Este Dia Nacional de Combate e Prevenção à Dengue (23/11) alerta para os riscos em relação esta arbovirose, causada pelo temido mosquito Aedes aegypti, comum em áreas tropicais e subtropicais. Seus sintomas incluem febre alta, dores musculares, dor de cabeça e erupções na pele.
Nos casos mais graves, a dengue pode evoluir para a forma grave, com risco de hemorragias, choque e comprometimento de órgãos. Os riscos para a saúde aumentam em situações de reinfecção, o que pode levar a complicações severas e, em casos extremos, ao óbito.
Cada reinfecção aumenta o risco de complicações, como dengue hemorrágica, podendo ser fatal”, afirma a médica infectologista Vera Rufeisen, do Vera Cruz Hospital, em Campinas.
Estudos recentes, publicados pelo National Institute of Health (NIH), nos Estados Unidos, em 2024, têm demonstrado que uma proporção significativa de pacientes com dengue pode apresentar sintomas persistentes e complicações crônicas após a fase aguda da infecção.
Há dados recentes que indicam que 18% dos pacientes com dengue apresentaram sintomas persistentes, como fadiga, sonolência, dor de cabeça, dificuldade de concentração e problemas de memória, até três meses após a infecção. Esses sintomas foram associados a uma piora na saúde mental e funcional dos pacientes”, destaca a especialista.
Sintoma recorrente até 8 anos após a infecção
Outro estudo, também publicado pela NIH, em 2020, identificou que 61,5% dos participantes relataram, pelo menos, um sintoma recorrente, como dores de cabeça, queda de cabelo, cansaço extremo, dores no corpo até oito anos após a infecção. A infectologista do Vera Cruz Hospital diz que outros estudos são necessários para uma melhor elucidação.
A literatura médica sugere que a infecção por um sorotipo confere algum grau de imunidade cruzada aos outros, mas esta proteção não é absoluta, e dura por algum tempo (possivelmente meses)”, destaca.
No caso de infecção secundária, por um sorotipo diferente, existe um risco aumentado de dengue grave, especialmente se o intervalo entre as infecções é superior a dois anos. “Portanto, mesmo com uma exposição anterior, o risco de infecção por dengue pode existir, especialmente em áreas endêmicas com múltiplos sorotipos circulantes”, afirma a médica.
Segundo a infectologista, a população sem imunidade a esses tipos da dengue, especialmente crianças e adolescentes, está mais vulnerável às formas graves da doença. O diagnóstico é feito por exames de sangue e, nos casos leves, o tratamento envolve hidratação e medicamentos para dor e febre. Já as formas graves requerem hospitalização imediata”, diz a infectologista.
Alerta para sintomas graves da doença
Já Márcia Guzman, médica do Hospital Bom Pastor, em Guajará-Mirim (RO), afirma que todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém, os mais vulneráveis são pessoas desidratadas, com plaquetas baixas, vômitos frequentes e pacientes imunodeprimidos.
Os principais sintomas da dengue em sua versão menos grave são febre alta, dores musculares e articulares, dor de cabeça ou atrás dos olhos (retro-orbital), náuseas e manchas vermelhas na pele, que surgem entre cinco e sete dias após a contaminação.
A dengue é uma doença viral que pode causar sintomas como febre alta, dores musculares e articulares, além de erupções cutâneas. É fundamental acompanhar os sintomas, especialmente se houver sinais de dor abdominal intensa, sangramentos ou dificuldade respiratória”, destaca a Dra Márcia.
As formas graves podem causar hemorragias, choque, e falência de órgãos, exigindo atendimento médico urgente. Por isso, o diagnóstico precoce é crucial para evitar complicações.
Ao perceber sinais como febre alta e dores no corpo é necessário ingerir líquidos, manter uma alimentação saudável e repousar. E aqui vai um alerta: jamais tomar aspirina ou medicações que contém AAS, para não causar hemorragia”, apontou a médica.
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Métodos preventivos são fundamentais para evitar dengue e outras arboviroses
Devido à gravidade da dengue, a palavra de ordem é a prevenção, que deve incluir diversas estratégias combinadas para um resultado eficiente. A prevenção, por meio do controle do mosquito transmissor e da adoção de cuidados individuais, é essencial para frear a propagação da doença e reduzir seus impactos.
Para Dra Márcia, a prevenção é o melhor método para reduzir o risco de transmissão da dengue e outras arboviroses, como a zika e chikungunya.
Precisamos prevenir para que o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, não encontre condições ideais para a reprodução. É preciso evitar ambientes com água parada, em pratos de plantas, bebedouros de animais, garrafas vazias e pneus”, informa a médica.
A infectologista Vera Rufeisen lembra que o uso de repelentes também é fundamental. “A prevenção de novas picadas de mosquito é essencial para reduzir o risco de transmissão comunitária. Portanto, o paciente deve ser aconselhado a utilizar repelentes durante sua doença para interromper o ciclo de transmissão”.
