Por Miriam Pontes de Farias*
Antes de entender o que é relacionamento abusivo, vamos compreender o que é relacionamento saudável. O que caracteriza um relacionamento saudável é o cuidado, atenção, carinho, compreensão, amor e, principalmente, o respeito que há na relação. O respeito é a base para qualquer relacionamento, seja ele amoroso, familiar, social ou profissional.
No relacionamento saudável há uma troca afetiva onde um cuida do outro, como uma plantinha que precisa ser cuidada e regada para crescer e dar bons frutos. Quando acabar o respeito fique atento, pois é um sinal de que a relação não está saudável.
O ser humano é o ser vivo mais frágil e desprotegido que existe no planeta Terra. Nascemos sem nenhuma autonomia; não andamos, não falamos, não somos capazes de nos alimentar sozinhos. Durante os primeiros anos de vida, somos totalmente dependentes de outra pessoa para sobreviver. Portanto, um dos maiores medos que vivenciamos é o medo do abandono, pois morreremos sem os cuidados de alguém.
As pessoas podem sentir o abandono de muitas formas, mas objetivamente, se sobreviveu até a idade adulta é porque foi cuidado e alimentado, sobreviveu e se desenvolveu. Esse medo primitivo do abandono pode ser potencializado pela história de vida de cada um, e permanecer presente nas nossas relações. É esse desejo intrínseco de querer ser amado, ser cuidado e, principalmente, não ser abandonado, que nos coloca num relacionamento abusivo, sem nos dar conta disso.
Dor é dor e prazer é prazer
No relacionamento abusivo há sofrimento, dor, desprazer e muitas vezes é confundido com amor. Uma reflexão bem simples para fazermos: dor é dor e prazer é prazer. Quando a dor e o prazer estiverem juntos é possível que você esteja em um relacionamento abusivo. Nele há muito sofrimento, conflitos intermináveis, brigas, desentendimentos, desafeto e, principalmente, falta de respeito. As discussões são carregadas de desvalorização e depreciação do outro, o que destrói a sua autoestima e vai deixando a pessoa cada vez mais fragilizada.
Nesse tipo de relação é bastante comum a pessoa idealizar o outro com quem se relaciona. Sonha com um(a) príncipe/princesa encantado(a) e a cada sinal de que a realidade não é essa, vai dando desculpas que justificam o comportamento abusivo. A pessoa se esforça para a relação dar certo e frequentemente sente-se culpada, acreditando que não foi boa o suficiente e que precisa se esforçar ainda mais.
Sempre acredita que o(a) abusador(a) vai mudar, vai melhorar, e que a força do seu amor vai transformá-lo(a) numa pessoa mais equilibrada, mais responsável, mais respeitosa. Esquecendo que é preciso no mínimo duas pessoas com o mesmo desejo, para que uma relação sofra mudanças consistentes.
Com alguma frequência depositamos na outra pessoa a responsabilidade pela nossa felicidade, esquecendo que, se não nos amamos e não nos respeitamos, uma outra pessoa pode abusar da nossa carência de amor.
Desejamos ser amados de qualquer jeito pelo outro. Nos colocamos em uma ralação submissa para ter o amor que não conseguimos nos proporcionar e, por isso, é bastante comum sair de um relacionamento abusivo e entrar em outro, repetindo o padrão.
As relações abusivas podem causar traumas e sequelas emocionais. Quando você perceber que o relacionamento está trazendo sofrimento e que a relação é abusiva, é preciso procurar ajuda de um psicólogo. Precisamos ter relacionamentos amorosos e saudáveis, para desenvolver todo nosso potencial de vida.
* Miriam Pontes de Farias é psicóloga (CRP 05/25815), pós-graduada em Hipnose Clínica, professora, conferencista internacional, palestrante, coordenadora e supervisora de grupos há mais de 20 anos. Foi vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hipnose (SBH) e ministra cursos de Hipnose Clínica, Regressão de Memória e Auto-hipnose.
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Miriam escreve para a seção ‘Palavra de Especialista’ uma vez por mês. Contatos: palavradeespecialista@vidaeacao.com.br.