Câncer de pele: você sabia que o melanoma pode vir de família?

Melanoma Familial afeta 1 em cada 10 casos do câncer de pele mais agressivo e aumenta predisposição para câncer de pâncreas, mama, rim e no sistema nervoso central

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Embora apenas quatro entre 10 casos de câncer de pele diagnosticados no Brasil sejam melanoma, é alarmante o fato desta doença representar quase metade das mortes por tumores cutâneos. Esse cenário amplia a atenção, inclusive, para o Melanoma Familial, uma síndrome clínica que responde por cerca de 10% dos casos de melanoma.

O alerta é da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), com base nas estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para cada ano do triênio 2023-2025, que apontam que o melanoma representa apenas 3,9% dos casos de câncer de pele, mas responde por 43% das mortes. 

Isso significa que devem ser diagnosticados, no período, 229.460 novos casos anuais de câncer de pele (destes, serão 8.980 melanomas). Já o Atlas de Mortalidade por Câncer (SIM), do Ministério da Saúde, mostra que em 2019 foram registradas 4.594 mortes por câncer de pele, sendo que 1.978 delas foram por melanoma.

De acordo com a SBCO, o risco de desenvolvimento da doença chega a ser sete vezes maior nos portadores de mutação genética. As mutações mais frequentes nesta síndrome hereditária são nos genes CDKN2A, CDK4, MC1R e BAP1.A síndrome também está associada ao aumento da predisposição para câncer de pâncreas, mama, rim e no sistema nervoso central.

“Quando essas mutações genéticas são herdadas, os pacientes e seus familiares se tornam mais suscetíveis a desenvolver o tumor. Sendo assim, eles devem realizar exame clínico regularmente, geralmente uma vez por ano, para a detecção de melanomas precoces”, adverte o cirurgião oncológico João Pedreira Duprat Neto, coordenador da Comissão de Neoplasias da Pele da SBCO e diretor no Centro de Referência de Oncologia Cutânea do A.C.Camargo Cancer Center.

Presença de mais de 100 pintas na pele pode ser sinal de melanoma familial

Além do histórico familiar, existem outros fatores utilizados como marcadores para medir o risco de síndrome de melanoma familial, como indivíduos com mais de cem pintas ou com pintas consideradas atípicas, ou seja, com bordas irregulares e com mais de uma cor, são mais propensas a desenvolver melanomas.

Por isso, a SBCO recomenda que a identificação dos grupos de risco e acompanhamento são ações fundamentais para o diagnóstico precoce e a redução de mortalidade. Caso esses pacientes que estejam no grupo de risco não sejam identificados e tratados adequadamente, poderão morrer em decorrência da enfermidade. Por outro lado, com o diagnóstico precoce, é possível quase zerar a mortalidade.

Proporcionalmente, as chances de cura (sobrevida em cinco anos) de um melanoma com até 1 milímetro (mm) de profundidade são de 90%. Sendo assim, é necessário sempre observar na pele a presença de feridas que não cicatrizam ou manchas e pintas que crescem rapidamente e mudam de cor e formato, e procurar um dermatologista caso note alguma diferença ou anormalidade. “Outro cuidado essencial é não se expor ao sol sem os devidos cuidados e por muito tempo”, frisa Duprat.

O especialista acrescenta que, quando diagnosticado precocemente, além de serem maiores as chances de cura, há menor risco de cicatrizes e outras sequelas que afetam a qualidade de vida do paciente. O cuidado começa na prevenção, evitando a exposição sem proteção aos raios solares, principalmente entre às 10h e 16h. É recomendável o uso de filtro solar e proteção física, como óculos e chapéus.

“Ademais, a atenção aos sinais na pele é fundamental e, na observação de alterações, por exemplo, em determinadas pintas, consultar um dermatologista”, explica João Pedreira Duprat Neto. Outra recomendação é que as pessoas se protejam do sol usando protetor solar com o fator indicado para o seu tom de pele, mesmo em dias nublados e reaplicando no decorrer do dia.

Teste e aconselhamento genético podem ser indicados

A depender do histórico clínico e familiar, pode ser indicada a realização de testes multigênicos, que podem ajudar os médicos a identificar se a pessoa tem um risco genético maior de desenvolver melanoma e outros tipos de câncer. Essas informações podem auxiliar a orientar recomendações para monitoramento e detecção precoce dos pacientes seus familiares.

O paciente pode ser encaminhado para aconselhamento genético e teste de mutação em p16/CDKN2A se houver o histórico de três ou mais casos de diagnóstico de melanomas cutâneos invasivos, câncer de pâncreas e/ou astrocitomas (câncer do cérebro ou da medula espinhal) na família. Também podem ser necessários testes para outros genes que podem abrigar mutações predisponentes ao melanoma.