A prevenção também pode ser feita vacina contra a dengue. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer a vacina no sistema público de saúde. O imunizante entrou no Calendário Nacional de Vacinação pela primeira vez em fevereiro de 2024.
A especialista do Vera Cruz Hospital apresenta as principais medidas de prevenção:
- Controle do vetor: O principal é o controle do vetor, que é o mosquito Aedes aegypti, por meio de intervenções ambientais (cobertura de recipientes de água, campanhas de limpeza e eliminação de locais de reprodução de mosquitos, eficazes para reduzir as populações de larvas e pupas. Também existem métodos biológicos, como o uso de bactérias, fungos e peixes larvívoros, utilizados para controlar a população de vetores;
- Métodos químicos: O uso de inseticidas, tanto sintéticos quanto naturais para eliminação dos mosquitos, é uma prática comum. Existe o risco de resistência a estes agentes com o uso prolongado, por isso hoje há a preferência por agentes naturais;
- Vacinas: Há dois tipos de vacina contra a dengue: a vacina tetravalente Dengvaxia ®, cujo uso é limitado a indivíduos que já foram expostos ao vírus, e a vacina Qdenga, também tetravalente, uso indicado para indivíduos entre 4 e 60 anos, que não apresenta preocupações com a segurança em soronegativos, mas não deve ser utilizada em pacientes com imunodeficiência e gestantes, por ser uma vacina de vírus vivo atenuado;
- Comportamentos preventivos pessoais: O uso de repelentes de mosquitos e a eliminação de água parada são medidas eficazes para reduzir o contato humano-vetor. A conscientização da comunidade e a participação ativa são cruciais para o sucesso dessas medidas;
- Inovações biotecnológicas: Técnicas como a liberação de mosquitos geneticamente modificados para reduzir a população de vetores e o uso de bactérias Wolbachia para diminuir a capacidade de transmissão do vírus estão sendo estudadas.
Agenda Positiva
Dia D de combate à dengue para eliminar focos do Aedes aegypti
O Dia Nacional de Combate e Prevenção à Dengue (23/11) visa mobilizar a população e as autoridades para intensificar ações de prevenção e combate à doença. A data busca conscientizar sobre os riscos da dengue, reforçar a importância de eliminar focos do mosquito Aedes aegypti e promover medidas educativas para reduzir a incidência de casos.
Em 2024, o Ministério da Saúde tem a campanha de esclarecimentos “Tem 10 minutinhos? A hora de prevenir é agora”, que incentiva a população a dedicar pouco tempo por semana para eliminar possíveis criadouros do mosquito e a receber os agentes comunitários de saúde para prevenir os focos do mosquito.
O essencial é adotar abordagem integrada e multifacetada, constantes. Sempre incentivando o engajamento comunitário, contribuindo para a proteção da saúde pública e a diminuição das epidemias no Brasil, por isso participação de todos é essencial”, conclui Vera.
Ações no Distrito Federal
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF) convocou, neste sábado (23) a população a participar do Dia D de Combate à Dengue e realizar ações de combate ao mosquito transmissor da doença, o Aedes aegypti. O objetivo é eliminar água parada, onde o inseto pode depositar ovos.
Entre os criadouros estão potes, vasos de plantas, pneus, garrafas PET, calhas das residências e até mesmo recipientes pequenos, como tampinhas de garrafas. Por isso, a pasta pede à comunidade que mantenha caixas-d’água, tonéis e barris bem tampados, coloque areia nos pratos de vasos de planta, amarre bem os sacos de lixo e não acumulem entulhos e sucatas como forma de evitar a reprodução do Aedes aegypti.
A vacina contra a dengue está disponível para a imunização de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), antes conhecidas como centros de saúde ou postos de saúde. A lista dos locais de vacinação abertos e horário de funcionamento neste sábado, no Distrito Federal, está disponível no site da Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Ações em São Paulo
A cidade de São Paulo promove neste sábado (23) o Dia D de Combate à Dengue e demais Arboviroses. A Campanha de Mobilização de Prevenção e Combate à Dengue: Não Deixe a Dengue Entrar! começou no último dia 11 e prossegue até o dia 29 em todas as 479 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade e em seis pontos estratégicos do município.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), todas as UBSs da cidade estarão abertas para vacinação contra a dengue para o público elegível, ou seja, crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que residem ou estudam na cidade. Além disso, serão realizadas ações educativas internas e externas, com orientações sobre a eliminação de criadouros, sinais e sintomas da dengue, e importância da busca por atendimento médico.
Durante o Dia D, CEUs e escolas municipais estarão abertos para a participação de oficinas, rodas de conversa, apresentações educativas sobre o ciclo do mosquito e formas de prevenção, além de atividades interativas que envolvem estudantes e comunidades locais como multiplicadores de conhecimento.
Com Assessorias e Agência Brasil
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