Quem sofre com a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) –  – mais conhecida popularmente como enfisema pulmonar ou como bronquite crônica – pode recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) para se tratar de graça. Desde 2022, foram realizadas cerca de 9.400 avaliações clínicas para tratamento de tabagismo nas clínicas da família e centros municipais de saúde do Rio de Janeiro.

O tratamento nas unidades da rede de atenção primária do município conta com atendimentos multidisciplinares individuais e coletivos, como pneumlogista, psicólogo e outros profissionais de saúde. Além da abordagem psicoterapêutica cognitivo-comportamental e de outras especialidades, o paciente pode receber imunização contra os danos do tabagismo, de acordo com o método de reabilitação indicado para cada paciente.

Mas a primeira medida a ser tomada por quem passa pelo tratamento no SUS só depende do próprio paciente: parar de fumar, já que o tabagismo é o principal fator de risco para a doença. Segundo especialistas, a principal forma de evitar as complicações causadas pela doença é a cessação do tabagismo.

“Essa é a medida de mais impacto dentro do tratamento da DPOC, porém, abandonar o vício é muito difícil para alguns pacientes e, especialmente, aqueles que sofrem com ansiedade e/ou depressão, que são condições muito frequentes entre a  população”, explica o pneumologista Jorge Eduardo Pio, que atua no Programa de Tabagismo da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS-Rio).

Para Sandrini Gomes de Oliveira, cirurgiã dentista que atua há dois anos no programa pelo Centro Municipal de Saúde Cecília Donnangelo, os tabagistas com DPOC apresentam queixas semelhantes.

‘’Os pacientes chegam no Programa de Tabagismo bastante angustiados, já que a única alternativa capaz de reverter o quadro de saúde é cessar o hábito de fumar. Além do sentimento de angústia, também existe muito sofrimento, devido à manifestação de sintomas limitantes, como por exemplo, o cansaço extremo e a falta de ar’’, diz a médica.

Vacinas contra vírus e bactérias

Segundo Jorge Eduardo Pio, as imunizações contra as infecções respiratórias também fazem parte do tratamento, já que as agravações clínicas dos pacientes se manifestam em casos de gripes e infecções por bactérias.

A imunização contra a gripe é oferecida todos os anos em campanhas nacionais, permanecendo disponível durante todo o ano em clínicas da família, centros municipais de saúde e pontos de vacinação (PV) distribuídos pela cidade do Rio.

Já a vacinação contra a bactéria pneumococo, causadora de doenças como pneumonia e meningite, é realizada nos centros especializados em imunobiológicos (CRIEs) mediante encaminhamento com o diagnóstico de DPOC ou outra doença crônica, conforme as recomendações do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Para encontrar a sua unidade de saúde de referência e confirmar o horário de funcionamento, basta consultar o site da Secretaria Municipal de Saúde, na aba “Onde ser atendido”.

‘Deixar de fumar pode ser sofrido, mas não é impossível’

Metade dos pacientes do ambulatório de tabagismo do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) de São Paulo esteve internada por complicações do cigarro antes de iniciar tratamento para deixar de fumar. Entre as principais doenças que os levam à internação estão infarto agudo do miocárdio, enfisema (ou DPOC) e câncer de pulmão, faringe, laringe e boca.

A pneumologista do HSPE Maria Vera Cruz de Oliveira Castellano explica que a procura por atendimento especializado após a internação é comum, porém, mais desafiadora. Durante a internação, os pacientes fumantes são atendidos por pneumologistas e recebem adesivo de nicotina – medicamento que diminui a vontade de fumar.

O acompanhamento no Ambulatório de Cessação do Tabagismo é realizado até os pacientes completarem um ano sem fumar. Para isso, o setor conta com 19 pneumologistas e um dia exclusivo para realizar atendimentos relacionados a tabagismo.

Para deixar o cigarro, é necessário entender como lidar com a fissura causada pela nicotina, identificar o que dispara o desejo de fumar e assim criar alternativas que possam substituir o hábito de fumar. O momento seguinte a alta médica é delicado, pois deixam de usar o remédio, facilitando a recaída.

“A descontinuidade do tratamento é comum principalmente após a primeira consulta. Os motivos são variados, seja pela medicação que muitas vezes precisa ser comprada ou pela dificuldade de superar o hábito. O processo de deixar o cigarro pode ser sofrido, mas não é impossível”, acrescenta a Dra. Maria Vera.

Segundo ela, após a internação por tabagismo, o corpo está mais frágil e sensível aos efeitos nocivos do tabaco, propiciando o surgimento de novas doenças. Por isso, é fundamental realizar o acompanhamento, pois a equipe de Pneumologia oferece suporte, estratégia e medicação que podem facilitar o processo de parar de fumar.

Como parar de fumar e prevenir a DPOC?

Segundo Clarissa Bercam, pneumologista do Hospital Metropolitano Vale do Aço, “o corpo sente todos os efeitos do fumo, principalmente o pulmão, alvo de diversas lesões causadas pelo tabagismo”, alerta a profissional.  Na semana do Dia Mundial da DPOC, Clarissa traz algumas medidas para combater o tabagismo e, assim, evitar a doença.

1. Busque apoio profissional: consulte um profissional de saúde para orientação e suporte. Existem programas e medicamentos que podem ajudar no processo.

2. Identifique gatilhos: identificar situações ou emoções que desencadeiam o desejo de fumar pode ser útil para evitar o habito. Desenvolva estratégias alternativas para lidar com essas situações.

3. Estabeleça metas pequenas: defina metas realistas para reduzir gradualmente o consumo de tabaco. Isso pode tornar o processo mais alcançável.

4. Adote um estilo de vida saudável: pratique exercícios regularmente, mantenha uma dieta balanceada e evite o consumo de álcool em excesso para melhorar a saúde geral.

“Ao tomar medidas concretas para combater o tabagismo, os indivíduos podem contribuir não apenas para a redução do risco de DPOC, mas também para uma melhoria significativa na saúde pulmonar e geral”, indica a pneumologista.

Com Assessorias

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