Câncer de testículo: 25 mil brasileiros precisaram retirar órgão em 5 anos

Abril Lilás chama atenção para o câncer de testículo, que afeta homens jovens e tem alto índice de cura. RJ pode ter ação de conscientização

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Os números são alarmantes. De acordo com o Atlas de Mortalidade do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de testículo foi responsável por mais de 3,7 mil mortes no Brasil entre 2012 e 2021, das quais 60% entre homens de 20 a 39 anos. Segundo o Ministério da Saúde, nos últimos cinco anos, foram feitas mais de 25 mil orquiectomias (cirurgia para retirada de um ou ambos os testículos).

Para chamar a atenção para o problema, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) promove, ao longo deste mês, a campanha Abril Lilás, para alertar sobre um tipo de tumor que afeta majoritariamente homens jovens em idade reprodutiva, na faixa de 15 a 35 anos. O Estado do Rio de Janeiro também poderá ganhar uma campanha especial de conscientização sobre o câncer de testículo (veja mais detalhes no fim do texto).

“É impactante, porque imagina um jovem perder a vida por uma doença que tem 90% a 95% de cura. quando diagnosticada a tempo. Todos os esforços devem ser feitos para que não aconteça isso. Na comparação com outros tumores, vê-se que a incidência, embora estatisticamente corresponda a 1% a 5% dos tumores, ainda assim é alarmante para o problema no todo”, afirma Karin Anzolch, diretora de Comunicação da SBU e coordenadora da campanha Abril Lilás.

Diferentemente de outros tumores, principalmente os urológicos, que acometem o homem com mais idade e são mais ligados ao envelhecimento, o câncer de testículo é um tumor característico do homem jovem. “Já começa na adolescência o pico de incidência e vai toda a vida jovem, reprodutiva, laboral. Então, ele tem esse impacto grande também por essa razão”, explicou Karin.

Karin Anzolch alertou que alguns sintomas do câncer de testículo podem ser confundidos com outras doenças, como inflamação no próprio testículo ou no epidídimo (estrutura com pequenos canais atrás do testículo onde ficam armazenados os espermatozoides até o seu amadurecimento), hidrocele (acúmulo de líquido na bolsa escrotal) e varicocele (dilatação anormal das veias testiculares). Por isso, a médica considera importante a avaliação de um urologista ao notar algo diferente.

Autoexame dos testículos e correta higiene do pênis

O câncer de testículo é de relativo fácil diagnóstico, disse a médica  Karin Anzolch. “Bastaria, primeiramente, que os homens conhecessem mais o seu corpo e realizassem o autoexame. Porque, ao contrário do ovário da mulher, glândula que fica oculta, o testículo é um órgão externo e totalmente palpável, com consistência semelhante à do globo ocular”. Por ser um órgão externo, o testículo é acessível à apalpação.

De acordo com Karina, tal recomendação deve ser passada para os meninos, assim como a da higiene do pênis, para evitar o câncer desse  órgão. “Esse ensinamento é importante porque, muitas vezes, é o próprio paciente que faz o diagnóstico.” Pode ocorrer também de o diagnóstico ser feito de forma tardia porque não se presta muita atenção aos detalhes que podem indicar um tumor, advertiu a médica.

A médica ressalta que o câncer de testículo é uma doença extremamente curável, atingindo índices de cura de 90% a 95%, se achado na fase localizada dentro do testículo, sem que desenvolva metástase. O autoexame deve ser feito em pé, preferencialmente durante o banho, com água morna que faz a bolsa escrotal relaxar, ou em frente ao espelho, como a mulher faz em relação às mamas.

O adolescente, ou homem jovem, deve apalpar os testículos, comparando um lado e outro e verificando se há diferenças, sobretudo algum nódulo endurecido, se existe alteração de tamanho entre eles, dor no abdômen, na virilha ou no escroto. A partir da adolescência, já se pode ensinar o jovem, junto com questões de higiene, a verificar a sensibilidade porque, conhecendo esse órgão, fica mais fácil perceber se há alguma mudança, que pode ser de volume, de altura, ou dor que a pessoa não tinha.

Também deve ser observado se existe alteração da consistência, porque o testículo pode ficar mais endurecido, ou mesmo apresentar nódulo ou caroço na superfície. Estes são sinais de alerta nas fases iniciais do câncer de testículo.

Campanha foca na torção do testículo

Outro diagnóstico que a SBU vai trabalhar em abril é o da torção do testículo. “O testículo pode torcer, o que é mais comum no jovem e adolescente. Geralmente, o problema se manifesta com uma dor intensa e súbita, inclusive durante o sono. E esse testículo, se não for distorcido a tempo, pode ter que ser removido. É outra situação, mas o quadro difere do câncer de testículo, porque não vai de forma lenta. É uma coisa súbita, dolorosa, e uma razão para se procurar o serviço de urgência médica”, explicou.

Para a SBU, também é missão dos urologistas a parte pedagógica, a orientação, a educação da população e dos agentes de saúde “para lembrar da doença porque, muitas vezes, o que não é lembrado não é conhecido”, disse Karin Anzolch. A campanha Abril Lilás pode ser conferida em lives (transmissões de áudio e vídeo na internet) nas redes sociais (@portaldaurologia), que vão esclarecer dúvidas sobre o câncer de testículo e chamar atenção para os sinais de alerta.

Estado do Rio pode ganhar campanha de conscientização

O Estado do Rio de Janeiro pode ganhar uma campanha de prevenção e combate ao câncer de testículo. Um projeto de lei aprovado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) prevê a realização de ações de conscientização e informação sobre a enfermidade, proporcionando maior acesso aos serviços de diagnóstico e contribuindo para a redução da mortalidade pela doença no estado.

De acordo com a proposta, todo paciente diagnosticado com câncer de testículo deve receber acolhimento humanizado, respeitoso e ser cuidada em ambiente adequado ao seu tratamento. O Executivo, em parceria com a iniciativa privada e entidades civis, deverá realizar ações educativas de conscientização e prevenção sobre este tipo de câncer. Para fins de orientação, as ações da campanha devem ser amplamente divulgadas nos meios de comunicação e redes sociais já existentes na rede de saúde pública.

“A mortalidade e diagnóstico tardio se devem, principalmente, à falta de informação sobre os sintomas deste câncer. Quando em estágio inicial, a doença tem sintomas comuns ao dia a dia dos homens – e muitas vezes ignorados – o que dificulta a descoberta antecipada da doença, fato que reforça a importância da divulgação educativa de caráter informativo e preventivo”, explicou o deputado Anderson Moraes (PL), autor do Projeto de Lei 4.970/21.

A medida foi aprovada m segunda discussão, na terça-feira (2), e segue para o governador Cláudio Castro, que tem até 15 dias úteis para sancioná-la ou vetá-la. Se sancionada na íntegra, o governo regulamentará a norma através de decretos.

Com informações da Agência Brasil e Alerj

 

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