Caso se identifique uma mutação associada com maior risco para desenvolvimento de melanoma, é recomendável que o paciente seja encaminhado para acompanhamento em um ambulatório especializado, que poderá realizar o mapeamento dos sinais (pintas na pele), acompanhando a possível evolução destas lesões, com dermatoscopia digital, microscopia confocal e outras tecnologias, com foco na prevenção e diagnóstico precoce de lesões potencialmente malignas.

Entenda as mutações do melanoma familial e o risco para outros tipos de câncer

De acordo com as diretrizes do National Comprehensive Cancer Network (NCCN), os genes herdados que aumentam o risco de melanoma podem ainda elevar o risco de outros tipos de câncer. A pessoa pode estar enquadrada na síndrome de melanoma hereditário se houver histórico familiar de:

– Melanoma cutâneo, especialmente entre múltiplos parentes de sangue, ou melanoma ocular (uveal);
– Câncer de pâncreas, rim ou mama;
– Astrocitoma (câncer do cérebro ou medula espinhal);
– Mesotelioma (câncer do tecido que cobre os órgãos internos). Existem vários genes anormais (mutados) relacionados ao melanoma hereditário. Eles incluem: mutação no gene CDKN2A, que é a mutação genética mais comum. Também é chamada de p16INK4A ou MTS1. Muitos casos de melanoma em idade jovem também são motivo de alerta. O gene do receptor de melanocortina-1 (MC1R), que ajuda a determinar a cor da pele. O MC1R pode determinar se a pessoa ou seus familiares têm cabelos ruivos e/ou peles claras, o que aumenta o risco de desenvolver melanoma;
– Mutações no gene BAP1, que podem causar melanoma uveal e cutâneo.

Mortes por melanoma no Brasil podem aumentar 80% em duas décadas

Número de mortes causadas pelo mais agressivo dos cânceres de pele, pode saltar de 2,2 mil registradas em 2020 para 4 mil em 2040. Dado está acima da média mundial de aumento de 57% na comparação dos dois anos

Embora menos comum que os demais tipos de câncer de pele (espinocelula e basocelular), o melanoma é potencialmente mais agressivo na maioria dos casos. E os números requerem atenção, alerta a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), que ao levantar dados epidemiológicos na base Cancer Tomorrow identificou que as mortes anuais por melanoma no Brasil vão saltar de 2,2 mil para 4 mil em 2040, um aumento de 80% no comparativo entre os dois anos.

O Cancer Tomorrow é uma ferramenta da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), que prevê a incidência futura do câncer e a carga de mortalidade em todo o mundo a partir das estimativas atuais de 2020 até 2040.

A previsão é que o número de casos anuais de melanoma no Brasil, também no comparativo entre os dois anos, pulará de 8,6 mil para 14,8 mil, um aumento de 72%. No mundo, a previsão é de, no comparativo entre 2020 e 2040, é que o número de casos anuais salte de 325 mil para 510 mil (aumento de 57%) e o número de mortes suba de 57 mil para 96 mil respectivamente (aumento de 70%).

A fase em que o melanoma é descoberto costuma ser decisiva para o sucesso do tratamento e para que sejam maiores as taxas de sobrevida em cinco anos, período considerado padrão para definir que o paciente possa ser considerado curado (após esse prazo de cinco é pequeno o risco de a doença voltar).

Comparativamente, enquanto a enfermidade em fase inicial apresenta taxas de cura acima de 90%, o melanoma de pele com espessura superior a 4 milímetros registra menos de 50% de sobrevida em cinco anos. Além da espessura da lesão, outros aspectos considerados no diagnóstico são a presença de úlceras (feridas na pele), comprometimento dos linfonodos e se a doença disseminou para outras partes do corpo (metástase).

Segundo o levantamento SEER, do National Cancer Institute (NCI), dos Estados Unidos, o prognóstico para pacientes com comprometimento linfonodal é de 73,9% de taxa de cura. Porém, na presença de melanoma metastático, a taxa de sobrevida em cinco anos cai para 35,1%.

Dezembro Laranja

A campanha Dezembro Laranja reforça a importância do combate ao câncer de pele e todos sabem que, principalmente no verão, os índices de radiação atingem níveis considerados potencialmente cancerígenos, onde ocorre exposição à radiação UVA/UVB E IR (infravermelho). Uma das maneiras de diagnosticar precocemente o câncer de pele é por meio do autoexame, visualizando no espelho manchas e pintas.

Fonte: SBCO

 

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