De acordo com um levantamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS), a taxa de ansiedade entre adolescentes de 15 a 19 anos, principal faixa etária dos candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é de aproximadamente 157 casos a cada 100 mil jovens, em comparação com uma taxa de 112,5 por 100 mil entre adultos com mais de 20 anos.
É a primeira vez na história em que os índices de ansiedade entre a população jovem são maiores que os da população adulta. Esses dados mostram a importância de oferecer atenção especial a esse fator, especialmente no período de preparação para o Enem, quando a pressão por resultados e o impacto das expectativas podem ser ainda mais intensos.
Com a proximidade do Enem 2024 e a intensificação da preparação para os vestibulares, muitos jovens já começam a enfrentar os desafios que a vida acadêmica trará e a sentir a pressão e a ansiedade típicas de um dos processos de seleção mais disputados do país. De acordo com dados do Inep, mais de 5 milhões de candidatos realizaram a inscrição para as provas do Enem 2024, que acontece nos dias 3 e 10 de novembro.
A possibilidade de ingresso em um curso universitário leva os candidatos a terem uma ampla preparação ao longo do ano, o que envolve aspectos importantes, como o estudo aprofundado de cada uma das disciplinas, a realização de simulados e a organização do tempo. Entre tais aspectos, a saúde mental dos estudantes se destaca como um dos mais relevantes, embora frequentemente seja esquecido pelas famílias e até mesmo pelas instituições de ensino”, diz Fernanda Sampaio. orientadora educacional da Rede de Colégios Santa Marcelina, no Rio de Janeiro.
O desafio de controlar o estresse e manter a tranquilidade nos dias que antecedem a prova é uma realidade comum entre os candidatos, que buscam formas de manter o foco sem comprometer a saúde mental. A alimentação também não pode ser deixada de lado.
Manter a saúde mental durante a vida universitária é um desafio que pode ser superado com estratégias adequadas. Com isso, os estudantes podem criar um ambiente mais saudável e propício para o aprendizado e o desenvolvimento pessoal.
O processo de ingresso na universidade exige não só dedicação aos estudos, mas também a capacidade de lidar com pressões e mudanças que podem impactar a saúde mental. Desde a adaptação a uma nova rotina até a conciliação entre vida acadêmica e pessoal, diversos fatores podem gerar estresse e ansiedade. Por isso, uma das principais formas de cuidar da saúde mental nessa fase é estabelecer uma rotina equilibrada.
A saúde mental é um aspecto fundamental para o sucesso acadêmico e pessoal. A pressão dos estudos e a rotina intensa podem impactar o bem-estar emocional. Por isso, estabelecer hábitos saudáveis desde o início faz toda a diferença na trajetória universitária. Manter um cronograma que inclua horários específicos para estudar, descansar e se divertir é fundamental para gerenciar o tempo de forma eficiente.
Estar bem emocionalmente também permite que os estudantes aproveitem melhor o aprendizado, se envolvam em atividades extracurriculares e construam relacionamentos saudáveis, contribuindo para um maior equilíbrio mental.
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Enem 2024: Como proteger a saúde mental dos jovens?
Por Fernanda Sampaio*
A preparação para as provas é longa, e os adolescentes podem enfrentar diversas mudanças internas, o que dificulta a tomada de decisões importantes. Embora possam exibir maturidade em diversos aspectos, estão em constante processo de desenvolvimento emocional e pessoal, tornando-os vulneráveis, principalmente em relação às escolhas e pressões sobre o futuro.
Eles lidam com uma pressão externa significativa, sendo frequentemente questionados sobre seus planos e quais caminhos vão seguir. Contudo, quando não têm respostas definitivas, a cobrança aumenta, e essa sobrecarga emocional pode ser muito difícil de lidar.
Nesse contexto, a cobrança excessiva para que os adolescentes cheguem à universidade o mais rápido possível e definam uma carreira, como se essa escolha determinasse toda a sua vida, pode ser extremamente prejudicial.
Assim como os gostos e interesses mudam ao longo do tempo, os jovens também estão em um processo contínuo de autodescoberta e podem perceber que suas escolhas iniciais não refletem mais o que realmente desejam. Por isso, é essencial encontrar o equilíbrio entre oferecer orientação e evitar uma pressão excessiva sobre essa escolha.
Como lidar com a pressão do Enem?
A alta carga de estudos durante o percurso também pode impactar a saúde mental dos estudantes de várias maneiras. Manter o foco por longos períodos exige uma grande capacidade de concentração e é fundamental equilibrar o tempo de estudo. Portanto, fazer pausas regulares e garantir uma boa alimentação e hidratação são práticas que ajudam a manter o cérebro ativo e saudável.
Esse tipo de interrupção, envolvendo atividades mais relaxantes, é muito mais eficaz para o processo de aprendizagem do que tentar manter longas horas de estudo ininterrupto, que desgastam mentalmente e fisicamente.
Além disso, do ponto de vista escolar, é primordial promover um ambiente saudável e amigável ao longo do processo de aprendizagem, priorizando a cooperação. Criar uma rede de apoio que vá além das amizades é um diferencial e incentivar a formação de grupos de estudo, onde os estudantes possam trocar resumos, mapas mentais e se comunicar de forma eficaz, fortalece esse desenvolvimento acadêmico.
Família: uma aliada poderosa
As famílias desempenham um papel essencial nesse processo e precisam entender que os adolescentes não devem enfrentar tudo sozinhos, especialmente no que diz respeito à saúde mental.
Nessa fase da vida, é comum que os pais deem mais liberdade, acreditando que os jovens consigam lidar com todas as situações por conta própria. No entanto, mesmo que os adolescentes sejam capazes de enfrentar muitos desafios, o apoio da família continua sendo fundamental em um período tão atípico.
É necessário que os pais estejam sempre atentos ao desenvolvimento de seus filhos, oferecendo uma cobrança equilibrada. Embora seja importante ter expectativas e incentivar o crescimento, essa pressão deve ser controlada. A família deve acompanhar o adolescente, caminhando ao seu lado e fornecendo suporte, mas sempre mantendo um equilíbrio que permita ao jovem enfrentar os desafios sem se sobrecarregar.
Além disso, os adolescentes precisam de um gerenciamento cuidadoso, apoio constante e, muitas vezes, de orientação. Portanto, é imperativo que os pais e responsáveis estejam presentes, oferecendo conselhos e sugerindo alternativas.
Manter-se ao lado do filho e estar atento aos sinais de problemas emocionais e comportamentais é crucial, especialmente durante uma fase em que os jovens correm risco de apresentar comportamentos que podem acarretar em depressão, anorexia, automutilação e vulnerabilidade a vícios. Observar atentamente esses detalhes, fornecer orientações adequadas e buscar ajuda profissional quando necessário é indispensável para oferecer um suporte adequado aos estudantes.
Todos esses fatores possuem um impacto significativo em uma preparação saudável e eficiente para o Enem. A combinação de um estudo bem estruturado, o apoio constante da família e a valorização da saúde mental dos estudantes no ambiente escolar e familiar são fundamentais para que cada jovem possa realizar seu sonho e iniciar com sucesso uma trajetória no mundo universitário.
Orientadora educacional das Séries Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio da unidade do Rio de Janeiro da Rede de Colégios Santa Marcelina.
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