Depois do câncer de pele e de mama, o câncer de intestino grosso e reto – cientificamente conhecido como câncer colorretal – é o mais incidente no Brasil e vem preocupando as autoridades de saúde. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), é o terceiro que mais mata no Brasil. São 41 mil novos casos anuais, sendo o segundo mais comum nos homens e nas mulheres, atrás apenas – respectivamente – de câncer de próstata e mama.

Mas não é só o câncer colorretal que assusta. Outros tipos de tumores digestivos são altamente letais, como o tumor maligno gastrointestinal (GI), um tipo de câncer que se desenvolve no sistema digestivo. Ele pode afetar esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e reto, mas 70% dos casos ocorrem no estômago ou no intestino. Já o câncer de estômago é o quarto mais comum entre os homens (13.360 casos) e o sexto em mulheres (7.870). Em homens, também é alta a incidência de câncer de esôfago (8.690).

Conheça as incidências do câncer por gênero:

HOMENSMULHERES
Próstata65.840Mama66.280
Colorretal20.540Colorretal20.470
Pulmão17.760Colo do útero16.710
Estômago13.360Pulmão12.440
Cavidade Oral11.200Tireoide11.950
Esôfago8.690Estômago7.870
Bexiga7.590Ovário6.650
Linfoma não Hodgkin6.580Corpo do útero6.540
Laringe6.470Linfoma não Hodgkin5.450
Leucemia5.920Sistema Nervoso Central5.230

Congresso no Rio discute novos tratamentos para câncer digestivo

A boa notícia é que cada vez mais novos tratamentos vêm surgindo para tratar esses problemas. O III Congresso Brasileiro de Câncer do Aparelho Digestivo (oncogi2022.com.br), nos dias 12 e 13 de agosto, no Rio de Janeiro, vai abordar as principais inovações em cirurgia oncológica, radioterapia e tratamento sistêmico (quimioterapia, terapia-alvo, imunoterapia e droga agnóstica) para câncer de estômago, esôfago, fígado, pâncreas, peritônio e outros órgãos do sistema digestório.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) realiza o evento. que conta com apoio de outras 13 sociedades relacionadas ao tratamento desse tipo de neoplasia, com destaque para as discussões de casos clínicos complexos, sob a ótica multidisciplinar. Na ocasião, estarão reunidos mais de 130 palestrantes nacionais e internacionais, representando instituições de todo o país, assim como dos Estados Unidos, Holanda, Itália e Portugal.

“Nosso objetivo é promover uma atualização de conhecimento e novas perspectivas de atuação para todos os profissionais envolvidos no cuidado ao paciente com diagnóstico de câncer digestivo”, diz o cirurgião oncológico e presidente da SBCO, Héber Salvador.

Inovações no tratamento: desafio é oferecer pelo SUS e ANS

Além de compartilhar os desafios para a incorporações no Sistema Único de Saúde (SUS) da cirurgia de citorredução (CCR) com hipertermoquimioterapia (HIPEC) – popularmente conhecida como peritonectomia – e da cirurgia minimamente invasiva (MIS), o cirurgião oncológico Bruno José de Queiroz Sarmento falará sobre o quanto estes procedimentos agregam para o paciente, para a saúde pública e para a Instituição que passa a dispor destas tecnologias.

“São formas de tratamento cirúrgico de algumas neoplasias que acometem o peritônio. Estas neoplasias podem ser primárias – mesoteliomas – ou mesmo secundárias, como a carcinomatose peritoneal e pseudomixoma”, explica Sarmento, que lamenta a CCR com HIPEC ainda não ter sido incluída no ROL da ANS, tampouco nas portarias dos tratamentos padronizados para o SUS. “Até agora também não dispomos de nenhum tratamento efetivo curativo para estes dois casos. Isso é um avanço que precisa ser considerado, já que se trata de opção segura e eficaz”, explica Sarmento.

Selo de qualidade em tratamento do câncer digestivo

O presidente da SBCO, Héber Salvador, lançará o Selo SBCO de qualidade em tratamento do Câncer Digestivo no Brasil. A ideia é criar métricas capazes de atestar boas práticas das instituições cadastradas. “Não se trata de projeto de curto prazo. Na primeira fase, criamos uma gerência de dados para dar o pontapé inicial nessa iniciativa, cuja finalidade é futuramente estabelecer parâmetros de qualidade técnica do tratamento para o paciente com câncer digestivo”, diz.

Ainda segundo Héber Salvador, embora o tratamento dos cânceres gastrointestinais tem estado em constante evolução, é importante traçar um panorama para a próxima década, abordando questões relacionadas à individualização dos tratamentos e à imunoterapia, além de suas influências na decisão cirúrgica.

“Vamos trazer experiências globais, como a palestra de Andreas Brandl, de Portugal, para melhor avaliar prós e contras de modalidades diagnósticas e terapêuticas, visando não só melhorar o atendimento ao paciente, como sua qualidade de vida”, adianta.

Do ponto de vista de tratamento sistêmico, ressalta Héber Salvador, os avanços são muito promissores. “Estamos conseguindo entender melhor que tipo de terapia traz mais benefício para cada paciente e que a integração destas modalidades, como a imunoterapia, a terapia-alvo e terapias intra-arteriais com cirurgia, trazem a expectativa de melhorar cada vez mais os resultados de tratamento destas neoplasias”, pontua.

Outro tema de destaque do ONCOGI 2022 é a videocirurgia, uma técnica minimamente invasiva. “Comparado com a cirurgia convencional, a videocirurgia oferece redução de tempo de internação, menores sequelas e sofrimento, além de melhor qualidade de vida, para o paciente. Isso precisa ser debatido, para que cheguemos a um consenso do impacto financeiro da adoção dessa técnica para o SUS e para a saúde privada”, avalia Sarmento.

Com Assessorias

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