada Omint, explica que a redução do estoque de sangue pode resultar no cancelamento de cirurgias e diversos tratamentos médicos.
Atualmente, todos os tipos sanguíneos estão em falta nos bancos do país, justamente por conta do cenário de pandemia, que afastou as pessoas dos centros médicos e hospitalares e vem impactando o tratamento de diversas doenças. O mais comum é que haja falta de O+ e O-, mas hoje os bancos de sangue necessitam de reposição de todos os tipos”, alerta.
Protocolos de doação de sangue durante a pandemia
Qualquer indivíduo entre 16 e 69 anos, com peso superior a 50 kg, pode se tornar doador de sangue. Menores de 18 anos precisam de consentimento formal dos responsáveis e pessoas com febre, gripe, resfriado, diarreia recente, além de grávidas e mulheres no pós-parto, não podem doar temporariamente.
Com uma única doação, é possível ajudar até quatro pessoas. Quem já contraiu o novo coronavírus pode doar 30 dias após a recuperação. Nos casos em que houver apenas contato com uma pessoa infectada pelo vírus, sem que haja desenvolvimento da doença, a doação não pode ser realizada durante um período de 14 dias.
Quem já foi vacinado contra a Covid-19, também está apto para doar sangue. “Depois de tomar cada dose da Coronavac, é possível doar sangue após 48h. Em relação às vacinas da AstraZeneca/Oxford e da Pfizer, o intervalo é de sete dias, após cada dose. Caso haja algum sintoma depois de tomar qualquer imunizante, a doação não pode ser realizada por sete dias, após o desenvolvimento do sintoma”, explica Sapelli.
A frequência das doações é diferente entre os públicos feminino e masculino: para as mulheres, são recomendadas três doações, com um intervalo de 90 dias entre cada uma, e para os homens, quatro, com uma distância de 60 dias entre as doações.
Quem pode doar?
Para a doação é necessário ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos. Menores de idade também pode doar sangue desde que esteja acompanhada dos responsáveis.
Outra dúvida constante é sobre a Covid-19. Em caso de o candidato a doação contrair a doença, só pode doar sangue após 30 dias da completa recuperação. Além disso, se pessoa teve contato com alguém contaminado pelo novo coronavírus, nos últimos 30 dias, é indicado que passe 14 dias sem fazer doações.
E como qualquer outra atividade, aqueles que tiveram contato direto com infectados, deverão aguardar os 14 dias em isolamento. Já no caso das vacinas, só podem doar: 48 horas após cada dose (vacina Coronavac, da Sinovac/Butantan); 7 dias após cada dose (vacina Oxford, da AstraZeneca/Fiocruz); e 7 dias após cada dose (vacina da Pfizer/BioNtec).
Doação de medula óssea
A pandemia também afetou as doações de medula óssea, mas o impacto foi maior na quantidade de coletas do que no número de cadastros de doadores. No Brasil, as informações a respeito de doadores ficam centralizadas no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), que é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Todas as pessoas podem ser doadoras de medula óssea, e os requisitos são os mesmos da doação de sangue, com algumas exceções que podem ser discutidas com a equipe do centro transplantador.
A doação é um ato altruísta e é fundamental que haja segurança para o doador durante todo o processo. Se não houver esse cuidado, aliado a campanhas de mobilização, especialmente em tempos de pandemia, as pessoas continuarão com receio de sair de casa, o que acaba impactando o tratamento de muitos pacientes que precisam do transplante”, destaca a médica.
Os protocolos para doação de medula óssea também são iguais aos da doação de sangue. No caso da medula, a compatibilidade é genética e determinada por um conjunto de genes localizados no cromossomo 6, que devem ser iguais entre doador e receptor.
Para verificar a compatibilidade, é preciso realizar o exame HLA (Human Leukocyte Antigen, em ingês), responsável por codificar as proteínas de superfície que reconhecem e apresentam antígenos. Quando uma pessoa se cadastra para ser doadora, todos os fatores de compatibilidade são analisados por meio da coleta de sangue.
REQUISITOS BÁSICOS PARA DOAR SANGUE
– Portar documento oficial de identidade com foto (identidade, carteira de trabalho, certificado de reservista ou carteira do conselho profissional).
– Estar em boas condições de saúde.
– Ter entre 16* e 69 anos, desde que a primeira doação seja realizada até os 60 anos.
*Jovens com 16 e 17 anos podem doar no Hemorio com autorização dos pais e/ou responsáveis legais e um documento de identidade original desse responsável. Confira o Modelo de autorização. No Serum e no Hematologistas Associados, os jovens precisam estar acompanhados dos responsáveis legais.
– Pesar no mínimo 50 Kg.
– Não estar em jejum. Evitar apenas alimentos gordurosos nas 3 horas que antecedem a doação.
– Não ter feito uso de bebida alcoólica nas últimas 12 horas.
– Se fez tatuagem e/ou colocou piercing, aguardar 6 meses para doar no Hematologistas Associados ou 12 meses no Hemorio ou no Serum.
– Não possuir piercing na língua e/ou na região genital ou 1 ano após a retirada.
– Se passou por endoscopia ou procedimento endoscópico, aguardar 6 meses.
– Não ter tido gripe ou resfriado nos últimos 30 dias.
– Não ter tido Sífilis, Doença de Chagas ou AIDS.
– Não ter diabetes em uso de insulina.
*Aguardar 48h para doar, caso tenha tomado a vacina da gripe, desde que não esteja com nenhum sintoma.
O que pode impedir a doação de sangue
– Febre – acima de 37°C
– Gripe ou resfriado
– Gravidez
– Pós-parto (90 dias após o parto normal e 180 dias após a cesariana)
– Amamentação (até 1 ano após o parto)
– Uso de alguns medicamentos
– Anemia
– Cirurgias
– Extração dentária (7 dias)
– Vacinação: o tempo de impedimento varia de acordo com o tipo de vacina
– Transfusão de sangue: impedimento por 1 ano
❗ Consulte a equipe do banco de sangue em casos de hipertensão, uso de medicamentos e cirurgias.
Com Assessorias