O Brasil tem a terceira maior população de animais de estimação do mundo, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. Considerando a proporção de pets por habitante, o Brasil também está em terceiro lugar. Boa parte dos pets brasileiros chega aos lares através de doação e asaúde dos animais é uma grande preocupação dos tutores.
Em julho de 2024, o Brasil tinha cerca de 160,9 milhões de animais de estimação, entre cães, gatos, aves e peixes ornamentais, aves, pequenos mamíferos (como coelhos e gambás), roedores e répteis. É mais de três vezes a população do estado de São Paulo.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), os cães são a maioria dos pets no país: cerca de 60 milhões. Em segundo lugar aparecem as aves (40 milhões); em terceiro, os gatos (30 milhões); e, em quarto, os peixes ornamentais (20 milhões).
A população de pets no Brasil vem crescendo, impulsionada principalmente pelo aumento da população de gatos, a que mais cresce. A pandemia pode ter contribuído para ampliar essa população: uma pesquisa realizada em 2021, a Radar Pet, apontou que o número dos animais de estimação em lares brasileiros aumentou 30% durante o isolamento social.

Abril Laranja esclarece população sobre direitos dos animais

Em meio a esse novo contexto social, ganha força o Abril Laranja Pet, uma campanha nacional de conscientização contra os maus-tratos aos animais. Criada pela Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade aos Animais (ASPCA) e adotada em diversos países, a iniciativa tem como objetivo principal educar a população sobre os direitos dos animais, incentivar a guarda responsável e promover ações de prevenção à violência e negligência contra pets e animais silvestres.
Durante o mês mundial da prevenção da crueldade contra os animais, diversas iniciativas conscientizam sobre a causa. A médica Sandra Lopez, que se transforma em Lupita Glamurosa (um tipo de princesa) para humanizar os atendimentos e levar alegria nos hospitais públicos do Guarujá e Mongaguá, no litoral paulista, participa do Abril Laranja.
Ao longo do mês, ela médica visita ONGs de animais promovendo a conscientização e importância do cuidado e proteção. “Destes amiguinhos que transmitem amor verdadeiro podendo mudar a vida de uma pessoa”, destaca.
A campanha promove o engajamento da sociedade na proteção dos animais, incentiva a denúncia de casos de crueldade e reforça a importância da educação e da tutela responsável. Para a médica-veterinária Emanuelle Araújo, ao levar esse debate para a população, o Abril Laranja “estimula atitudes mais éticas e solidárias, contribuindo para um futuro mais justo e seguro para os animais”, afirma

Médica veterinária explica maus tratos e traz dicas

Preceptora na Clínica Médica de Pequenos Animais no Hospital Veterinário da Uniube (HVU), a especialista explica como identificar os maus tratos e a negligência contra os animais e ainda dá dicas sobre como denunciar situações como estas. Confira!

De que forma os tutores podem contribuir com o bem-estar dos seus pets no dia a dia?

Cuidar de um pet é um compromisso de longo prazo. Animais como cães e gatos têm expectativa de vida média de 10 a 15 anos. O bem-estar animal se baseia nas cinco liberdades: ausência de fome e sede; ausência de desconforto; ausência de dor, lesões ou doenças; liberdade para expressar comportamentos naturais; e ausência de medo e estresse.

Para garantir o bem-estar, é essencial: Manter vacinação e vermifugação em dia, fornecer alimentação de qualidade, proporcionar passeios, brincadeiras, descanso e higiene, prevenir infestações por pulgas e carrapatos, e oferecer acompanhamento veterinário periódico.

O que caracteriza um caso de maus-tratos contra animais?

Maus-tratos são definidos como qualquer ação ou omissão que cause dor, sofrimento físico ou psicológico a um animal, seja ele doméstico ou silvestre. Isso inclui negligência, violência física, abandono e privação de necessidades básicas como alimentação, água, abrigo e atendimento veterinário.

Qual o papel da Medicina Veterinária na prevenção da crueldade animal?

O médico-veterinário tem um papel fundamental na promoção da saúde e do bem-estar animal. Além de realizar atendimentos clínicos e cirúrgicos, ele atua como agente educativo junto à população, orientando sobre tutoria responsável.

Também pode identificar sinais de maus-tratos, elaborar laudos e relatórios técnicos e contribuir com denúncias às autoridades competentes. A Medicina Veterinária é essencial na interface entre saúde animal, humana e ambiental.

Que orientações você daria para quem deseja adotar de forma responsável?

Adotar um animal exige planejamento e responsabilidade. Antes de tomar essa decisão, é importante considerar o tempo de vida do pet, que pode ultrapassar 10 anos. E que nesse período, será necessário garantir vacinação, consultas regulares ao veterinário, alimentação adequada, atividades físicas, higiene e socialização. A adoção responsável está diretamente ligada ao compromisso com o bem-estar físico e emocional do animal por toda a sua vida.

Como a população pode identificar sinais de crueldade ou negligência?

Alguns sinais claros de maus-tratos ou negligência incluem:

  • Privá-lo de alimento, água e cuidados médicos;
  • Manter o animal em locais insalubres, sem higiene ou conforto.
  • Ferir, golpear, mutilar ou agredir fisicamente o animal;
  • Mantê-lo preso permanentemente com correntes, cordas ou materiais inadequados;
  • Abandoná-lo em vias públicas ou propriedades privadas;

Essas ações configuram crueldade e devem ser denunciadas.

Quais são as orientações para denunciar esses casos?

Ao identificar uma situação suspeita, é importante reunir o máximo de informações e evidências para garantir a efetividade da denúncia, como descrição dos fatos, endereço do ocorrido e, se possível, fotos, vídeos ou testemunhos. Siga as orientações abaixo:

  • Descreva os fatos com detalhes, incluindo data, horário e local da ocorrência.
  • Informe, sempre que possível, o nome e o endereço do(s) responsável(is) pela ação.
  • Reúna provas como fotografias, vídeos, reportagens, mapas, laudos ou atestados veterinários que comprovem a situação de maus-tratos.
  • Leve por escrito o artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal nº 9.605/1998), que trata especificamente da punição para quem praticar atos de abuso, ferimentos ou mutilações em animais.

Direitos legais dos animais no Brasil

O Senado vem atuando para garantir direitos aos tutores e aos próprios animais. Foi sancionada em dezembro a Lei 15.046, de 2024, que cria o Cadastro Nacional de Animais Domésticos. Seu objetivo é concentrar, num mesmo banco de dados, informações sobre animais e tutores, que poderão servir para decisões futuras, especialmente quanto a questões sanitárias — como propor campanhas de vacinação.

O cadastramento deve ser feito pelos municípios e pelo Distrito Federal por meio de um modelo comum fornecido pela União, contendo dados pessoais do proprietário, endereço e informações sobre o animal (tais como espécie, raça e idade).

Também está em tramitação no Senado um projeto de lei que disciplina a guarda de animais de estimação em condomínios: o PL 1.136/2022. O autor da proposta é o senador Jorge Kajuru (PSB-GO). Ele enfatiza que seu objetivo é assegurar a boa convivência entre os pets, seus donos e os vizinhos.

O Brasil é apontado como um dos países com mais animais de estimação. E isso só faz aumentar; é uma tendência da vida moderna. Nos grandes centros urbanos, quem mora sozinho busca no pet uma companhia, e muitos jovens casais adotam pets antes de tomarem a decisão de ter filho”, afirma Kajuru.

Fonte: Universidade do Agro e Agência Senado

 

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