No apagar das luzes de 2023, um alerta para um velho inimigo da saúde pública que volta a ameaçar a vida dos brasileiros – e, em especial, da população do Estado do Rio de Janeiro – neste verão. O Brasil bateu recorde de mortes por dengue no ano de 2023: foram 1.079 mortes pela doença até esta quinta-feira (28), segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Na série histórica, o maior número de óbitos por dengue no período de um ano completo ocorreu em 2022, quando chegou a 1.053 registros. Em seguida, vem o ano de 2015, com 986 mortes.

No Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) também emitiu um alerta preocupante: o monitoramento dos casos de dengue nos 92 municípios mantém a tendência de aumento da transmissão da doença, com circulação bem acima do esperado para o momento e forte atraso nas notificações de casos, especialmente nas regiões Metropolitana I e Baixada Litorânea.

Os municípios do Rio de Janeiro, Itaguaí, Nova Iguaçu e Rio das Ostras são os que apresentam maior atraso das notificações e tendência de crescimento rápido de casos. Até terça-feira (26/12), o Estado do Rio de Janeiro registrou 47.471 casos da doença, com 2.790 internações e 28 óbitos.

De acordo com a SES, das nove regiões do estado, sete apresentam municípios com número de casos muito acima do limite esperado para esta época do ano. Quando observado o índice de incidência da doença, que é a relação do número de casos por 100 mil habitantes, oito cidades apresentam patamares elevados, acima de 200 casos / 100 mil habitantes: Itatiaia, Natividade, Italva, Resende, Rio das Ostras, Comendador Levy Gasparian, Porto Real e Três Rios.

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A Região Metropolitana I concentra o maior número de casos – 87% deles na cidade do Rio de Janeiro -, quantidade acima do limite máximo esperado e importante atraso nas notificações, reforçando tendência de alta transmissão de dengue no estado.

A Baixada Litorânea se destaca pelo perfil de transmissão bem acima do esperado no momento, com as cidades de Rio das Ostras e São Pedro da Aldeia com o maior volume de casos e maiores incidências da região. Armação de Búzios, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia destacam-se pelo perfil de alta transmissão.

No Centro-Sul, a maior parte dos municípios está com transmissão acima do esperado, com Três Rios concentrando o maior volume de casos. Ao lado de Comendador Levy Gasparian e Sapucaia, Três Rios ocupa ainda as maiores incidências.

Na Baía de Ilha Grande, Angra dos Reis e Mangaratiba são os municípios com o maior número de transmissão no momento, com Angra registrando a maior concentração de casos (90%) e a maior incidência.

No Médio Paraíba, Itatiaia, Porto Real e Quatis destacam-se pela transmissão de casos acima do esperado para o momento. Resende é o município que está com maior atraso de notificações e casos acima do esperado. Itatiaia apresenta maior incidência de todo o estado do Rio.

Na Metropolitana II, todos os municípios estão sem atraso na notificação, exceto Rio Bonito, com pequeno atraso e com casos um pouco acima do esperado no momento. Itaboraí concentra maioria das notificações.

Na Região Noroeste, quase todos os municípios estão com transmissão acima do esperado no momento. Itaperuna, Natividade e Italva concentram o maior volume de casos, sendo que Natividade e Italva estão entre as cidades com maiores incidências do estado.

No Norte Fluminense, o mesmo cenário de transmissão do Noroeste, sendo que Campos dos Goytacazes concentra a maioria de casos e Carapebus tem a maior incidência da região.

Na Região Serrana, Cachoeiras de Macacu concentra o maior volume de casos e a maior incidência da região, que apresenta pequeno atraso de notificações, sobretudo em Macuco.

Vacina contra a dengue e mais capacitação de profissionais de saúde

Questionado sobre o recorde de mortes por dengue em 2023, o Ministério da Saúde informou que, com a previsão de aumento de casos, cerca de 11,7 mil profissionais de saúde foram capacitados em 2023 para manejo clínico, vigilância e controle de arboviroses, que são infecções causadas por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos.

“O Ministério da Saúde vai investir R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância das arboviroses. O momento é de intensificar os esforços e as medidas de prevenção por parte de todos para reduzir a transmissão das doenças. Para evitar o agravamento dos casos, a população deve buscar o serviço de saúde mais próximo ao apresentar os primeiros sintomas”, diz a nota.

Ainda segundo a pasta, foi incorporada, no último dia 21, a vacina contra dengue no Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, já que o laboratório fabricante, Takeda, afirmou que tem uma capacidade restrita de fornecimento de doses.

A vacinação será focada em público e regiões prioritárias, com definição de estratégias de utilização das doses disponíveis prevista para ocorrer nas primeiras semanas de janeiro.

‘É preciso que cada um também faça a sua parte’, diz secretária de Saúde

O segundo Boletim Panorama da Dengue sobre a situação epidemiológica nas nove regiões do Rio de Janeiro contém dados registrados até terça-feira, 26 de dezembro. Além de apresentar o cenário atual, com número de casos notificados e comparativo com a série histórica da doença nos últimos 10 anos, o documento apresenta a tendência de cada município, calculada a partir de uma fórmula matemática que estima o atraso nas notificações.

Elaborado por técnicos do Centro de Informação Estratégica de Vigilância em Saúde, que compõe o Centro de Inteligência em Saúde da SES-RJ (CIEVS/CIS-RJ), o boletim Panorama Dengue estima também o que deveria aparecer no sistema de informação, mostrando a situação epidemiológica real dos municípios, se não houvesse atraso nas notificações. Dessa forma, o monitoramento permite a ação mais oportuna para reduzir o impacto da transmissão.

“Diante desse cenário, a Secretaria de Estado de Saúde tem reforçado as ações de treinamento no manejo da dengue para médicos e enfermeiros dos municípios e de sua rede própria, além de fornecer suporte e orientação aos municípios. É importante também que cada um faça a sua parte, para diminuir focos de proliferação do mosquito transmissor”, alerta Claudia Mello, secretária de Estado de Saúde.

As informações e o boletim completo estão disponíveis no Painel Monitorar, no site da SES-RJ, no link monitorar.saude.rj.gov.br .

Com informações da Agência Brasil e SES-RJ

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