Na semana passada, um assunto ganhou força na imprensa: o rompimento da atriz Larissa Manoela com os pais, após finalmente assumir o controle financeiro da carreira. A estrela, que ganhou notoriedade ainda na infância, decidiu abrir mão de tudo que ganhou durante 18 anos deixando um patrimônio estimado em R$ 18 milhões para seus pais.

No último domingo, dia 13, uma entrevista exclusiva para o Fantástico, Larissa revelou como era a relação entre eles. Em um áudio, a atriz chega a pedir dinheiro para comprar comida na praia: “Aí, pai. Você consegue fazer uma transferência para minha conta pra eu pagar um milho, um sorvete, um mate aqui na praia, por favor”.

A dependência financeira da atriz, aos 22 anos, chama a atenção: “Qualquer tipo de pagamento eu tinha que pedir autorização”, conta Larissa.

Para muitas pessoas no Brasil, falar sobre dinheiro ainda causa um receio, muitos têm vergonha ou simplesmente não querem saber ou ter o trabalho de falar sobre o assunto. O que acaba fazendo com que a relação entre os familiares não seja clara, podendo trazer problemas futuros. O primeiro passo para isso é criar um espaço de diálogo dentro de casa.

“As pessoas precisam entender que é extremamente importante falarmos sobre dinheiro dentro de casa. Aliás, é o lugar crucial para falarmos disso e ensinarmos nossos filhos. Compartilhar a situação financeira com seus familiares, principalmente aqueles que moram e dividem contas com você, faz com que juntos possam desenvolver um plano, controlar gastos e até conseguir poupar para outras metas e conquistas pessoais”, explica Thaíne Clemente, executiva de Estratégias e Operações da Simplic, fintech de crédito pessoal online.

Educação financeira nas escolas poderia ajudar famílias

A inclusão da educação financeira na grade escolar seria uma solução para formar cidadãos capazes de gerir as finanças na vida adulta? A educadora financeira Aline Soaper acredita que a relação da atriz com os pais seria diferente se Larissa tivesse conhecimento sobre educação financeira.

“Além de alfabetização financeira, crianças e adolescentes que exercem atividades remuneradas, desde que devidamente autorizadas pela lei, devem receber instruções sobre contratos, saber o quanto estão recebendo pelo trabalho realizado e proporcionalmente a sua maturidade, poder decidir o que fazer com esse dinheiro. É importante ressaltar que além dos pais, a escola pode exercer um papel fundamental para desenvolver a autonomia dos adolescentes, trazendo alfabetização financeira para sala de aula, de forma eficaz.

Se Larissa Manoela tivesse passado por aulas de educação financeira durante a infância, teria questionado seus pais sobre essa gestão da carreira e do dinheiro e esse problema teria um impacto menor ao ser tema de conversas sinceras e decisões em conjunto ao invés de escolhas feitas apenas pelos pais sobre o resultado do trabalho de uma atriz que começou criança, mas que hoje é uma adulta capaz de gerenciar seu próprio dinheiro e que deve ter total autonomia sobre suas escolhas”, ressalta Aline.

A educadora financeira acredita que bons resultados podem ser conquistados por aqueles que aprendem a usar bem o dinheiro desde cedo. “No curto prazo, as crianças se tornam mais conscientes no uso do dinheiro, compreendem melhor a importância de cuidar dos recursos que possuem, como brinquedos e roupas, aprendem a economizar energia e reduzem os pedidos para comprar tudo o que desejam. A médio prazo essa criança aprende a poupar e se interessa em aprender a gerar dinheiro e no longo prazo será um adulto muito mais saudável financeiramente”, explica a educadora financeira, Aline Soaper.

Ainda segundo Soaper, a função das instituições de ensino neste processo é preparar os alunos para os desafios que terão na vida ao lidar com o trabalho, o dinheiro e a gestão desse recurso.

“A educação financeira deve ser ensinada desde os primeiros anos de escola, porque todas as pessoas vão usar o dinheiro na fase adulta, e o papel da escola é preparar o aluno para a vida profissional o que envolve diretamente o dinheiro. Na Educação Infantil, a partir de 4 anos já podemos iniciar o tema de forma totalmente lúdica, com uma metodologia voltada para essa faixa etária. Não é mais uma opção, é fundamental ter esse conhecimento”, ressalta Aline.

No último dia 26 de julho, o governo de São Paulo anunciou a reformulação do ensino médio no estado para o ano letivo de 2024. A Secretaria de Educação (Seduc-SP) decidiu reduzir o total de itinerários formativos e inseriu novas disciplinas na grade escolar, como Educação Financeira. Aline Soaper deixa um conselho para os jovens que querem aprender a usar o dinheiro de forma consciente e a investir melhor.

“O dinheiro é um recurso, usar bem um recurso é aplicar nas coisas mais importantes com o objetivo de ter mais segurança, conforto e viver melhor. Comecem a estudar sobre educação financeira de uma forma integrativa, não apenas sobre números ou investimentos, mas principalmente sobre como você se comporta ao lidar com o dinheiro”, recomenda Aline.

Dinheiro não é vilão: 4 dicas para o tema não ser um assunto proibido dentro de casa

Conversar sobre o assunto faz com que a família tenha um planejamento financeiro mais em dia e as crianças aprendam desde cedo como lidar com as finanças

Thaíne Clemente, executiva de Estratégias e Operações da Simplic, elenca 4 dicas para fazer o assunto deixar de ser um tabu e passar a ser algo primordial na rotina familiar.

1. Falar sobre salários

Quando existe uma relação sólida dentro de casa, principalmente entre um casal, é importante que falem sobre os salários, podendo, assim, dividir de forma justa os gastos. “Esse formato diminuirá os riscos de uma das partes se endividar, além de criar uma relação de maior confiança entre ambos”, completa Thaíne.

2. Compartilhem faturas

É claro que é importante que cada pessoa tenha sua individualidade e compras pessoais que não quer compartilhar, mas, em um planejamento financeiro familiar, é recomendado que falem sobre os boletos, faturas e pagamentos de cada mês, podendo inclusive ajudar um ao outro quando um dos lados estiver mais apertado.

3.   Deixe a situação clara para os filhos 

“Temos que entender que falar sobre dinheiro com os filhos não é dizer a eles o quanto ganha e quais são as contas da casa. É sobre ensiná-los a ter um planejamento com o dinheiro que eles ganham, seja da avó, dos pais, de uma mesada, de um tio, ou seja, transmitir ética e valores sobre prioridades, necessidades e conquistas”, comenta a especialista.

Uma outra forma também interessante de ensinar é por meio de desenhos ou filmes que falem sobre o assunto de forma leve e descontraída. Por fim, é importante saber negar alguns pedidos que extrapolam suas finanças, explicando o motivo disso.

4.  Tenha metas e poupe dinheiro

Para Thaíne, todos podem e devem ter sonhos, metas e objetivos de conquistas que dependem de questões financeiras, como viagens ou bens materiais. “Ou seja, isso também deve ser falado entre as pessoas da casa, para que todas possam compartilhar juntas de um sonho, sejam eles iguais ou diferentes, incentivando um ao outro a poupar um determinado valor por mês e ajudando nas contas necessárias, sem perder de vista as prioridades”, conclui ela.

Com Assessorias

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